Acasos Felizes | André Silva ✔️

Trinta e Quatro

10 de julho de 2017

Ainda parece mentira para mim o facto de eu estar a passar férias em Santorini com o André, a sua família e o meu filho. Nunca, em momento algum da minha vida, eu me imaginei numa situação semelhante. Acho que me habituei ao facto de as coisas nem sempre correrem bem para mim e ao facto de ter uma vida monótona que não fugia da rotina. Por isto, estar num autêntico paraíso com a pessoa por quem estou apaixonada, com a família dele que me acolheu como se eu fosse da família e com o meu filho que eu amo mais do que qualquer outra pessoa neste mundo parece um sonho.

Os dias que aqui temos passado têm sido incríveis. Tenho-me divertido muito, conhecido imensos recantos maravilhosos e aproveitado tudo ao máximo. Há sempre tanta coisa para contemplar e fazer que me parece um desperdício não as aproveitar. Temos feito imensas coisas diferentes e, sinceramente, eu não podia estar mais satisfeita e feliz. Estou a adorar estar aqui e, sinceramente, nem dá vontade de voltar ao Porto. Mas não quero já pensar nisso, porque ainda tenho dois dias para aproveitar bem.

- Bom dia. – a voz sonolenta do André soa ao meu lado. Eu sou a pessoa que normalmente acorda sempre cedo e aproveita para ler ao sossego da manhã e, sinceramente, tenho gostado mais disso do que estava à espera – Acordada há muito tempo?

- Meia hora. – respondo, sorrindo – Bom dia. – cumprimento-o de volta.

- Hum, hoje tenho planos especiais para nós. – ele afirma, sentando-se ao meu lado com as costas despidas encostadas à cabeceira da cama de hotel.

- Ai sim? Então? – questiono-o, curiosa.

- Ora, é surpresa. – ele responde, como se tratasse da coisa mais óbvia do mundo – Não estavas mesmo à espera que eu te respondesse, pois não?

- Realmente, como é que eu esperei tal coisa de ti. – ironizo num tom brincalhão, revirando os olhos – Mas diz-me lá, preciso de fazer alguma coisa em especial ou devo só confiar em ti?

- Para já, precisas de me dar um beijo de bons dias. – ele sorri de forma atrevida, aproximando o seu rosto do meu para me beijar.

Como sempre, eu literalmente derreto quando os lábios do André se colam nos meus. É simplesmente inexplicável a forma como ele me faz sentir todos os dias e estes dias que temos passados juntos só me têm dado ainda mais certezas de que ele é a pessoa que eu quero ter do meu lado.

- Explica-me lá como é que vai ser quando voltarmos à realidade e eu não te tiver todos os dias comigo para me dares um beijo de bons dias... - eu murmuro, abraçando o seu tronco.

- Sabes que tenho pensado muito nisso... Vou morrer de saudades tuas. – ele comenta, beijando o topo da minha cabeça – Estamos aqui todos os dias, 24 horas por dia juntos, e depois vamos voltar à rotina... Vai ser estranho.

- Mas normal, igual ao que era antes. – adiciono – Acho que me vou voltar a habituar a dormir sozinha.

- Sou assim tão facilmente esquecido? – ele finge-se ofendido.

- Não é isso, mas sabes que ocasionalmente também tenho uma companhia muito boa durante a noite no Porto. – explico, fazendo-o franzir a sobrancelha – O Santiago é uma ótima companhia durante a noite. Eu durmo abraçadinha a ele e parece o paraíso.

- Só te perdoo a traição porque é o teu filho. – ele brinca, beijando-me de novo – Vá, agora vamos deixar a ronha que temos um dia preenchido à nossa espera.