12 - A Fenda dos Hewyr

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"Há uma fenda em tudo

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"Há uma fenda em tudo. É assim que a luz entra."

- Leonard Cohan

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Lynn

Entrei apressadamente no quarto enquanto me dirigia a cômoda desgastada.

Realmente havia um pedaço de pergaminho em cima dela, peguei-o e comecei a analisar as linhas e curvas que estavam escritas em tinta preta. Eu não reconhecia nenhuma daquelas letras, meu coração pulava de ansiedade e decepção. Eu gostaria de saber o conteúdo do bilhete, mas não conseguia ler.

Desde que comecei a aprender sobre a cultura de Ermont, meu pai me dizia que uma das leis da corte era a proibição da leitura. O povo não tinha permissão de ler livro algum, nem de escrever histórias.

As lendas de Keevard eram sempre contadas como cânticos para as crianças dormirem, ou para cantarolarem enquanto faziam seus afazeres. Ninguém poderia transcrevê-las no papel, e quem se atrevesse, teriam suas mão cortadas e seus olhos furados.

Nos bares, aprendemos a memorizar os pedidos dos clientes. Sabiamos somar as moedas e contar os lucros. Números eram familiares, letras não.

Os negócios em Ermont que deveriam ter contratos, eram sempre supervisionados por algum guarda da Legião Vermelha, que liam os papéis e serviam como juízes para firmar acordos entre comerciantes. Tudo era controlado.

Por isso, segurar aquele pergaminho e ver aquelas linhas serviam para que eu sentisse raiva. Raiva de Hazor por tudo o que ele privou de seu povo para proveito próprio. Controle, era o que ele tinha. Ninguém era livre, tudo era supervisionado.

- Filha? - Meu pai bateu na porta e entrou no quarto. A cicatriz em seu rosto já começava a ficar cinza, meu coração se apertava toda vez que eu o via - Podemos conversar?

- Claro, pai. Sente - Pedi, me acomodando ao seu lado na cama.

Ele pegou minha mão e entrelaçou na sua. Sua pele estava quente e confortável, já dava para ver as linhas do tempo marcando a superfície de se sua palma.

- O que é isso? - perguntou, direcionando seu olhar no pedaço de pergaminho que eu ainda mantinha nas mão.

- Kian escreveu para mim. Fizemos um acordo de não mantermos segredos entre nós relacionado aos rebeldes. E eu gostaria saber onde ele esteve nesse tempo que passou fora, mas ao invés de me falar, ele escreveu - suspirei, tentando não me estressar - o que foi muito esperto da parte de Kian, já eu não combinei nada sobre ele me contar especificamente em voz alta, entende?

Olhei novamente para aquele pedaço e me senti uma idiota. Hazor me transformou em uma ignorante e eu aceitei isso sem nem mesmo contestar, e só agora me dei conta disso.

Depois das Chamas - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora