Trinta e Um

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3 de julho de 2017

André

Assim que a Raquel estaciona em frente a minha casa, eu meio que a obrigo a avisar os pais que vai ficar aqui a jantar comigo, porque eu preciso mesmo de uns momentos com ela, a sós, longe do mundo lá fora. Não sei explicar, mas ela fez-me uma falta imensa durante estes dias e eu sinto que não consigo ter o suficiente dela para colmatar essa falta. É como se eu continuasse cheio de saudades dela, mesmo que ela esteja a centímetros de distância de mim, e eu precisasse sempre de a beijar mais e mais para saciar essas saudades.

Mal entro no meu apartamento, apresso-me a pousar as minhas coisas no meu quarto e volto logo para a sala para envolver a Raquel num abraço apertado. Eu escondo a minha cabeça na curva do seu pescoço, onde deixo alguns beijos suaves, enquanto as suas mãos mexem carinhosamente no meu cabelo.

- Acho que ainda não te disse hoje que te amo. – ela observa, quase num sussurro, enquanto nos mantemos na mesma posição, quase aninhados um no outro – Amo-te.

- E eu amo-te a ti. – eu murmuro contra o seu pescoço, observando a forma como a sua pele se arrepia quando a minha respiração lá embate. Eu afasto-me dela e pego-a ao colo, sentando-me depois no sofá – Não sei explicar isto e não sou lá muito bom com palavras, mas... Jesus, não quero soar um porco pervertido nem estar a ir demasiado rápido com tudo isto!

- André! – ela exclama, rindo-se – Diz de uma vez o que queres dizer, estás a deixar-me curiosa.

- Enquanto estive fora, tu fizeste-me uma falta tão grande que eu nem conseguia dormir. – eu rio-me com o quão lamechas o meu discurso soa – Todas as noites, assim que fechava os olhos, tu eras a primeira coisa que cruzava a minha mente. E eu simplesmente ficava a sonhar acordado contigo. Até que eventualmente adormecia e voltava a sonhar contigo. Nunca pensei que me fizesses tanta falta e que eu me tivesse apegado tanto a ti. Mas a verdade é que isso aconteceu e mesmo estando aqui, agora, contigo, eu sinto que não consigo acabar com essas saudades todas. Parece que nenhum beijo é suficiente, que nenhum toque é suficiente. Tu deixas-me louco, vais acabar comigo num hospício. – eu confesso, usando a última frase em tom de brincadeira.

- E o que é suposto eu responder a isso? – ela pergunta, com um sorriso divertido nos lábios – Que te amo e que foi mais difícil do que eu esperei estar longe de ti? Que todos os segundos livres do meu dia serviam para pensar em ti? Que adormecia a coscuvilhar o teu feed do Instagram? – ela diz, agora num tom mais sério – Eu amo-te, André.

Eu não pronuncio mais nenhuma palavra, apenas beijo a Raquel, não deixando que reste um milímetro de espaço entre os nossos lábios. As minhas mãos estão pousadas na sua cintura, enquanto ela tem os seus braços em torno do meu pescoço e as suas mãos pequenas mexem carinhosamente no meu cabelo. O beijo vai-se aprofundando, tornando repentinamente a atmosfera mais quente e intensa. Os nossos corpos quase parecem ter vontade própria e é como se nunca conseguíssemos ter o suficiente um do outro.

- Tens de me dizer quando parar. – eu murmuro, algo ofegante, quando eu e a Raquel nos afastamos – Não quero ir longe demais.

- Para de ser tão cuidadoso e politicamente correto. – ela pede, revirando os olhos – Eu não quero que tu pares. – a morena esclarece e um enorme sorriso cresce nos meus lábios. Ela quer tanto isto como eu! – Eu amo-te, André, e eu confio em ti o suficiente para darmos o próximo passo. E eu quero-te muito; quero que sejas meu, quero ser tua.

Eu sorrio e assinto, nem se quer sendo capaz de pronunciar nenhuma palavra, porque a Raquel tem esse efeito em mim. Eu volto a unir os nossos lábios e desço ligeiramente as minhas mãos até ao seu rabo, segurando-a suficientemente bem para poder caminhar com ela no meu colo até ao meu quarto. Assim que entramos no meu espaço, eu sento-me na cama, mantendo a minha morena no meu colo enquanto os nossos lábios permanecem colados. As suas mãos descem da minha cabeça até à bainha da minha camisola, puxando-a para fora do meu corpo. Depois da primeira peça de roupa estar no chão, não tarda muito tempo até que ambos ostentemos apenas a nossa roupa interior, que impede os nossos corpos de estabelecerem contacto total.

Acasos Felizes | André Silva ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora