Capítulo cinco

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28 de setembro, 2016.

        Seu dedo passeava pela borda do copo, enquanto ela umedecia os lábios. Seus olhos estavam fixos nos meus, como se quisesse me fazer milhares de perguntas. Então ela pegou o copo, levando-o até sua boca.

Depois que ela o devolveu a mesa, suspirou fundo e voltou a me encarar. Eu estava séria, apenas observando cada movimento que ela fazia, desde como ela não parava de mexer as mãos, até como sempre colocava a mecha do cabelo para trás da orelha.

— Então, por que escolheu psicologia? — ela deixou as palavras saírem e fluírem naturalmente. Colocou a mão sobre a bochecha, enquanto esperava pela resposta.

Peguei meu copo, tomando metade da cerveja que ali estava. Umedeci meus lábios e voltei a encara-la.

— Quero ajudar as pessoas a se livrarem de seus próprios demônios — falei fazendo com que um sorriso tímido surgisse em seus lábios. Então, ela me olhou como se quisesse que eu falasse mais — Eu passei com uma psicóloga por um tempo na minha adolescência, então comecei a me interessar pela psicologia.

Dei mais um gole em minha cerveja, já que minha boca começava a secar. Encarei o lugar em que estávamos, já que quando chegamos não havia conseguido observá-lo. Percorri meu olhar pelo local, vendo cores como preto e cinza e uma decoração antiga.

— Há algo em você que me chamou atenção — ouvi a voz da garota que ecoou em minha cabeça, me fazendo voltar a olhá-la — Não sei, mas sinto que você é diferente.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, pude sentir um braço passar pelo meu ombro. Mantive meu olhar em Noemy, enquanto ele se aproximava, deixando seus lábios tocarem minha orelha, passando a língua levemente e a mordendo logo em seguida. Um arrepio percorreu pelo meu corpo, mas me mantive parada.

Para de bancar a boa menina, Clark.

Nós dois sabemos que você não é assim.

Fechei meus olhos, tentando afastá-lo da minha mente. Eu não queria ouvir suas palavras afiadas e nem ter seus dedos contra minha pele. Mas, mesmo me esforçando, ainda conseguia ouvir sua voz rouca.

— Alyson? — a voz da garota me despertou do transe em que o demônio me colocou.

Peguei o copo, deixando o líquido adentrar minha boca e descer rasgando minha garganta. Aquela noite certamente não era para ficar sóbria.

— É um diferente bom? — perguntei deixando o copo sobre a mesa e o enchendo novamente — Por quê, sinceramente, não acho que haja algo bom em mim.

Um sorriso nasceu em seus lábios depois que minhas palavras foram jogadas ao vento. Então ela deixou os lábios entreabertos, enquanto pensava em algo para dizer.

— Eu acredito que haja — falou dando de ombros, enquanto olhava as horas no relógio do seu pulso — Todos nós temos nosso lado bom e ruim, Alyson.

— Oh, não, por favor — comecei a falar balançando a mão — Não me venha dizer essas coisas, sério. Não viemos a um bar para que você pudesse falar sobre como sou, não é mesmo?

Ela entrelaçou os dedos e suspirou, mostrando que não iria continuar aquela conversa. Então uma música lenta e calma tomou conta do ambiente, fazendo a garota sorrir.

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