Dezoito

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1 de abril de 2017

Raquel

Depois de ter trabalhado até às quatro da tarde no restaurante do Marco e de ter aproveitado o resto da tarde para estudar, vim jantar com o Santiago a casa da Mariana e do Tiago. Aproveitámos para nos juntar e passarmos algum tempo juntos, enquanto vemos o jogo do clássico que começa daqui a meia hora. Enquanto o Tiago e o meu filho estão a arranjar a sala e a colocar já no canal do jogo, eu e a Mariana estamos a levar os últimos petiscos que preparámos para acompanhar o jogo, já que todos concordámos que íamos estar demasiado nervosos para ter um jantar propriamente dito.

- Já temos tudo o que é preciso. – a Mariana afirma, sentando-se ao meu lado no sofá.

- Mamã, será que o André vai jogar? – o Santi pergunta-me, ocupando o seu lugar no meu colo.

- Não sei, Santi, temos de esperar pelo começo do jogo para saber. – respondo, deixando um beijo no topo da sua cabeça.

- Espero que ele jogue. – ele comenta e eu assinto, sorrindo.

É fascinante para mim ver a forma como o Santiago admira o André. Ele vê-o como um exemplo a seguir, como um modelo a imitar e isso é realmente engraçado de se ver, porque o Santiago é ainda muito pequeno mas já tem todos esses conceitos bem claros na sua cabeça. Além de tudo isto, para ele o André é como um amigo crescido que entra nas brincadeiras dele e que lhe dá oportunidades de que, de outra forma, ele nunca poderia usufruir.

- Já contaste ao Santiago? – a minha prima sussurra ao meu ouvido.

- Não há nada ainda para contar. Quando as coisas forem mais sérias, é claro que eu vou falar com ele, mas ainda é cedo para isso. – respondo.

- Ele vai delirar com a ideia de tu e o André serem um casal. – ela observa.

- Por acaso, também acho que sim. – concordo, sorrindo involuntariamente.

- Ai, priminha, só quero ver-te muito feliz, que tu bem mereces. – ela diz, abraçando-me um pouco, o que me faz sorrir perante a sua demonstração de carinho.

Entretanto, as nossas conversas paralelas acabam com o começo do jogo. Conforme o André me tinha confidenciado ontem – apesar de eu não o ter dito ao Santiago –, ele não faz parte do onze inicial, o que deixa o meu filho algo indignado.

O começo do jogo faz logo com que todos fiquemos desanimados, pois logo aos sete minutos há um penalty a favor do Benfica que acaba por se tornar num golo de Jonas, fazendo com que a equipa da Luz fique a ganhar por um a zero. Se, deste lado, o golo do Benfica nos fez desanimar um pouco, em campo, os jogadores portistas parecem ter ganho força e garra, pois estão constantemente a tentar atacar, de modo a anular a diferença. Apesar de todos os esforços da equipa visitante, a chegada do intervalo manteve a diferença entre as duas equipas, estando o Benfica a ganhar nesse momento.

- Espero que o resultado mude na segunda parte. – comento.

- Também eu. Não posso ir trabalhar na segunda tendo o Porto perdido com o Benfica, senão já sei que os meus colegas benfiquistas me vão infernizar a vida. – o Tiago acrescenta, fazendo com que eu e a Mariana soltemos algumas gargalhadas.

Aproveitamos o intervalo para petiscar alguma coisa, já que o nervosismo do jogo nos impediu de comer o que quer que fosse, e para acalmar a ansiedade dentro de nós. O Santiago está irrequieto e é óbvio que é por causa do jogo, não fosse ele um adepto tão fervoroso do Futebol Clube do Porto.

Acasos Felizes | André Silva ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora