Hi, mama!

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POV Manoela

Não consegui pregar o olho a noite inteira, essa coisa da minha mãe vir para cá estava me deixando preocupada. Digamos que eu não tenho um relacionamento muito saudável com ela, meu pai é sempre o que me entende melhor, mas minha mãe, ah, ela é um saco. Quando terminei o colégio e falei que queria estudar teatro, ela surtou, ela queria que eu fosse advogada assim como ela. Eu tive que aguentar muita coisa, até que passei no teste de malhação e vim morar sozinha no Rio. Ela nunca nem viu um capítulo de malhação, pois dizia que isso era bobagem e que eu nunca chegaria a lugar nenhum sendo atriz. Minha mãe sabia que eu beijava meninas, no meu segundo ano ela me pegou beijando uma colega de sala. Mas diferente do que eu pensava ela apenas ignorou e fingiu que nunca tinha acontecido. Isso era patético e eu odiava isso nela, simplesmente fingir que nada aconteceu não iria mudar o que eu sou, mas para ela, no mundinho dela, isso mudava. Por outro lado, ela era minha mãe, e eu estava com saudades dela. Como poderia dizer não? Deixar ela em um hotel enquanto eu tenho meu apartamento? Não poderia fazer isso!

(...)

Era 8h e eu estava saindo para o estúdio. Deixei avisado ao porteiro que minha mãe chegaria e fui ao estúdio.

(...)

- Bom dia! - Disse Hall todo animado entrando na sala em que eu estava.

- Bom dia. - Disse com um sorriso forçado.

- Alguém está de mal com a vida. Não viu a Giovanna ainda? - Disse ele.

- O que tem eu? - Disse Giovanna entrando na sala.

Meu sorriso abriu, aquela menina me fazia esquecer de todos os meus problemas e piores pesadelos.

- Manoela está com cara de cu, resolva essa humor dela. - Disse saindo da sala.

- Hey, bom dia. O que houve? Não dormiu bem? - Disse sentando ao meu lado e se aconchegando em meu pescoço.

- Não dormir nada essa noite. - Digo beijando sua cabeça.

- O que aconteceu, Manoela? - Disse olhando em meus olhos.

- Minha mãe está vindo ao Rio hoje, e vai ficar lá em casa! - Digo suspirando e encostando minha nuca no sofá.

- Isso não é bom? - Perguntou confusa.

- Se tratando da minha mãe? Não mesmo. - Disse fechando meus olhos.

- É sua mãe, o que tem de tão errado nisso? - Pergunta.

- Minha mãe é o que tem de tão errado nisso, baby. Ela não apoia minha carreira e vive enchendo o saco para que eu largue tudo e vire advogada assim como ela. - Digo ainda de olho fechado.

- Manoela, você é uma adulta. E se quiser eu posso ir conversar com a minha futura sogrinha por você - Disse subindo em meu colo e me dando um selinho.

- Não mesmo! - Digo assustada e segurando em sua cintura.

- Pq, Manoela? - Ela pergunta desapontada.

- Minha mãe não aceita minha sexualidade, ela nem ao menos entende que existem bissexuais no mundo, me acha confusa por isso, e simplesmente finge que eu não beijo meninas. Eu não suportaria ver ela falar qualquer coisa para você, sério mesmo. - Digo a abraçando.

- Então você beija meninas? - Pergunta risonha tentando acalmar o clima.

- Atualmente eu beijo uma menina, minha garota! - Digo sorrindo e me aproximando.

- Sua garota? Hm, gostei disso. - Diz e me beija. - Não se preocupe com sua mãe, você é uma adulta agora, tenta conversar com ela, tenta fazer ela entender. E se precisar que eu dê um beijão em você na frente dela, estou a disposição. - Diz voltando a me beijar.

- Giovanna, acho que o sofá é bem grande e você não precisa sentar no colo da Manoela. - Diz tia Jane.

- Mãeeeee! - Diz Giovanna repreendendo e saindo de cima de mim, eu apenas fiquei vermelha, tipo, muito vermelha.

- Bom dia, tia Jane! - Digo envergonhada.

- Bom dia, Manu. Não vou perguntar se está bem, pq depois dessa cena, tenho absoluta certeza que está. - Diz.

- Eu acho que a Manu deveria dizer "bom dia, sogrinha", não é mesmo tia Jane? - Diz Ana entrando.

- Concordo! Tia Jane pega no pé dessas duas para usarem camisinha, em. - Diz Isa abraçando tia Jane logo depois de Ana.

- Aliás, a senhora deveria vir com a gente no próximo acampamento, vai adorar o som da natureza de noite. - Diz Talita também a abraçando.

- Os animais são bem selvagens lá. - Completa Carol a abraçando também.

- Gente, eu mereço! - Diz Giovanna sentando ao meu lado e escondendo o rosto em meu pescoço.

(...)

As gravações foram bem tranquilas, gravamos mais algumas cenas Limantha e a nossa química era inevitável. Hoje iria ao ar a cena do primeiro beijo demorado de limantha. Eu e Giovanna estávamos muito feliz com a positividade que estávamos ganhando.

(...)

17h sai do estúdio rumo a minha casa. Passei no banco e em alguns lugares antes. Cheguei em casa alguns minutos depois das 18h. Assim que estacionei o carro na garagem meu celular tocou.

Ligação on...

- Oi, amor.

- Oi, baby!

- Esta melhor?

- Você me deixa melhor!

- Pare de ser tão fofa assim, minha mãe está mandando um beijo.

- Minha fofura não é algo que eu possa controlar. Agradeça e mande outro para ela.

- Já viu sua mãe?

- Ainda não, estou na garagem, acabei de chegar.

- Lembre-se o que eu falei, não precisa de medo, ok?

- Okay, baby! Já está em casa?

- Sentadinha no sofá vendo malhação e esperando o beijo mais épico do mundo.

- Owh, as atrizes ajudam muito nesse beijo épico, não é mesmo?

- Ah, se ajudam. Ouvi boatos que a Lica beija muito bem.

- Boatos? Não acredite em boatos, tem que tirar a sua própria conclusão.

- Eu? Não posso! Prefiro a minha Manoela.

- Você me deixa toda bobinha, sabia?

- Como se não fosse recíproco, né, dona Manoela?

- Talvez!

- Amor, começou malhação. Vá ver sua mãe e depois me conte sobre tudo. Beijo!

- Okay, beijo!

Ligação off...

Desci do carro e fui em direção ao elevador. O mesmo parou no meu andar e eu sai. Fui até meu apartamento e destranquei vendo minha mãe parada em frente à televisão com uma cara nada boa. Olhei para a televisão e vi a cena do beijo limantha.

- Então é isso que você faz nessa tal novela, Manoela Aliperti? - Disse com um tom bravo.

A vida imita a arteOnde histórias criam vida. Descubra agora