Sete mil anos atrás, uma grande guerra devastou Keevard e destruiu o trono do Primeiro Rei, o poderoso Darius. Seus três filhos mais velhos, Hazor, Tigur e Vizeu foram os grandes responsáveis por sua queda.
Já seu filho mais novo, Griffin, lutou até...
O que havia sobrado do castelo de Darius erguia-se sobre nós. A visão dos escombros e das pedras rachadas me trazia a sensação de uma perda imensa, como se toda a tragédia tivesse se desenrolado diante de mim.
Kian e eu subimos em uma encosta para entrar no que antes parecia um salão, mas agora não era nada mais do que rachaduras e poeira em céu aberto.
- Fique aqui e nos proteja - disse ele, passando a mão nos pelos brancos de Safira, enquanto ela fechava os imensos olhos da cor do sol.
A ligação entre os dois me fazia sorrir, como se a amizade deles trouxesse um brilho novo àquele lugar fantasmagórico.
Safira se prostrou na entrada no castelo e se acomodou sob uma pedra imensa, enquanto eu e Kian adentramos as ruínas.
O castelo era gigantesco e apesar de sua superfície estar arruinada, tínhamos que explorar o que pudessemos da parte inferior. A passagem pelo castelo para as caverna deveria ser no subsolo.
Foi muito difícil encontrar entradas que não tivessem bloqueadas por pedras gigantescas, tive que usar a magia da terra para me livrar de algumas em questão, apenas para encontrar um buraco escuro e cheio de tralhas desgastadas.
Quanto mais fundo íamos, mais escuro ficava, até que chegamos em um ponto em que era impossível distinguir o que estava em nossa frente.
- Merda - bradou Kian - não dá pra ver nada daqui. Podemos tentar encontrar algo para fazer uma tocha, se pegarmos...
Mas enquanto ele falava, algo intenso começou a despertar no fundo daquele corredor escuro e sem vida. Uma fumaça verde despontou no topo do que parecia ser uma escada, era como se me chamasse para ir para baixo. Minha vista então se adequou ao breu, e em um piscar de olhos, eu conseguia enxergar tudo.
- Posso continuar.
- O que? - Perguntou Kian
- Enxergo tudo, Kian. Eu consigo continuar.
- Não vou deixá-la ir sozinha, você pode precisar...
Silenciei-o com um beijo suave enquanto a coragem e a magia se apossaram de cada parte do meu corpo.
- Fique aqui ou procure por mais coisas na superfície, quem sabe não encontra algo útil para nós.
- Como o que? Mais uma das feras de Misac? - Seu tom debochado me fez dar risada. Kian parecia despertar o melhor de mim, e eu não podia negar que além de ser algo incrível, era perigoso.
- Eu volto logo - vi quando sua mandíbula ficou mais tensa, ele não queria me deixar sozinha e achei que ele me impediria de continuar. Mas Kian não era assim.
- Tome cuidado. E por favor - sussurrou ele, com a testa colada na minha - por favor, volte para mim.
Me afastei dele lentamente e comecei a adentrar o corredor, respirando fundo e com uma sensação muito estranha na boca do estômago. Uma mistura de medo com curiosidade.
E então segui aquela estranha fumaça verde, que se enrolou e ficou parecida com uma bola de luz, me guiando através daquele lugar de putrefação.
Desci diversos lances de escada, indo cada vez mais para baixo. E a parte mais estranha era que o subsolo parecia intacto, como se o castelo nunca tivesse sido atacado. Sai de um piso de pedra para um de madeira de uma hora para outra, e onde deveria ser caos, encontrei perfeição.
Eu não poderia estar mais chocada com o que via, tudo na parte de baixo do castelo estava inteiro e parecia pulsar vida.
A fumaça verde me levou até um corredor feito de ouro puro, que ricocheteava seu brilho em todos os lugares. Continuei andando maravilhada até me deparar com uma porta gigantesca, banhada por esmeraldas em suas extremidades, e em seu centro um glorioso espelho se estendia.
Encarei meu reflexo no espelho, e percebi que muito havia mudado em mim. Eu parecia mais forte, meus cabelos ruivos estavam maiores, e quase tocavam a cintura. Por alguns segundos, me permiti pensar na Lynn de antes, na garçonete, na mestiça, na filha de duas pessoas que se amaram e foram punidas por serem de reinos diferentes.
Tanto havia mudado, muito de mim era algo novo, inclusive o poder que eu carregava nas veias. Ele havia me transformado, de alguma forma.
O reflexo então começou a ficar trêmulo e a visão de mim mesma foi desaparecendo, dando lugar a de um garoto de cabelos negros e olhos verdes.
Griffin estava novamente diante de mim, mas dessa vez não por sonho, nem por uma visão, ele estava ali, me encarando como se estivesse aliviado e... feliz.
- Chegou a hora - ele disse, através do espelho. Levantei minha mão direita para tentar tocá-lo, e percebi que ele fez o mesmo gesto, como se fossemos o reflexo um do outro, exatamente como o sonho que tive, meses atrás quando sem querer incendiei minha casa.
Mas no sonho eu tentava me aproximar dele e não conseguia me mexer. Agora estávamos a dois passos um do outro, separados apenas por um vidro.
- Unifique - sussurrei, exatamente como ele havia dito em meu sonho, e que ainda não fazia sentido nenhum para mim.
Toquei no espelho, no que deveria ser meu reflexo, e escutei um suave clik, como se tivesse destrancado alguma coisa. Vi seu sorriso se alargando enquanto o espelho se deslocava para o lado, e dava espaço para uma porta de gesso.
Não pensei duas vezes e dobrei a pequena maçaneta enquanto entrava no que parecia ser uma biblioteca.
Minha vista foi inundada por pilhas e pilhas de livros. E enquanto eu andava e explorava aquele lugar, absorver tudo aquilo se tornou difícil e praticamente impossível. Pois o único lugar no qual eram trancafiados todos os livros era...
- Ora, ora, ora - escutei sua voz seca e ríspida antes de me virar e encontrar Vizeu me encarando como se fosse me engolir.
Eu estava no castelo de Hazor, dentro de sua biblioteca.
Havia achado a caverna e uma das passagens que Griffin havia me alertado, e que me levou diretamente ao meu inimigo.
- Por um momento, achei que nunca me encontraria, querida Lynn.
Primeiramente, me perdoem pela demora em postar o capítulo. O estágio e a faculdade estão tomando 100% do meu tempo, e está sendo muito difícil parar para escrever e me dedicar como eu deveria a esse livro que estou amando tanto redigir.
Mas não desistam de mim, preparei uma surpresa para vocês nos próximos capítulos e que estarão publicados em breve (provavelmente amanhã).
Obrigada a todos que estão me acompanhando, dos leitores mais antigos, aos mais recentes. Agradeço de todo o meu coração. Vocês me inspiram a escrever.
Vocês fazem essa história continuar.❤
PS: Esse capítulo não foi bem revisado, me perdoem se encontrarem erros.
