prólogo

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11 de setembro, 2016.

         Seus olhos estavam arregalados mostrando que o medo e o desespero o consumia. Com muito esforço estendeu a mão aberta em minha direção, enquanto estava caído sobre chão frio. Ele tentava implorar pela vida, mas sua voz não saía.

Mate-o de uma vez.

O sangue estava escorrendo pelo seu corpo, fazendo com que sua morte fosse lenta e torturante. Ele gemia, enquanto a dor o invadia sem piedade nenhuma. Ele tentava se levantar.

Perda de tempo.

— Pare, por favor! — ele sussurrou com muita dificuldade.

O que ele não sabe é que eu não quero parar.

Eu não vou parar.

E você não deve.

Me aproximei mais dele, olhando bem para seu rosto incrédulo. Me agachei ao seu lado, encarando seu rosto e vendo a dor em seus olhos que eram tão parecidos com os meus.

— Carregamos o mesmo medo e a mesma dor — sussurrei em seu ouvido.

Ele está sentindo o que você sempre sentiu. Medo.

— Eu não quero parar, pai! — me levantei calmamente — Não depois de tudo.

Algumas lágrimas escorriam pelo seu rosto, enquanto seu gemido ecoava pelo velho porão. O chão estava coberto pelo seu sangue.

Peguei o machado mais uma vez, que agora estava coberto pelo sangue sujo de Franklin Clark. Sorri ao vê-lo tão mal, com o sangue jorrando pela falta do seu braço.

Acabe logo com isso.

Arrastei o machado para perto de seu corpo e o levantei. Pude ver como seu simples olhar implorava pela vida. E, por um momento, quase desisti.

Lembre-se da dor.


Suspirei fundo e fechei os olhos, acertando com força o machado contra seu corpo. Demorei para abrir meus olhos depois do grito que Franklin deu, mas quando finalmente os abri, vi seu corpo cortado ao meio. Agora ele estava dividido no chão do porão velho. Seus olhos estavam abertos, mas a respiração não existia mais. Ele está morto.

E agora? — perguntei a mim mesma, enquanto a chuva começava a cair lá fora. Peguei um cigarro em meu bolso e o acendi com o isqueiro.

Tudo ficará bem.

— Como sabe disso? — sussurrei colocando o cigarro entre meus lábios.

Eu sou o Diabo.

Eu sei de tudo.

(...)

Coloquei minha mão na maçaneta, encarando a porta de entrada da minha casa. Suspirei alto, pensando se eu realmente deviria entrar.

Eu acabei de matar meu pai, e sei que minha mãe está lá dentro esperando-o.

Eu não vou poder fugir para sempre.

Não mesmo.

Fechei meus olhos e virei a maçaneta, abrindo a porta. Entrei em casa rapidamente, sentindo a roupa ainda colada ao meu corpo após eu ser completamente molhada pela chuva.

Caminhei até a escada, pronta para subi-la e entrar em meu quarto antes de ser notada pela minha mãe.

— Alyson! — escutei a voz de Lauren me chamar. Fechei meus olhos com força e me forcei a me virar para olhá-la — Céus, você está todo molhada.

A encarei, vendo que ela estava usando um vestido vermelho e seu cabelo estava bem arrumado. Em sua mão tinha uma bolsa pequena e dois ingressos.

— Estou bem.

— Então suba e tome um banho para não pegar uma gripe forte — falou mostrando um belo sorriso — Estou esperando seu pai para podermos comemorar o nosso aniversário de casamento.

Ela estava completamente animada, já que passou a semana preparando a surpresa para Franklin. Ela o amava.

— Espero que ele não demore, mãe.

DEVIL.1Onde histórias criam vida. Descubra agora