Sete mil anos atrás, uma grande guerra devastou Keevard e destruiu o trono do Primeiro Rei, o poderoso Darius. Seus três filhos mais velhos, Hazor, Tigur e Vizeu foram os grandes responsáveis por sua queda.
Já seu filho mais novo, Griffin, lutou até...
A terra em que eu estava parecia entrar em contato com todas as veias do meu corpo. Eu sentia minha alma pulsar enquanto entrava em Ghalan. Olhei para Kian e percebi seus olhos fixos na floresta morta à alguns metros de nós, um pouco distante da praia.
Os piratas e alguns rebeldes que desceram do navio ainda estavam saindo de botes e olhavam para dentro dos galhos secos e fantasmagóricos para ver se conseguiam distinguir algo. Mas uma leve névoa ainda cobria o ambiente, e eu tinha certeza que não era obra das sereias.
- O que você acha que está causando isso? - perguntei, me voltando a Kian enquanto ele sentava em uma rocha um pouco afastada do mar esperando os outros desembarcarem. Não havia botes para todos, então precisamos esperar e eu preferi ficar com ele.
- Não tenho certeza. Talvez seja obra de outra criatura, ou simplesmente seja o clima daqui. Não sabemos como a natureza de Ghalan reage - Kian estava apertando os olhos para poder me enxergar, o sol batia diretamente em seus olhos, deixando-os ainda mais dourados.
Era estranho estar sob um calor forte, enquanto logo a frente parecia totalmente nublado por conta daquela fina névoa. Um arrepio tomou conta de todo meu corpo, e eu senti novamente alguma coisa me chamando, mas dessa vez, queria que eu entrasse na floresta.
Minhas pernas se moveram antes mesmo que eu conseguisse raciocinar direito. Mas antes de dar um segundo passo, senti os braços de Kian envolvendo a minha cintura num aperto gentil e determinado.
- Aonde pensa que vai? - Ainda era estranho ficar tão perto de Kian e não conseguir simplesmente me desvencilhar. Por um breve instante, era como se as vozes na minha cabeça estivessem ficado em absoluto silêncio, e a presença dele era tudo o que eu conseguia ter certeza no momento - não está pensando em entrar lá sozinha, não é?
- Não, estava pensando que você poderia me acompanhar - seus olhos se estreitaram ainda mais enquanto as sobrancelhas dele arquearam.
- Vamos esperar Lou e Arth - Kian começou a me soltar e o chamado que ouvi ainda a pouco voltou a corroer meus pensamentos.
Meus olhos seguiram novamente para a floresta, os galhos dançavam com a brisa em um ritmo fúnebre e sem vida. Pareciam me convocar para uma dança com eles, em meio aos espinhos e ao nevoeiro.
- Lynn - Kian me chamava de uma forma suave, tentando me distrair. Algo me dizia que ele sabia o que estava acontecendo comigo e o porquê de eu estar sendo convocada. Mas sua voz estava ficando distante enquanto eu começava entrar em transe, e isso me irritava porque eu gostaria de poder controlar a mim mesma - Lynn, olhe para mim - Senti sua mão em meu rosto enquanto ele me virava para encará-lo, o miserável era lindo - Me pergunte alguma coisa, qualquer coisa, algo que possa distraí-la.
