14 de setembro, 2016.
Seus olhos estavam marejados e em sua mão tinha um lenço, o qual ela estava usando para limpar suas lágrimas. Os policiais tentavam conforta-la, mas a dor da perda a corroía e não a deixaria por um bom tempo.
Ela estava destruída, podia-se ver a dor a consumindo lentamente. Não importava o que os policiais diziam, ela continuava a chorar. Ela não estava acreditando que seu marido foi assassinado e que foi encontrado em um terreno abandonado.
Ela estava completamente enlouquecida, até se sentou no chão afundando as mãos em seu rosto. Ela estava tão perdida.
Eu permaneci sentada no último degrau da escada, deixando as lágrimas escorrerem pela minha bochecha, enquanto um policial tentava me acalmar.
— Sinto muito pela sua perda, sei como é difícil perder um pai — o policial falou acariciando levemente minhas costas, deixando um sorriso crescer em seus lábios — Tudo irá ficar bem.
Mordi meu lábio inferior, passando o dorso da minha mão em meu rosto secando-o.
— Eu o amava tanto! — falei afundando minhas mãos em meu cabelo. Passei a olhar para o chão.
Que belo teatro, Alyson.
Levantei meu rosto enquanto o policial dizia mais algumas coisas, mas eu só conseguia prestar atenção na reação de minha mãe. Ela estava tão acabada.
Pobre Lauren, mal sabe que a filinha querida foi quem cortou o marido ao meio.
Suspirei fundo, tentando afastar aquela voz horrível de minha cabeça. Aquilo estava me enlouquecendo, e não era aos poucos, estava sendo rápido demais.
— Você se sente melhor? — o policial perguntou de repente, fazendo-me virar para olhá-lo. Apenas assenti — Eu preciso fazer algumas perguntas para você.
Me levantei da escada e parei em sua frente, puxando a manga da minha blusa para terminar de secar meu rosto. O policial suspirou e me encarou sério.
— Você sabe se seu pai tinha algum inimigo? — ele perguntou com um pequeno bloco de anotação em mãos — Seu pai trabalhava com negócios e, infelizmente, nessa área é muito fácil arrumar inimigos.
Eu só queria rir de seu olhar de pena sobre mim, dizendo que a única inimiga que declarou guerra contra ele fui eu mesma. Sua própria filha. Mas eu não podia perder a pose da filha triste pela morte do pai. Do meu querido pai.
— Não, eu realmente não sei! — falei quase em um sussurro, abraçando meu próprio corpo — Meu pai não costumava falar sobre seu trabalho e, muito menos, se alguém estava o chateando ou o ameaçando. Acho que ele não tinha inimigos.
Ele assentiu anotando alguma coisa em seu bloco de anotações, mesmo tendo uma gravador perto da escada. Então ele voltou a me olhar.
— Aonde você estava às dezoitos horas do dia onze? — essa pergunta veio como um soco no estômago. O que eu diria a ele?
A casa abandonada da rua sete, ele não vai encontrar provas lá.
— Eu estava na casa abandonada da rua sete! — falei fazendo-o me encarar surpreso, o que fez meu estômago revirar — Vou lá sempre que me sinto mal, sabe? É um lugar que dá medo em alguns, porém, eu só vejo aquela casa como um lugar calmo para mim.
Ele voltou a olhar para o papel, anotando mais alguma coisa. Ele ficou em silêncio por um bom tempo, mas logo voltou a me olhar.
— Vamos fazer de tudo para encontrar o assassino do seu pai, até o impossível se preciso for — ele se aproximou e acariciou meu cabelo levemente — Essa dor que está sentindo irá sumir algum dia. Você é uma menina doce, merece ser feliz.
Assenti e ele se afastou indo até minha mãe, mas ela ainda estava sentada no chão desolada. Após alguns minutos entediantes, os policiais sumiram. Olhei para a minha mãe e fui até ela, me agachando ao seu lado.
— Vai ficar tudo bem, mãe! — falei beijando o topo de sua cabeça — Vamos tentar ficar bem pelo papai, ele não gostaria de nos ver assim.
Ela ergueu a cabeça, me olhando com seus olhos marejados. As lágrimas não paravam de cair, e ela não fazia questão de seca-las.
— Não vai ficar tudo bem, Alyson! — ela gritou — Eu não vou conseguir dormir até os policiais descobrirem quem foi o monstro que matou seu pai — falou em meio aos soluços incontroláveis — Céus, eu o perdi.
Ela afundou as mãos em seu rosto novamente e eu sorri.
Sim mãe, você o perdeu.
(...)
16 de setembro, 2016.
Após o corpo de Franklin ser liberado, minha mãe decidiu que iria cremá-lo e guardar o pequeno jarro de porcelana azul no escritório dele.
Mas, agora, estamos na nossa sala com o jarro na mesa de centro da sala com nossa família toda reunida chorando pela morte de Franklin. Enquanto eu escuto as pessoas me dizendo que tudo ficará bem e que tentam me consolar, eu forço as lágrimas a caírem.
Que patético.
Todos estão chorando incontrolavelmente, principalmente minha mãe. Ela não consegue nem se manter em pé, já que parece que sua força foi levada junto com meu pai.
Minha vó ainda se mantém abraçada a mim, dizendo como Franklin era bom em tudo. Ela não cansava de dizer que as pessoas boas vão sedo demais.
Acontece que Franklin não era bom.
— Eu realmente sinto muito, querida! — ela falou secando minhas bochechas — Eu, como mãe dele, estou me sentindo desolada. Quando o coloquei no mundo, nunca imaginei que um monstro o tiraria de mim.
Assenti abraçando-a com força, chorando com direito a soluços. Ela me abraçou mais forte ainda, molhando minha camiseta preta com seu choro.
— O mundo é cruel, vovó! — falei ainda chorando em seu ombro — Só quero que achem o culpado logo, não consigo dormir sabendo que o assassino do meu pai está solto por aí.
É, deve ser tão difícil para você. Coitadinha.
Senti uma mão em meu cabelo e vi Devil em minha frente com sua jaqueta velha. Em sua boca tinha um cigarro e mesmo assim ele sorria.
Ele se aproximou de mim, encostando seus lábios em minha orelha sussurrando:
Cuidado com o que deseja, pequena Alyson.

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DEVIL.1
RomanceOBRA INICIADA: 02/08/2018. FIM: 12/01/2019 |1° Lugar na primeira edição do concurso Atlantis em Romance| Uma série de assassinatos estão acontecendo na pacata cidade do Texas, McKinney. Agora, Alyson, sabe que todo o cuidado é pouco quando há uma gr...