10 de outubro, 2016.
Sentei-me no banco do carro, segurando firmemente o volante. Eu só queria sumir por um tempo, como se por um milagre tudo isso desaparecesse. Apesar que, infelizmente, as coisas não funcionam assim.O problema é que você não pode fugir sempre, não quando seu passado está sempre presente ou quando todas as coisas que você fez estão gravadas em sua cabeça.
Às vezes não dá pra fugir do que você é.
Suspirei fundo, colocando a chave na ignição. Olhei para o retrovisor para ver se ninguém estava saindo do estacionamento atrás, então meu sangue gelou.
Olá, Alyson.
Lá estava ele, olhando para mim. Em sua mão havia um terço, já em seu rosto havia algo indecifrável. Eu não conseguia saber o que ele estava sentindo, mesmo tentando.
Você se arrepende?
Então me virei, vendo-o sentado no banco de trás com as pernas cruzadas. Seu peito ainda estava aberto e sua roupa suja de sangue. Então sorri, negando com a cabeça.
— Não consigo me arrepender, padre — falei mordendo meu lábio inferior — Por mais que eu queira isso, só consigo pensar em quem será o próximo.
Suspirei fundo, sabendo que cada palavra que saiu de minha boca foi a mais pura verdade. Não importa o quão ferrada eu estarei no fim, eu só consigo imaginar o sangue saindo de seus corpos e o desespero escancarado em seus rostos.
Pergunte a ele, apenas pergunte sobre David Hall. Talvez aquele ar de superioridade dele suma.
Soltei o volante e me virei mais, tentando entender o que ele queria dizer com isso. Ele percebeu a confusão em meu rosto, então sua voz rouca me alcançou.
Pergunte ao Diabo quem é David Hall, Alyson. Talvez ele saiba dizer quem é.
Então meu celular começou a tocar, me fazendo procurá-lo em meu bolso. Quando o achei vi que um número desconhecido me ligava. Pensei por um momento, mas acabei atendendo.
— Alô?
Antes que a pessoa pudesse responder, vi que o padre não estava mais ali. Mesmo que o alívio tomasse conta do meu corpo, as palavras dele sobre David Hall ainda me atormentavam.
— Você irá se arrepender — uma voz de criança soou através do celular — Você irá pagar, Alyson.
Então reconheci aquela voz. Era Jimmy, o infeliz realmente não me deixa em paz. Já faz dez malditos anos.
— Vá para o inferno! — o escutei dizer, então suspirei fundo.
— Eu já estive lá! — afastei o celular da minha orelha e desliguei a chamada.
Suspirei fundo vendo que, por mais que eu corra e tente fugir dessas coisas o mais rápido que posso, elas me alcançam com facilidade. É um jogo sem fim. É algo torturante.
Liguei o carro e saí do estacionamento da universidade, dirigi até um bar próximo. E enquanto eu dirigia até lá, as palavras do padre ecoavam em minha cabeça. Quem é David Hall?
Deixei um pouco pra lá e estacionei o carro na frente do bar, saindo do mesmo. Tranquei a porta e fui até o estabelecimento. Caminhei até o balcão e me sentei.
Quando olhei para o lado, encontrei Dylan sentado com alguns caras ao seu lado. Então em meio ao um sorriso, ele me viu. O sorriso sumiu e a surpresa tomou conta do seu rosto.
Desviei o olhar e pedi uma bebida forte. Logo o copo foi colocado na minha frente. Enquanto o líquido descia pela minha garganta, um homem sentou-se ao meu lado.
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DEVIL.1
RomanceOBRA INICIADA: 02/08/2018. FIM: 12/01/2019 |1° Lugar na primeira edição do concurso Atlantis em Romance| Uma série de assassinatos estão acontecendo na pacata cidade do Texas, McKinney. Agora, Alyson, sabe que todo o cuidado é pouco quando há uma gr...