Giovanna POV.
Cheguei em casa quase quarenta minutos depois, joguei minha bolsa no sofá e fui tomar um banho. As palavras da Manoela ecoavam pela minha cabeça e eu tentava mais do que tudo pensar em alguma outra coisa, tentei pensar em o que comprar amanhã quando eu fosse fazer compra e adivinha, eu nem vou fazer compra amanhã. Tentei pensar e me concentrar no que seria gravado amanhã. Tentei pensar em tudo que era possível, mas malditas palavras continuavam ecoando, me lembrando de 5 anos atrás, de como nós duas nos entregamos, de como nos amamos intensamente até o fim, fim que veio por mim.
Sai do banheiro alguns minutos depois, com o cabelo molhado e pouca vontade de ir dormir, olhei as horas e já passavam da meia noite. Eu teria ensaio amanhã cedo e ainda não estava dormindo, bufei e me joguei na cama não me importando em estar sem roupa ou com o cabelo molhado. Adormeci em seguida, acordei com o alarme tocando. Abri meus olhos e em seguida os revirei, tinha uma longa manhã pela frente. Me levantei e tomei um banho correndo, vesti uma roupa fresquinha e em seguida saí. Cheguei no local das gravações 15 minutos para as 9h da manhã e pra ajudar ou pra foder com a minha cabeça eu topei com Manoela. Não esperei nenhuma interação e entrei no local.
Depois de gravarmos a manhã toda, eu fui pra casa, preparei alguma coisa rápida pra comer e depois dormi um pouco já que não consegui dormir muito bem a noite. Acordei com meu celular tocando. Não olhei pra tela e atendi de qualquer jeito.
Ligação on.
– Alô? – Perguntei bocejando.
– Oi filha. – Minha mãe disse.
– Ah, oi mãe. – Ri – Não vi que era a senhora.
– Dormindo essas horas?
– Cheguei cansada das gravações, mãe. – Menti.
– Desde quando você mente pra mim, Giovanna?
– Não estou mentindo.
– Está sim. – Disse – Eu sou sua mãe, conheço quando você não está bem.
– Mas eu tô bem mãe... – Falei revirando os olhos.
– Giovanna. – Falou firme.
– Eu só fui dormir um pouco tarde ontem e tive que acordar cedo pra gravar.
– Filha, escuta uma coisa... A gente já está longe uma da outra, eu não quero você me escondendo as coisas.
– Não estou escondendo nada.
– Eu sei que a Manoela voltou, é por isso que você está assim? – Perguntou e eu engoli o seco. Merda.
– Como você sabe? – Perguntei num sussurro, desistindo de tentar mentir.
– Eu te carreguei quase 9 meses na barriga, Giovanna. – Riu – Eu te conheço do avesso. Desde que ela voltou você está estranha, não está dormindo bem, está perdida nos assuntos quando me liga ou quando eu te ligo.
– Eu tô tão confusa, mãe... Às vezes eu tenho vontade de largar tudo aqui em casa e correr até ela, mas tem outras que eu só quero continuar longe.
– Você não acha que já perderam tempo demais?
– Cinco anos.
– Dá uma chance pra vocês, filha.
– O que tá acontecendo com você hoje?
– Comigo nada mas eu vou falar uma frase bem clichê que não deixa de ser verdade, ok? – Riu – Eu só quero a sua felicidade.
– Mas eu sou feliz.
– Eu sei que você é feliz, mas você sabe que falta algo e esse algo é Manoela.
– Mas mãe... – Me interrompeu.
– Vocês duas estão com o coração partido durante cinco anos e agora tem a oportunidade de concertar isso e todos os erros do passado, mas estão perdendo tempo com medo. – Falou firme – Eu só liguei pra ver como você estava e dizer que estou com saudade, boa tarde filha, come alguma coisa e pensa direitinho, não te priva de viver momentos maravilhosos do lado de quem você gosta por medo. – Desligou sem esperar uma resposta.
Ligação OFF.
Bloqueei o celular sem entender muito bem o que estava acontecendo e o por que de ter tido essa conversa com minha mãe. Relevei e me levantei, peguei o roteiro pra dar uma estudada. Parei perto das 19:30. Joguei o roteiro pro lado e decidi correr riscos. Me levantei e peguei meu celular, procurei o nome da Manoela e mandei uma mensagem. Não demorou muito e ela me respondeu.
Mensagem On.
[19:41] Grigio: Psiu?
[19:44] Aliperti: Oi...
[19:45] Grigio: Estou te atrapalhando?
[19:45] Aliperti: Você não me atrapalha.
[19:47] Grigio: Vem aqui pra casa, agora.
[19:48] Aliperti: Agora?
[19:49] Grigio: Sim.
[19:50] Aliperti: Você quer estudar o roteiro ou...?
[19:51] Grigio: Manoela, só vem aqui em casa.
[19:51] Aliperti: Tá, daqui a pouco eu chego aí.
Mensagem OFF.
Bloqueei o celular e deixei que um sorriso bobo escapasse dos meus lábios. Eu não sei onde isso vai dar mas eu também não tô nem aí. Obrigada mãe. Me levantei correndo, tirei a bagunça que estava em minha sala, morar sozinha realmente não é pra mim. Corri no quarto, entrei no banheiro e tomei o banho mais rápido que eu tomei em toda a minha vida. Vesti um vestido folgado preto, amarrei meu cabelo em um coque e calcei meu chinelo mesmo, afinal, estou em casa. Liguei pra portaria e liberei a entrada de Manoela. Me joguei no sofá e fiquei aguardando ansiosamente. Poucos minutos depois campanhia tocou e meu coração gelou. Todas as dúvidas que eu tinha voltaram com tudo e minhas mãos começaram a tremer. Respirei fundo e me levantei, andei calmamente até a porta, tirei a chave e abri.
Ela sorriu timidamente e eu dei passagem pra ela entrar. Senti o cheiro dela e eu não respondi mais por mim. Cinco anos. Cinco fodidos anos. Me virei pra ela assim que fechei a porta, ela estava atrás de mim a dois passos, acabei com toda a distância e segurei em sua gola da camiseta, a puxei pra um beijo cheio de saudade. Muito bem correspondido por sinal. Suas mãos encontraram minha cintura e eu abracei seu pescoço, intensificando ainda mais o beijo... Eu não sei onde estava com a cabeça quando dizia que já não sentia mais nada por Manoela. Cinco anos se passaram mas parece que sim, o amor continua vivo em ambas as partes...
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OLÁ, bom capítulo. Semana que vem tô por aqui. Beijos, beijos.
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A vida imita a arte
FanfictionUma atriz beija uma pessoa por meses em uma novela e não se apaixona, ou será que se apaixona?