Capítulo 58

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Théo

Nunca fui um homem emotivo. Sempre me considerei uma pessoa fria e só piorei com a minha profissão. Mas, essa história do Gaell me deixou chorão.

Fico o tempo todo pensando em tudo o que meu gêmeo passou e tenho ódio mortal dessa família que o criou. Estou contando os dias que minha mãe  pediu de trégua para eu começar  a dar o trato que eles merecem. Vou com tudo para cima daqueles miseráveis.

Fico aqui observando ele no meio da família que é sua por direito. Com a guarda baixa. Recebendo todo carinho que lhe foi negado por todo esse tempo.

Ver meus pais felizes e emocionados por descobrirem  que o outro gêmeo não  morreu ao nascer é o mais importante agora.

Depois de tudo, subo com minha mulher para meu antigo quarto, onde fizemos amor e nos desestressamos.

Pela manhã, encontrei todos à mesa do café, inclusive Gaell. Meus pais numa felicidade gritante. Sr. Jorge não  foi nem trabalhar.

Durante a semana fiquei na correria. Apelava  para Maria ou Isabella para ficar com a Lunna. Só para ela não  ter que ir para Saquarema sem mim. Mas se nada adiantou. Ela foi e acabou. Foi assim que me disse.

Aproveitei que fiquei dois dias longe da minha morena para rever alguns casos que precisam da minha atenção total. Me desliguei de tudo. Pedi que Bejamin estudasse o caso do Gaell ao pé da letra. Vamos investigar tudo para quando meus pais derem entrada no processo, não precisar fazer isso correndo. 

Minha vontade de ver esses marginais na cadeia é grande. O que meus pais sofreram achando que o Gaell estava morto não foi brincadeira. E o que meu irmão sofreu na  mão de um doente, nada apaga.

Estou com uma desconfiança grande que tem homens do Romero atrás de mim. Ontem fui seguido, mas o Renan conseguiu despistar. Preciso procurar um outro local para ficar. Não posso expor minha mulher  e meus filhos dessa forma.

- Estamos no encalço deles Théo. Mas ainda não sabemos se tem ligação com o Romero. A moto que te seguiu é de São Paulo. - diz Renan entrando em minha sala.

- Quantos homens você  deixou com a Luna? - me preocupo .

- Quatro.  Enviei mais seis há uma hora. Devem estar chegando. - diz.

- Mesmo assim, me preocupo. Amanhã vá buscá-la Renan. Não avise. Senão, aquela manhosa me dobra. - falo.

Termino o expediente e vou para casa. Sigo por um caminho diferente de ontem. Estratégia para o caso de alguém me esperar no caminho.

Entro em casa e sinto a falta da minha mulher. Vou no quarto e a situação  piora quando vejo as coisas dela. Estou fodido.  Não  conseguirei viver sem Luna nunca mais nessa vida.

Tomo um banho procuro o que comer. Estou me sentindo como um peixe fora d'água dentro da minha própria casa. Parece que nunca morei sozinho. Essa mulher entrou na minha corrente sanguínea. 

Desisto da comida e saio em busca do Renan. Vou para casa dos meus pais. Não dá para ficar aqui sem a Luna. É um sentimento de solidão  terrível. 

- Oi mãe.  Está sozinha? - pergunto ao encontrá-la  na sala íntima.

- Oi meu amor. Estou assistindo uma série. Já ri  horrores. Seu  pai está assistindo propaganda política. - diz sorrindo.

- As gêmeas estão aí?

- Passaram aqui e retornaram para casa levando a Maria. Leó está viajando. - diz.

A beijo e vou para a cozinha. Ela me segue e esquenta uma macarronada. Como e subo para meu quarto. Antes, passo e falo rapidamente com meu pai. 

Segundas Intenções. (Série Família Portinari)Onde histórias criam vida. Descubra agora