Sete mil anos atrás, uma grande guerra devastou Keevard e destruiu o trono do Primeiro Rei, o poderoso Darius. Seus três filhos mais velhos, Hazor, Tigur e Vizeu foram os grandes responsáveis por sua queda.
Já seu filho mais novo, Griffin, lutou até...
- Aos poucos estamos conseguindo mudar a forma como os subversivos pensam sobre o reinado de meu pai. Desde que a nova tática foi imposta houve mais prosperidade, confiança e harmonia. É isso que buscamos, a paz em toda Keevard. Mesmo que esses grupos não signifiquem risco no momento, eles podem se tornar grandiosos e mais tarde, quem sabe, até mesmo perigosos. E é por isso que nós deixamos de usar a força bruta, e ao invés disso, desenvolvemos o diálogo. Em um conflito, uma briga ou até mesmo uma guerra, não vencemos apenas com armas. Claro, elas são importantes, mas nem sempre são as mais poderosas. Vencemos com política, estratégias e conferências. Os que semeiam o caos irão sempre desejar armas e separação, nunca aprendizado, conhecimento e pontes para conversas. É por isso que estamos mudando nossos modos e buscando uma nova forma de prosperar. Obrigado.
Uma sequência de palmas se seguiu depois do breve discurso de Griffin sobre sua idéia de trocar violência por palavras. Eu achava tudo isso uma tremenda bobagem. Se meu pai não quer uma leva de rebeldes nas costas, a solução é simples: extermínio. A praga seria eliminada e a atmosfera iria seguir limpa, sem impostores e imbecís lutando por bobagens. É assim que se evita uma guerra.
Mas eu não me importava com o reinado de Darius, nem com o que o idiota do meu irmão mais novo dizia. Eu me importava com as ideias que Griffin disseminava, o garoto era inteligente e persuasivo, e isso não irritava apenas a mim, mas também a Hazor e Vizeu que se mantinham impassíveis em seus lugares.
Nós quatro compartilhamos o mesmo sangue da Deusa da Lua com Darius, mas não éramos nada parecidos fisicamente. Griffin era o mais baixo, possuía um rosto quadrado e anguloso. Seus cabelos negros escorriam pela testa até seus olhos esverdeados e ondulavam nas pontas como os dos malditos anjos que retratavam por aí em pinturas nos comércios. Vizeu era ruivo, tinha uma cor um tanto curiosa. Era como olhar para o fogo, sua pele era levemente avermelhada, o que combinavam com seus olhos cor de âmbar. Hazor era seu oposto. Era como olhar para a água congelada. Ele tinha olhos tão azuis que poderiam penetrar qualquer alma, seus cabelos eram branco platinados e sua pele tão clara como seda. Já eu era o mais alto e o mais forte, possuía cabelos cor de terra e minha pele era negra e viçosa. Éramos o contrastes um do outro, e essa era exatamente a droga da intenção de nosso pai. Cada filho era o lembrete de um de seus poderes. Terra, Fogo, Água e Ar.
