Real não é minha realeza,
Pois é artificial e só é por beleza
Por dentro só é tristeza
E Sua boca borbulha besteira
De real é sua impureza- Estevão Soledade
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Kira
O barulho das minhas unhas batucando a pequena cômoda amadeirada preenchia o pequeno quarto improvisado que eu ganhara no navio.
Apesar de certo modo ser confortável, o quarto era pequeno e tinha cheiro de mofo. Não era um lugar para a futura rainha de Ermont estar alojada.
Faz dias que estamos em alto mar e o balanço do navio ainda me deixava irritada, apesar do enjoo ter cessado.
Eu estava sentada em uma pequena penteadeira, e olhava meu reflexo com profunda intensidade. Meus cabelos longos e platinados caiam como cascatas por sob meus ombros. Os olhos azuis acompanhava o tom pálido de minha pele, e se eu olhasse bem detalhadamente, poderia ver as semelhanças físicas que tinha com Callum, meu irmão gêmeo.
Sentia falta dele, do som da sua voz e da sua gargalhada. Callum era a única pessoa viva na qual eu realmente amava e confiava. Gostaria que ele pudesse estar fazendo essa viagem conosco, a caminho de governar as terras amaldiçoadas de Ghalan.
Mas meu pai pediu para que ele ficasse em Ermont e cuidasse do castelo. Callum era sempre o favorito nas tarefas mais grandiosas, pois Hazor não suportava mulheres sob o comando de nada.
E era nisso em que pensava enquanto batucava os dedos bem ao lado de um livro com capa e folhas negras.
Eu havia surrupiado o libro da sala do trono no dia em que viajamos, meu pai, tão desesperado com a volta de seu irmão, foi tão tolo que nem ao menos viu quando guardei-o sob minhas vestes.
O que me irritava em ser filha de Hazor era o quão burro ele poderia ser. Largar o seu trono e levar noventa por cento do seu exército mar adentro, achando que nada poderia acontecer em Ermont, nenhuma revolta rebelde para tomar o castelo.
Me trazia paz saber que meu irmão estava cuidando de tudo, e ficava feliz por ele ser tão inteligente quanto eu era.
Hazor garantia seu trono apenas por ter em sua posse o livro negro, eu sabia que ele era aconselhado por uma criatura sombria, alguém que com certeza tinha colocado meu pai no poder e dado a ele todas as armas para acabar com Darius e seu irmão, Griffin.
Mas esse era o problema dele, se garantir em algo que não na sua própria inteligência.
Mas agora eu havia tirado esse poder dele, sem nem mesmo que ele reparasse.
Provavelmente sentiria falta do artefato assim que chegássemos em Ghalan, quando ele pediria por uma ajudinha da magia negra.
Mas eu tinha planos melhores.
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Depois das Chamas - Livro 1
FantastikSete mil anos atrás, uma grande guerra devastou Keevard e destruiu o trono do Primeiro Rei, o poderoso Darius. Seus três filhos mais velhos, Hazor, Tigur e Vizeu foram os grandes responsáveis por sua queda. Já seu filho mais novo, Griffin, lutou até...