— Bem vinda de volta, Virgínia. Fico feliz em ver você. -Michelle disse assim que Pepper adentrou o seu consultório.
Na última consulta que tiveram Pepper acabou saindo rápido, deixando algumas coisas no ar, então Michelle não sabia se a veria novamente naquela semana.
— Obrigada. Mas eu pensei em não vim.
— Eu sei. Por isso fico feliz de ter ver aqui. Sei que não foi uma escolha fácil.
— Não foi mesmo.
— O que me faz perguntar, o que te fez mudar de ideia?
Pepper ficou encarando a mulher loira na sua frente. Ela deveria ter por volta dos 40 anos. Tinha cabelos curto, algumas sardas nas bochechas e olhos acinzentados. Michelle sempre estava bem vestida com seus vestidos de marcas e bem ajustados no corpo. Pepper admirava seu gosto pela moda e em outras ocasiões ela certamente começaria uma conversa sobre isso. Mas esse não era o caso. Ela não estava ali para falar sobre moda.
Desde que saíra do consultório na semana passada as palavras de Michelle soavam sem parar na cabeça de Pepper. Ela sabia que para o tratamento funcionar deveria ser totalmente sincera, mas encarar a verdade, seus sentimentos, era assustador. Por isso ela saíra com tanta pressa na semana anterior. Ela não estava pronta para admitir para si mesma o que estava acontecendo.
— Você parece distante.
— Só estava pensando na sua pergunta.
— Sobre o que te fez mudar de ideia?
Pepper assentiu.
— E o que foi?
— Talvez você tivesse razão, talvez eu não estivesse ou nem esteja pronta para lidar com meus sentimentos, mas eu preciso. Só assim essas crises de pânico irão passar.
— Você teve novas crises? Desde que saiu daqui?
Pepper assentiu.
— Porque não falamos sobre elas?
— Foi apenas mais um ataque de pânico, como todos os outros.
— Causado pela mesma razão?
— Eu não sei...
— Quando começou?
— Depois que eu saí daqui. Eu não conseguia parar de ouvir sua voz.
— E o que ela dizia?
— Que eu sabia o verdadeiro motivo de tudo que estava acontecendo.
— E você sabe?
— Quando o Thommy morreu uma parte de mim morreu também. Nos últimos meses eu me culpei por... Você sabe.
— Você não causou a morte dele. Você não estava dirigindo aquele caminhão.
— Eu sei, mas eu não consigo deixar de pensar que se eu tivesse feito uma decisão diferente, se eu tivesse saído mais cedo, se eu tivesse ligado para ele um pouco mais tarde, se eu...
— Se. -Michelle interrompeu-a. — Se tivesse sido, mas não foi. Você nunca vai saber se o resultado seria diferente. Se teria evitado alguma catástrofe ou apenas adiado. As coisas são com o são. O se é apenas uma possibilidade dentro de infinitas questões.
— Se tivesse adiado ao mesmo eu estaria preparada.
— Nós nunca estamos preparados para perder alguém querido, não importa quantas vezes passemos por isso.
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The Only Exception
RomanceO amor costuma deixar rastros, pegadas, marcas duras que sobrecarregam a singela malinha reformada em vivos tons florais que levamos no entrelaçar dos dedos, ao longo da vida. A gente pega tudo aquilo que um dia doeu, machucou, feriu coloca ali, naq...