Vinte e Dois

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16 de abril de 2017

Raquel

- Então, vocês são oficialmente uma cena? – a Mariana questiona-me, enquanto me observa engolir o último pedaço de sandes que me serve de almoço.

- Sim. – eu respondo, sentindo-me embaraçada com os olhares que a minha prima me manda.

- Que bom! – ela exclama, saltando do seu lugar para me vir abraçar – Juro que estou mesmo feliz por vocês. Mereces tanto ser feliz e eu acredito mesmo que o André pode ajudar-te a sê-lo. Já contaste ao Santiago?

- Obrigada. – eu sorrio – Não, ainda não... Eu sei que ele vai gostar da ideia, mas quero arranjar uma forma simples de lhe explicar as coisas.

- Tu subestimas o teu filho, Raquel. Ele é um miúdo muito inteligente e perspicaz. Tenho a certeza que te vai fazer imensas perguntas para saber tudo aquilo que lhe tentares ocultar. – a Mariana afirma – Mas sim, ele vai adorar a ideia do ídolo dele ser namorado da mãe.

- Olha, logo penso nisso. – respondo, encolhendo os ombros – Também preciso de contar aos meus pais. Sinto que preciso de o fazer, sabes? E sei que eles vão apoiar-me sempre em tudo e que vão gostar de saber que eu encontrei alguém que me faz feliz.

- Ai, priminha, estou mesmo orgulhosa de ti! – Mariana exclama, fazendo-me revirar os olhos perante o seu exagero.

- Claro que tu tens sempre de exagerar em tudo... Até parece que eu estava no convento ou assim! – exclamo, revirando os olhos mais uma vez – Por acaso, o Tiago não está à tua espera para irem ao cinema ou lá o que é? – pergunto, após espreitar o relógio.

- Oh meu Deus, sim! Tenho de me despachar! – ela diz, quando se apercebe de que está a ficar atrasada para o compromisso com o seu namorado – Depois falamos.

- Está bem. Porta-te bem e dá um beijinho meu ao Tiago. – despeço-me, enquanto a vejo sair de casa e entrar no seu carro.

Eu aproveito o facto de os meus pais terem levado o Santiago a passear durante a tarde para me concentrar a estudar, já que ultimamente tenho-me desleixado um pouco e o tempo começa a apertar. Por isso, eu fico tão focada naquilo que estou a fazer que nem me apercebo do bater da porta da entrada e da chegada dos meus pais até o Santiago saltar para o meu colo a encher-me a cara de beijos.

- Olá, mamã! – ele exclama, pousando a máscara em cima da mesa – Fomos comer um gelado à Ribeira e eu tirei uma foto com o Diogo Dalot! – ele conta, entusiasmado, o que me faz gargalhar bastante.

- E ele foi simpático? – pergunto.

- Muito. Ele disse que me conhecia porque o André já tinha falado muito de mim. – ele revela, ostentando um sorriso orgulhoso.

- Estou a ver que te divertiste, portanto. – afirmo e ele assente com um sorriso de orelha a orelha.

- E tu, mamã? O que fizeste? – ele pergunta.

- A madrinha veio estar um pouco comigo e depois estive a estudar. – respondo – A tua tarde foi mais divertida. – constato, sorrindo – Vais um pouco para a sala, Santi? A mãe precisa de conversar com os avós.

- Sim, eu vou ver os desenhos animados. – ele responde, saltando do meu colo e correndo para a sala.

- Passa-se alguma coisa, querida? Há algum motivo importante para quereres falar connosco? – a minha mãe pergunta, preocupada, assim que o Santiago nos deixa a sós – Aconteceu alguma coisa de grave?

Acasos Felizes | André Silva ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora