Capítulo 57

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Luna

Quando eles saíram, fiz uma prece silenciosa para que nada de ruim acontecesse a minha irmã e a eles.

Tento pensar em outras coisas. Vou para a cozinha beber uma água. Aproveito a paz da casa e ligo para meus pais. Converso alguns minutos a mais com minha mãe. Ela quer saber de tudo com riqueza de detalhes.

Louise retorna do banho e me encontra na sala. Olho para ela que não tira os olhos do celular.

- Esperando o Jamesgato ligar? - pergunto.

- Ela não vai ligar. Discutimos feio. Ele está super estressado. - diz triste.

- Você só tem que enfrentar as coisas Louise. Se vocês se amam, que se dane o mundo. - falo.

- Eu sei. Mas tenho tanto medo de passar por tanta coisa e não dar certo. Me ajuda Luna. Meu pai nunca vai aceitar. Meus irmãos então. - diz com a voz embargada.

- Por favor Louise. Você é uma agente federal. Não se intimida com ninguém. Esconde da sua família sua profissão. Vive uma vida dupla e tem medo de um relacionamento? - falo.

- Minha história com ele é antiga e cheia de problemas Luna. Ele não tinha o dinheiro que tem hoje. Eu não ligava a mínima para isso. Mas foi motivo de muitas brigas entre nós. Por isso nos separamos. - diz triste.

- Olhe para mim. Não tenho nada. Moro em uma casa humilde em Saquarema e seu irmão não dá a mínima para isso. - falo.

- Também não dou a mínima. Mas ele achava que por ser homem, as pessoas iriam comentar. Dizerem que estava comigo por interesse. Nosso relacionamento se tornou um inferno. - fala com os olhos cheios d'água.

- Mostra para ele que nada disso importa hoje. Lute pelo que você quer. Se o ama deixe isso claro. Baixe a guarda antes que seja tarde demais. Ele não vai ficar sozinho a vida toda te esperando. - falo firme.

Dona Lúcia entra na sala impedindo que Louise responda qualquer coisa.

- Boa noite meninas. Dormi demais. A Maria me deu um sossega leão daqueles .

- Está melhor mãe?

- Sim minha filha. Mas, estou muito triste porque sempre revivo tudo e a dor não tem fim. - fala chorosa.

- Vai ficar tudo bem dona Lúcia. Os bons momentos vão voltar a essa casa. - Falo com convicção.

Ficamos conversando. Tentando animar dona Lúcia. Sr. Jorge desceu e fomos para a cozinha jantar. Ele começa a contar histórias de quando era jovem e conheceu a dona Lúcia. Rimos muito do quanto ela fez ele de bobo.

Ouvimos quando o Théo chama pelos pais da sala. Estranho ele não vir até aqui.

Senhor Jorge levanta para atende-lo e em seguida dona Lúcia. Ouvimos o grito dela e corremos para ver. Demos de cara com a réplica do Théo. Meu Deus. Ele são idênticos.

- Meu Deus. Ele realmente existe. E é meu irmão. - diz Louise emocionada.

Acompanho tudo chorando como uma manteiga derretida. Esse reencontro mexeu comigo de uma forma que não sei explicar. Ele é irmão gêmeo do Théo. Todos achavam que ele havia morrido no parto. Quanta emoção.

Dona Lúcia passou mal de tanta emoção. A cena que presenciou agora é a mais linda que já vi. Léo e Théo choram olhando os pais abraçados com o Gaell. Assim que o Théo entra para o abraço, Louise e Théo o seguem. Todos choram juntos. E eu a parte, me desmanchando em prantos.

- O que foi gente? Porque todo mundo está chorando? - Pergunta Lara descendo as escadas.

- Meu Deus! É ele. - do Laura logo atrás.

Segundas Intenções. (Série Família Portinari)Onde histórias criam vida. Descubra agora