Retórica

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Giovanna POV.

Manoela estava a vontade conversando com a minha mãe, nem parecia aquele poço todo de timidez. Minha vida estava tomando um rumo gostoso e eu rezava pra não seguir outro rumo que não fosse esse, com a Manoela do meu lado. Me aproximei do seu ouvido e falei baixo.

– Perdeu a timidez? – Ela sorriu e se virou pra falar no meu ouvido e também no mesmo tom.

– Não, só estou disfarçando bem.

– Por um momento achei que você já tinha se acostumado com ela. – Ri baixinho.

Manoela só deu uma risadinha e voltou a conversar com a minha mãe. Continuei observando as duas, sem falar nada. Uma das mãos de Manoela estava segurando a minha.

– Como foi voltar pro Brasil? – Minha mãe perguntou sorrindo e olhando diretamente pra Manoela.

– Foi bom. – Sorriu – Eu sentia muita falta daqui, falta das pessoas que eu tinha no meu convívio.

– Você ficava muito sozinha lá?

– Não tínhamos muito tempo livre, a gente pegou muito pesado com as gravações. Depois eu fiz um curso de dois anos, que também tomou bastante do meu tempo. Não fiz questão de fazer amizades lá, eu fui a trabalho e depois foquei no curso, e eu não queria ter ninguém pra me despedir quando chegasse a hora de voltar.

– Você cogitou a ideia de não voltar? – Perguntei. Manoela virou o rosto e me encarou, pensativa.

– Eu estaria mentindo se dissesse não. – Deu um sorriso sem graça – Logo depois que a Ana me disse que você estava namorando, eu pensei sim em não voltar, mas mudei de ideia pouco tempo depois.

– Porque? – Perguntei.

– A saudade de todo mundo era grande. Principalmente a sua. – Deu um sorriso sem graça – Você fez falta a cada segundo.

– Se agora você pudesse voltar a cinco anos atrás, você faria alguma coisa diferente? – Minha mãe perguntou.

– Sim, eu não iria. – Falou firme – Eu aprendi muita coisa no tempo que fiquei lá, os filmes foram um sucesso mas eu não fui 100% feliz. Se fosse agora ou se eu pudesse voltar atrás, eu escolheria não ir.

Minha mãe sorriu como se essa resposta valesse a pergunta de um milhão, se despediu da gente, se levantou da mesa e deixou sua xícara na pia, logo em seguida foi pro quarto.

– Obrigada pelo café da manhã e por mais cedo. – Sorri.

– Disponha, sempre que quiser. – Piscou.

– Sempre que eu quiser?

Aproximei meu rosto do seu. Ela passou a ponta dos dedos em meu rosto antes de tomar meus lábios pra ela. O beijo era calmo, sem urgência, estávamos curtindo o momento. Depois de quebrar o beijo, ela olhou em meus olhos.

– Eu já disse que adoro os seus olhos? – Sorri negando com a cabeça – Eles são lindos.

– Obrigada. – Agradeci, um pouco tímida – Vamos terminar a nossa manhã da melhor forma possível?

– Vamos, que jeito é?

– Eu deitadinha nos seus braços. – Sorri e dei um selinho em seus lábios.

Manoela deu um sorriso largo e me puxou pro quarto. Me deitei em seus braços, com a cabeça repousada em seu colo. Estar com ela era estar em paz, só aproveitando o silêncio e as batidas aceleradas dos nossos corações.

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Olá. São dias difíceis, né? Mas continuaremos firmes, e ainda continua sendo: Ele não.
Desculpa a demora, o bloqueio criativo tá complicado. Não sei quando eu volto, mas, eu volto.

Bom capítulo.

A vida imita a arteOnde histórias criam vida. Descubra agora