Dezanove

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Duas horas depois de eu ter entrado em casa com o André, horas essas que aproveitei para me concentrar no estudo, o André aparece junto a mim. Durante todo este tempo, ele e o Santiago estiveram fechados no quarto do meu filho a fazer sabe-se lá o quê.

- O Santiago adormeceu enquanto víamos os desenhos animados. – ele revela.

- Até me admiro como é que demorou tanto tempo para isso... Normalmente, ele adormece quase sempre logo a seguir ao almoço. – respondo.

- Bem, primeiro estivemos a conversar um com o outro e depois ele fez questão de me mostrar todos os seus brinquedos e todos os pormenores do seu quarto. – o André diz, sorrindo – Ele é uma criança maravilhosa.

- Modéstia à parte, eu sei que tenho um filho incrível. – afirmo, gargalhando – Mas sobre o que é que vocês estiveram a conversar? – pergunto curiosa, aproveitando para fazer uma pausa no estudo.

- Bem, por acaso foi uma conversa engraçada. – o André diz, soltando uma curta gargalhada enquanto passa a sua mão pela parte de trás da sua cabeça – Tu disseste-lhe alguma coisa sobre nós? – ele pergunta.

- Não, eu estava à espera até ser algo mais... certo, consistente, acho eu. – respondo, tentando procurar a palavra certa.

- Sim, isso era o que eu achava. Contudo, o teu filho é mesmo muito perspicaz e inteligente. – ele observa e eu não evito franzir as sobrancelhas em confusão perante a sua declaração – Ele perguntou-me se eu e tu éramos namorados.

- Tu estás a falar a sério? – pergunto surpreendida.

- Sim. Disse que achava que eu e tu dávamos bons namorados, porque gostávamos de conversar um com o outro. – ele conta, não evitando soltar algumas gargalhadas – E depois disse que, se não éramos namorados, eu devia pedir para tu namorares comigo porque tu precisavas de alguém que tomasse conta de ti e te fizesse rir muito, porque ele gosta quando tu ris muito. Juro, por momentos, já não sabia se estava a falar com o teu filho ou com o teu pai. – ele brinca e eu não evito rir-me.

- Bem, eu não estava à espera dessa. – afirmo, sorrindo – Ele pode ser muito adulto, às vezes.

- Sem dúvida. – o André concorda – Mas quero que saibas que vou tomar em consideração os conselhos dele. Vou tomar conta de ti e tenciono fazer-te rir muito. Também gosto quando te ris. – ele afirma.

- Obrigada. – sorrio, um pouco envergonhada – Queres lanchar? Posso arranjar qualquer coisa.

- Não, obrigado. Acho que é melhor ir andando. – ele diz, levantando-se da cadeira ao meu lado onde se tinha sentado.

Eu também me levanto meu lugar para acompanhar André até à porta. O moreno puxa-me para um abraço e eu abraço-o de volta. Sabe realmente bem abraçá-lo, poder ouvir o seu coração bater junto ao meu ouvido, sentir os seus braços tocarem no meu corpo. Quando nos soltamos, nós ficamos alguns segundos apenas a encararmo-nos, como se estivéssemos a admirar cada pormenor um do outro para não nos esquecermos de nada.

- Seria muito abusado da minha parte roubar-te um beijo? – o André pergunta, ostentando um sorriso traquina.

- Agora que estás a perguntar, talvez... Se apenas tivesses roubado e pensado menos... - eu respondo num tom desafiante, encolhendo os ombros.

É claro que o André não espera muito tempo até me beijar delicadamente, colocando as suas mãos no meu rosto enquanto os nossos lábios se tocam de forma intensa e calma ao mesmo tempo, de uma forma estranhamente perfeita. Tudo o que acontece entre nós é estranho e perfeito ao mesmo tempo. Acho que não podia pedir nada melhor.

Acasos Felizes | André Silva ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora