Newport amanheceu ensolarada como sempre. Era o fim do verão, início do outono, o clima estava agradável e Virgínia conseguia ouvir as ondas se quebrando a poucos metros de distância. Ela permaneceu alguns minutos deitada na cama ainda com os olhos fechados tentando criar coragem para se levantar. Quando finalmente se sentiu pronta caminhou em direção a uma das cortinas do quarto, abrindo-a.
Ela foi recebida pela bela paisagem do oceano azul intenso. Abriu um pouco a janela e sorriu ao sentir a brisa marítima em seu rosto. Mas então, como ocorria todos os dias, as memórias que ela tanto lutava para esquecer voltaram à sua mente. Tudo ficou em silêncio absoluto, o calor do dia foi substituído por um frio repentino, embora o sol ainda estivesse bem forte.
Ela deu alguns passo para trás, cambaleando, sentia seu coração batendo mais forte e um nó se formando em sua garganta. Ela estava tendo dificuldades para respirar, conseguia sentir o ataque de pânico se aproximando. Correu para o banheiro e abriu a tampa da privada a tempo de vomitar. Ficou por longos minutos sentada no chão, antes de se levantar e novamente fingir que aquilo nunca aconteceu.
⚜
— Bom dia. -Cumprimentou a senhora que trabalhava na casa assim que viu Virgínia adentrar a cozinha.
— Bom dia, Susan. -Respondeu enquanto enchia uma xícara de café e se sentava à mesa. — A Meg ainda está dormindo?
— Está sim, quer que eu vá acordá-la? -Perguntou colocando algumas frutas cortadas sobre a mesa.
— Não, tudo bem. Ela teve alguns pesadelos durante a noite então não dormiu muito, precisa descansar.
— Ela não me parece a única que não dormiu muito bem. -Disse Susan analisando a mulher à sua frente.
— Susan, não. -Ela logo imaginou o que viria a seguir.
— Mas eu não disse nada. -Respondeu enquanto se apoiava contra a pia por alguns instantes, em silêncio. — Eu só me preocupo com você e aquela garotinha lá em cima precisa da mãe, ela precisa que você esteja bem.
— Eu estou bem. -Disse encarando o fundo da xícara que segurava. Era mais como se estivesse tentando convencer a si mesma.
— Você diz a Meg que tudo bem mentir para os mais velhos? Porque é exatamente o que você está fazendo agora.
Ela olhou para a senhora à sua frente sem saber que dizer. Ela odiava que Susan a conhece tão bem, toda vez que ela olhava no fundo daqueles olhos pretos era como se sua alma estivesse sendo lida.
— Eu vou olhar a Meg. -Disse se levantando. Ela realmente não queria ter aquela conversa.
— A Amanda ligou. -Disse um pouco mais alto para que pudesse ser ouvida. Sabia que que insistir no assunto no adiantaria. Exercer pressão nunca funcionava com ela.
Virgínia subiu as escadas lentamente, abriu a porta do quarto do filha, encostou-se no batente e ficou observando-a dormir tranquilamente. Estava para adentrar o espaço quando seu celular tocou. Ela olhou o visor e rapidamente atendeu, para que Meghan não acordasse.
"Hey." -Disse de forma baixa.
"Olá. Tudo bem? Porque você está sussurrando?"
"Estava no quarto da Meg, ela está dormindo." -Disse fechando a porta do quarto e caminhando na direção oposta.
"Ela sempre acorda cedo, o que aconteceu dessa vez?"
"Apenas alguns pesadelos." -Suspirou.
"O pai?" -Perguntou e pôde ouvir a respiração irmã mudar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Only Exception
RomanceO amor costuma deixar rastros, pegadas, marcas duras que sobrecarregam a singela malinha reformada em vivos tons florais que levamos no entrelaçar dos dedos, ao longo da vida. A gente pega tudo aquilo que um dia doeu, machucou, feriu coloca ali, naq...