Sete

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15 de janeiro de 2017

Raquel

- O Santiago lanchou bem, Raquel. Tu já comeste alguma coisa, filha? – a minha mãe pergunta, no seu tom de mãe preocupada.

- Sim, mãe, já comi. Depois se eu tiver fome ou se ele quiser comer algo, eu compro lá no estádio, porque não posso levar nada lá para dentro. – respondo, tentando descansar a minha mãe – Santiago, anda cá para vestires o casaco e para irmos embora. – eu chamo o meu filho que, como de costume, está colado à televisão a ver os desenhos animados.

- Estou pronto, mamã! – ele exclama, aparecendo já calçado e de casaco vestido – Vamos ver o André jogar, mamã! Vamos! – ele demonstra o seu entusiasmo, o que faz com que eu e a minha mãe caiamos numa grande gargalhada.

- E sabes quem lá vai estar connosco? – eu pergunto, enquanto visto o meu casaco.

- Quem?

- A enfermeira Anabela, querido. Os pais e o irmão do André vão ficar sentados ao pé de nós. – eu explico e eu vejo-o dar pulinhos de entusiasmo – Então, vá, vamos, Santi?

- Sim, mamã. – ele responde, despedindo-se da avó com dois beijos e agarrando de seguida na minha mão para podermos sair de casa.

- Até logo! – eu despeço-me dos meus pais, antes de sair de casa com o meu filho.

Depois de sentar o Santiago na sua cadeirinha e de me certificar que está bem seguro, eu ocupo o lugar do condutor do carro do meu pai. Durante o caminho até ao Estádio do Dragão, eu cantarolo as músicas que vão passando no rádio, sendo ocasionalmente acompanhada pelo Santiago, que balbucia algumas palavras. Como chego com alguma antecedência ao estádio, eu consigo arranjar um lugar para estacionar com alguma facilidade e que fica razoavelmente próximo da porta por onde temos de entrar.

- Santiago, coloca a máscara. – eu aviso o meu filho, antes de sairmos do carro, porque ele tem de se prevenir ao máximo para não ter uma nova recaída.

- Já está, mamã. – ele suspira. Eu sei que ele odeia usá-la, mas não há mesmo outra hipótese – Vamos? – ele pergunta e eu assinto, tirando-o do carro e colocando-o no seu carrinho de bebé, porque é mais fácil transportá-lo assim e ele não se cansa.

Como é costume, nós temos de passar pela segurança, que revista a minha mala e a pequena mochila que tenho com as coisas do Santiago. Logo depois, o segurança indica-nos qual o caminho seguir para os nossos lugares, desejando-nos um bom jogo.

Sigo as instruções do segurança, que foi bastante simpático e prestável, e procuro pelos lugares que estão no nosso bilhete. Como tenho de subir escadas, sou obrigada a desmontar o carrinho do Santi e, a muito custo, subir as escadas com ele ao meu colo, de um lado, e o carrinho na outra mão. Quando finalmente as escadas terminam, eu ponho o Santiago no chão, para ele caminhar até ao lugar onde vamos ficar, visto que não temos de subir mais escadas nem andar muito.

- Estás bem, mamã? Pareces cansada. – ele observa, quando, finalmente, ocupamos os nossos lugares.

- Já passa. – eu sorrio – Pronto para o jogo?

- Sim! – ele exclama – Falta muito?

- Falta um bocadinho. – respondo, mas ele assente, deixando-se absorver pelo ambiente do estádio ainda com muitos lugares por preencher.

Como não queria fazer as coisas à pressa, acabei por vir demasiado cedo, mas assim também evitámos confusões maiores. E, de qualquer das formas, já só falta pouco mais de meia hora para começar. Pouco tempo depois de eu e o Santiago estarmos bem instalados, os jogadores entram em campo para fazerem o seu aquecimento e o meu filho entra em histeria mal começa a ver todos aqueles jogadores que são os seus ídolos. É incrível como uma criança ainda tão pequena pode gostar tanto de futebol, mas é como se fosse algo que lhe corre nas veias e que lhe está destinada.

Acasos Felizes | André Silva ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora