24 - O Horizonte no Fim do Mar

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Deve existir algo estranhamente sagrado no sal: está em nossas lágrimas e no mar

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Deve existir algo estranhamente sagrado no sal: está em nossas lágrimas e no mar...

Khalil Gibran

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Lynn

Pisquei várias vezes para poder acostumar meus olhos com a pouca claridade. O cheiro do mar era sempre a primeira coisa que eu reconhecia ao acordar, era uma das melhores coisas dessa viagem.

Levantei-me com cuidado, sentia minhas pernas fracas, como se estivesse caminhado por quilômetros.

Estava no dormitório conjunto do navio, as redes estavam todas vazias, com exceção da minha. Mas notei algo estranho ao olhar para elas, o movimento que faziam era quase nulas. E isso, em alto mar, é um tanto estranho.

Comecei a caminhar para o convés. Notei que o navio havia parado e não ouvia voz nenhuma, nem o ranger dos passos na madeira, nem Dimitri gritando algum comentário. Nada. Apenas o som das águas chacoalhando abaixo de mim.

Porém, antes de chegar nas escadas que davam acesso ao convés, notei o sangue que fluia nos degraus e ensopava todo o chão.

Corri para cima imediatamente, rezando para que minhas teorias estivessem erradas, ou que minha mente estivesse me pregando novas peças. Mas quando cheguei ao convés, a primeira coisa que fiz, foi vomitar todo o chão.

O que estava em minha frente era a cena mais horrível que já presenciei na minha vida. Todos os piratas e rebeldes estavam estatelados no chão. Mortos.

Alguns tinham as vísceras para fora do corpo, outros estavam fincados nos mastros com os corpos pendidos, e um daqueles corpos era de Lou. Ela mantinha os olhos abertos e sem vida. Segui em direção à ela, mas antes de alcançá-la, vi Arth com as pernas contorcidas de uma maneira impossível, com uma espada nas costas.

Dimitri, Calel e Annabel também estavam mortos, assim como todos os outros.

Eu não conseguia acreditar no que estava vendo, nem entendia como aquilo poderia estar acontecendo. O cheiro de sangue inundou meu nariz provocando outra náusea quase incontrolável.

- Me mate, por favor.

Escutei um sussurro quase imperceptível e comecei a procurar a origem daquela voz. Gostaria de não ter feito, pois Kian estava estatelado na lateral do navio, com um ferimento aberto na barriga. Um líquido vermelho e grosso descia pelo seu corpo, ele sangraria até a morte.

- Não, não, não - comecei a ir em sua direção enquanto chorava desesperada.

Ele virou seus olhos dourados em minha direção e começou a sorrir de uma forma que nunca vira antes, de uma forma pura e sensível.

Depois das Chamas - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora