13 - Pálidos Reis

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Os teus olhos são frios como espadas,

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Os teus olhos são frios como espadas,

E claros como os trágicos punhais;

Têm brilhos cortantes de metais

E fulgores de lâminas geladas.

- Florbela Espanca

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Kira

 Eu andava tranquilamente por um dos vários corredores do castelo. Meus saltos batiam no assoalho amadeirado de forma rítmica. Dava para ouvi-los à longa distância pelo eco que causavam, afastando todas as pessoas que pudessem cruzar meu caminho.

Meu vestido arrastava-se pelo chão como uma enorme cascáta, o azul turquesa que eu sempre ostentava fazia um efeito impressionante na minha pele pálida. Minha família representava a água e o gelo, e era assim que eu gostaria que as pessoas me vissem. Fria e cortante.

Segui calmamente até uma grande porta dupla feita de espelhos e cristais. Dois guardas estavam posicionados em cada lado vestidos com o uniforme azul e branco, as cores do reino de Ermont. Apenas a Legião Vermelha podia usar cores diferentes, para lembrar o sangue e a força.

Quando me aproximei, os dois imediatamente abriram as portas, causando um leve estrondo ao destrancá-las. Passei sem nem mesmo olhá-los e atravessei para dentro do salão do trono com graciosidade e leveza.

O salão era gigantesco e circular. As paredes eram esculpidas por metais fortificados, elas brilhavam devido à sua cor prateada e detalhes em arco dourado. Era imensa a altura daquele lugar, no teto via-se pinturas de Hazor derrotando o Primeiro Rei, sozinho. Era como uma forma dele encher mais ainda seu próprio ego.

Meu pai estava majestoso em seu assento predileto. Era esculpido de gelo e mármore. Pedras de prata adornavam os braços de repouso do trono, e uma grande pele branca era posta como um último enfeite daquele objeto de desejo. Meu desejo.

Ao lado dele, pude notar que Tigur e Vizeu também estavam confortáveis em seus assentos. O contraste dos três irmãos era algo belo e afiado. Água, Terra e Fogo. O lembrete dos filhos da magia.

- De volta tão cedo, queridos tios - falei, sem fazer reverência alguma. Eles nunca seriam meus reis.

Era muito raro os três irmãos do caos se reunirem. A última vez que isso aconteceu foi à pouco tempo, num pequeno intervalo de um mês e meio. Mas após o alerta do retorno de Griffin, é claro que eles se reuniram novamente. O medo sempre fala mais alto que o orgulho. Ainda mais quando se tem o poder em jogo.

- Garanto que é por um bom motivo, Kira - Vizeu me lançou um olhar repreensivo, como se pudesse acabar comigo com um piscar de olhos. Eu gostaria muito de vê-lo tentar.

Depois das Chamas - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora