Sete mil anos atrás, uma grande guerra devastou Keevard e destruiu o trono do Primeiro Rei, o poderoso Darius. Seus três filhos mais velhos, Hazor, Tigur e Vizeu foram os grandes responsáveis por sua queda.
Já seu filho mais novo, Griffin, lutou até...
Quando o sol despejava suas primeiras luzes da manhã sob as Colinas Uivantes, eu mantinha Lynn firme sob meus braços e apreciava Ghalan de cima.
Estávamos sentados na beirada da montanha, os pés de Lynn estavam pendidos no vão enquanto suas costas estavam apoiadas em meu peito e eu a segurava pela cintura com as pernas abertas para sustentá-la.
Seus cabelos ruivos estavam presos em um coque bagunçado e alguns fios caiam soltos pela lateral do seu rosto. Ela olhava fixamente para o horizonte e eu admirava seus olhos verdes brilharem com as primeiras horas da manhã.
Ela era linda.
- Seus pensamentos estão pulando para minha cabeça, Guardião. - ela estava sorrindo quando virou seu rosto para beijar minha bochecha, trazendo tranquilidade ao meu coração.
- Você está mais forte, Lynn. Eu sei controlar a minha mente e sei exatamente quando me comunicar com você, e não foi o caso dessa vez.
- Me desculpe por isso - ela disse, com a cabeça encostada sob meus ombros - sinto a magia em todo canto agora. Está realmente mais forte, e sinto que consigo realizar o que quiser.
- Está controlando as chamas, não é? Callum me contou o que aconteceu no mundo sombrio. Você quase queimou Eidolom e o manteve preso.
- Sim, consigo controlá-las agora. Eu estava furiosa, Kian.
- O fogo é fúria, caos e bagunça, pode te fazer enlouquecer se não souber lidar com ele, por isso é o elemento mais difícil de se controlar, mas você pareceu ter dominado isso rápido.
- Não antes de queimar a casa do meu pai, aparentemente - ela ainda se sentia muito culpada por aquele dia em que quase morreu com o próprio poder.
Peguei suas mãos e coloquei delicadamente sob a grama verde e límpida que horas atrás não estava ali. Arrastei sua mão naquela terra úmida e cheia de vida.
- Está vendo isso? Você consegue trazer esperança onde havia desolação, Lynn - afastei seu corpo para que eu pudesse levantar, e logo em seguida ofereci minhas mão para que ela também ficasse de pé - Olhe para as Colinas - pedia a ela - Enquanto nos concentramos apenas em nós dois, você involuntariamente entregava vida para esse lugar. Olhe os bosques, as relvas e os galhos cheios novamente. Foi você.
Ela olhava para o lugar com lágrimas nos olhos e um sorriso sereno, ela mantinha as duas mãos atrás do pescoço enquanto olhava para o lugar que antes estava seco e sem vida.
- Agora olhe para lá - apontei para onde Ghalan estava, para as florestas mortas, as cidade destruída que conseguiamos ver de cima, as ruínas do castelo e a morte que pairava no lugar. - Concentrada nessas terras, você pode trazer vida a todo essa terra se quiser, porque tem poder suficiente para levantar esse reino novamente, e fazer dele o seu lar.
- Por que durante tantos anos essas terras não tiveram salvação? Se a magia negra morreu aqui, não houve esperança de germinação?
- Não, Hazor envenenou o solo. O poder da magia negra, ao contrário da magia da luz, é limitado. Houve um tempo em que ela parou de agir nesse lugar, mas o solo continuou podre e sem forças para se recuperar.
- E suas feras? Como sobreviveram aqui por tanto tempo?
- Ghalan se une a Thangnall e Derorn pelo sono, dá alguns dias de viagem, mas é possível fazer esse cruzamento. Todos os meses eu, Arth ou Lou lideramos Safira, Tristan e Filian, meu grifo, para passarem no cruzamento e caçar comida para as feras, o suficiente por um mês inteiro. Mas não pude voltar para casa para cuidar deles, não até encontrar você.
- Aquelas semanas que você ficou fora da Fenda, depois que queimei a casa do meu pai e achei que você havia me abandonado para lidar com a magia sozinha, você estava...
- Com eles.
- Você nunca os abandonou, Kian.
- Nunca.
Lynn se afastou de mim e desceu o declive da colina quase galopando. Ela se abaixou para pegar o casaco que eu havia deixado jogado no chão e encarou o bosque mais a frente, agora com os galhos cheios de folhas e cores.
- Tristan - ela gritou por sob a mata.
Alguns segundos depois, um grande lobo com pelagem avermelhada saiu por de trás das árvores e caminhou majestosamente até ela. Lynn era miúda perto de Tristan. A bela e sua fera, pensei, automaticamente. Essa imagem daria uma linda pintura.
- Vá com a sua família até as ruínas, reúna o lobos, os leões e os demais predadores. Juntem todos.
Tristan, compreendendo o que ela havia pedido, fez uma breve reverência e saiu veloz para dentro da mata.
Lynn caminhou até mim novamente, com o sol batendo diretamente sob ela enquanto aqueles olhos verdes brilhavam determinados. Passou sua mão sob minha nuca e me beijou em surpresa, fazendo com que eu me derretesse um pouco mais naquela energia que carregamos.
- Chame Filian, Guardião. - disse ela, me entragando o casaco e se afastando de mim. Lynn conjurou suas asas negras, que contrastavam perfeitamente com seus cabelos ruivos e as esticou como se estivesse se alongando. - Convoque também os alados, leve-os para as ruínas.
- O que vai fazer? - meu coração estava disparado por vê-las tão forte e tão decidida. Eu já sabia o que estava por vir, além da guerra.
- Tomar meu lugar como rainha.
Lynn se jogou da colina e planou sob o ar, indo diretamente para as ruínas selar seu destino.
