Vinte dois.

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Jú: Você estava no início ne uma gestação.- Falou procurando as palavras certas e eu olhei pro Lima que baixou a cabeça.- Por conta que a maioria das pancadas foi na sua barriga, infelizmente você perdeu o bebê.- Sentir uma dor invadir meu peito e eu me encolhi na cama.- Já retiramos o feto e por mais que difícil pra você, pode ter certeza que você terá muitas outras oportunidades. Pode contar comigo.

Assenti levemente e olhei pro Yan que tinha os olhos vermelhos assim como Lima.

Loiro: Posso bater um lero com ela? - Júlia assentiu.

Jú: Nada de estresse.- Segurou na mão do homem que acenou com a cabeça e saiu.

Lima: Quero falar com ela também pô.- Ele olhou pra mim e eu vi os olhos dele vermelhos também.

Loiro: Quando eu terminar aqui, falô?

Lima: Firmeza.- Saiu.

Olhei pro Loirinho desabando no choro, ele sentou do meu lado na cama me abraçando do jeito que dava.

Mari: Eu pedir um filho Yan.- Deitei a cabeça no ombro dele.- Por mais que eu não desejasse, nem esperando, era um filho, uma vida!

Loiro: Eu sei pô, tô ligado nesse papo. Mas fala pra mim moreninha, se não veio agora não era pra ser.- Segurou meu rosto.- Vai ser vingado pô, ela vai ser cobrada, vai aprender a nunca mais fazer isso.- De compreensão a sua voz mudou pra ódio me assustando.

Mari: Yan, promete pra mim não fazer nada com ela? - Ele negou rindo sem graça.

Loiro: Ela te machucou pô, machucou a minha irmã.- Olhou pro chão e logo abriu um sorrisão olhando pra mim novamente.- Tenho uma idéia muito foda.- Tirou um papel do bolso abrindo.- Tu precisou de sangue, porque tu perdeu pra caralho. Aí né, bagulho ficou quente, não tinha teu sangue aqui, mas fala tu quem era o único compatível? - Arqueei a sobrancelha.- Eu pô.

Mari: Como assim? - Soltei um riso de lado.

Loiro: Escuta coisa feia. Aí eu fiquei meio grilado com isso e fiz um exame de sangue e porra, tô nem acreditando, até agora.- Jogou o papel em mim.

Abri o papel nervosa e li cada coisa escrita ali, principalmente a parte do "Compatível", e outras coisas.

Mari: Somos irmãos de sangue? - Gaguejei.

Loiro: Tu é filha da minha coroa cara, minha irmã.- Olhei pra ele esperando que ele falasse que aquilo era brincadeira.

Mari: Eu passei 17 anos da minha vida sendo humilhada, tratada como um lixo, enquanto meu irmão tinha todo amor e carinho? - Comecei a chorar novamente.

Loiro: Nossa mãe deveria ter motivos pra isso, sei lá! - Neguei com a cabeça.

Mari: Motivos pra deixar um filho sofrer.- Ri amargurada e ele tentou falar algo.- Não fala mais nada loiro, não precisa.

Loiro: Pensei que tu ia ficar feliz.

Mari: Eu tô feliz Yan, tu sabe o quanto eu te amava antes, agora então...- Ele sorriu.- Mas eu não entendo, poderíamos ter sido criados juntos, entende?

Loiro: Tô tentando entender, sei que é foda.- Suspirou.- Vou deixar o Ll falar com tu, pode ser?

Mari: Fica aqui.- Agarrei ele.

Loiro: Assunto de vocês, tu me conta depois.- Ri e ele beijou minha testa, em seguida minha bochecha.

Mari: Amo você, mano.- Brinquei.

Loiro: Te amo, mermã.- Agarrei ele novamente e a porta foi aberta.

Lima: Tenho que voltar pro morro pô, tu pode ficar aí conversando com ela depois, papo rápido aqui.- Encarou o loiro.

Mari: Não sai daqui.- Sussurrei no ouvido dele e ele balançou a cabeça me soltando.

Ele saiu do quarto me deixando a sós com o Lima que sentou aonde ele tava na cama.

Lima: Tá tudo na paz?

Mari: Claro.- Debochei e ele respirou fundo.

Lima: Sei nem o que falar pra tu, namoral. Acho que não era o que tu queria e se fosse, não comigo, mas sempre quis um filho cara, um pivete pra mimar pra caralho.- Falava com os olhos vermelhos olhando pro nada me fazendo chorar.- Mas não era pra ser, tu foi a única que eu taquei o bagulho sem proteção e tu foi lá e pá, engravidou.

Mari: Só não era pra ser.- Respondi com um aperto no peito e ele me olhou.- Acredito que seja tão difícil pra mim quanto pra você, mas ambos terão muitas chances ainda, com o alguém certo.

Lima: Mas antes de eu ir embora, fala pra mim. Tu queria ter esse filho comigo? - Me encarou e eu desviei o olhar nervosa.- Fala aí Mari, na pureza.

Mari: Sim ll.- Suspirei.

Lima: Eu também pô, queria o pivete e queria que fosse contigo.- Deu os ombros e no meu rosto saiu um sorriso, fazendo ele sorrir de lado.- Tô caçando meu rumo, ficam namoral aí, me perdoa também.

Mari: Pelo que? - Perguntei sem entender realmente.

Lima: Por deixar ela encostar em tu! - Balancei a cabeça e ele retribuiu saindo do quarto.

Eu esperava um "Por te deixar sozinha depois do sexo e fingir que nada aconteceu entre nós depois. "

Mas nem tudo é como a gente quer.

Com a cabeça a mil com essas palavras dele, com minha nova paternidade e com uma perda de um bebê na minha mente, sem mais soluções, eu fui dormir tentando me livrar de tudo ruim.

No VidigalOnde histórias criam vida. Descubra agora