29 - Quando a Lua Uivar

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Existem noites em que os lobos ficam em silêncio, e apenas a lua uiva

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Existem noites em que os lobos ficam em silêncio, e apenas a lua uiva.

George Carlin

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Lynn

Descíamos em uma velocidade impressionante. Tive que fechar os olhos para tentar conter o frio que se instalou em minha barriga e me esforcei para não gritar. Sempre fui apaixonada por altura, mas a partir desse dia eu começaria a rever esse pequeno detalhe.

Íamos pousar numa das torres em ruínas do castelo, o grifo se preparava para entrar em contato com o chão, mas eu espera que ele se lembrasse que eu e Kian estávamos em suas garras, e que se ele abrisse-as, seríamos esmagados pelo seu peso.

Mas antes de entrar em contato com o solo, ele abriu as asas novamente e parou a poucos centímetros do chão. O grifo soltou Kian em cima de rochas que ficavam perto de uma porta de madeira, que estava partida no meio e provavelmente iria se desfazer ao toque. Afinal, ela estava ali há sete mil anos, eu não fazia ideia como ela ainda existia.

Mas achei estranho quando o grifo se afastou de Kian, comigo ainda em sua posse. Ele me colocou no chão há alguns metros dele, mas antes que me soltasse completamente, fincou suas garras no concreto desgastado e me prendeu como se aquilo fosse uma jaula.

- O que está fazendo? - perguntei à ele, começando a ficar nervosa e surpresa. Achei que ele iria nos ajudar.

Kian estava jogado no chão, com o sangue descendo pelas rochas. O grifo gritou tão alto que tive que tapar os ouvidos para acabar não ficando surda. Uns instantes depois, a cena que se desenrolou à minha frente fez meu coração parar e meu sangue congelar.

Um imenso lobo branco se aproximava de Kian. Aquele animal era quase do tamanho do grifo, cada uma de suas patas eram tão fortes como troncos de árvores, e os dentes tão afiado como os de tubarões.

Ele deveria estar escondido atrás daquela porta, que dava para algum corredor pra sabe se lá aonde.

Seu focinho tocou o sangue nos braços de Kian que o fez gemer de dor, mesmo estando desmaiado. O lobo rugiu feroz e abocanhou o colarinho do meu guardião, começando a arrastá-lo para dentro daquele corredor escuro.

- NÃO!! - Gritei, enquanto começava a socar as garras do grifo para que me soltasse.

Aquilo não podia estar acontecendo, não era possível. As feras de Misac haviam ficado tanto tempo abandonadas, que se tornaram criaturas selvagens, como as bestas que nos atacaram ainda há pouco na floresta.

- Não vão matá-lo - me dirigi ao grifo, com fúria em minha voz - sua criatura traidora.

Concentrei a magia do ar tão intensa em meu corpo que a soltei em direção ao grifo. A força que coloquei nesse poder jogou o animal longe, e escutei enquanto ele gritava e voltava em toda velocidade em minha direção.

Depois das Chamas - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora