Uma união vantajosa

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Para um nobre, casamentos são acordos, formas de manter a paz, expandir terras, estabelecer relações políticas. Para Afonso, o casamento com Catarina era uma forma de garantir que a crise de Montemor fosse finalmente resolvida. A partir daquele momento, os dois reinos estariam potencialmente unidos, e, futuramente, seriam uma superpotência: Poder bélico e recursos hídricos. Seriam o maior e mais poderoso reino da Calia. E embora casar com Catarina fosse uma decisão fácil para os olhos, Afonso estava preocupado com tudo que ouvia sobre a princesa de Artena.

"Ela ficará mais calma, menos interessada em questões políticas quando tiver um filho nos braços" Foi o que Cássio disse quando Afonso compartilhou com o amigo e conselheiro suas preocupações, mas Afonso duvidava seriamente da existência de qualquer osso maternal ou traço flexível em sua futura esposa. Segundo relatos do sogro e de outras pessoas, as opiniões de Catarina eram sempre fortes, ela sonhava em expandir o reino, em reinar absolutamente. E essa era uma das grandes preocupações de seu pai, o Rei Augusto temia o dia de sua morte, pois, Artena estaria nas mãos de Catarina, uma jovem impulsiva e com um espírito conquistador, ambos traços capazes de trazer guerra. A esperança do Rei de Artena era casar a filha com alguém de pulso firme, alguém que não se deixasse levar pelas ambições de Catarina, e que pudesse fazer com que ela desenvolvesse ideais mais integradores. Por isso, quando Afonso procurou ajuda do reino vizinho para fechar um acordo financeiro depois de uma sequência de maus momentos, o Rei colocou a mão da filha como uma forma de garantia das alianças.

Quando entrou na igreja no dia do casamento, com nobres de todas as partes da Cália testemunhando a união, ele estava tranquilo, nasceu para reinar, reconhecia aquelas pessoas como iguais. Foi só quando Catarina entrou, acompanhada do pai, caminhando majestosamente pelo corredor da Abadia e fazendo com que todas as cabeças virassem em sua direção, que ele percebeu que talvez devesse estar nervoso. O modo como as pessoas se comportam ao redor de Catarina era algo que deveria preocupá-lo, talvez ela fosse uma bruxa, talvez ela fosse capaz de enfeitiçar a todos, de parar o tempo.

Quando o Rei Augusto entregou Catarina no altar, Afonso a recebeu com um leve aceno de cabeça. Catarina estava radiante, sorridente. Ela parecia feliz com a ideia de se casar. Ambos se ajoelharam para ouvir o arcebispo, o homem de Deus falou sobre como aquela era uma união divina, mas em todo o sermão Afonso só conseguia pensar em como não conhecia Catarina, apenas a fama de seu temperamento. E embora suas famílias fossem amigas, eles tinha idades distintas, o que fazia com que não tivessem interagido muito na infância, enquanto Catarina, que tinha agora dezessete anos, estava brincando com os outros príncipes e princesas do reino nas grandes reuniões ou em festas, Afonso estava sendo treinado para ser o Rei de Montemor. Mesmo depois do noivado, devido a crise de Montemor, eles não se viram, o mais próximo de uma conversa franca que haviam tido foi quando Catarina chegou a Montemor para o casamento e Afonso a convidou para um passeio. Naquele momento ele tinha apenas uma preocupação: saber se ela realmente consentia com aquele casamento. Apesar de tudo, de entender suas próprias obrigações, não se casaria com alguém que estivesse se sentindo presa, alguém que amasse outra pessoa. Afinal de contas, haviam outras princesas, embora nenhuma delas oferecesse tantas vantagens ao seu reino.

Após o sim, do sangue deles unido como um só, da grande festa na qual Afonso e Catarina tiveram sua primeira dança, ele assistiu enquanto a princesa dançava com o pai, todos os olhos estavam nela, no modo como ela se movia.

— Não parece contente com o casamento irmão. - Rodolfo pontuou enquanto Afonso tomou um gole de seu vinho. Sabia que Rodolfo era mais um dos que desejavam Catarina, todos os homens ao redor a desejavam, bem como algumas mulheres, todas as outras gostariam de ser ela.

-Estou. Esse casamento é o que nosso reino precisava. -Afonso pontuou. -Uma forma de garantir paz e prosperidade ao nosso povo.

— Claro, e isso é tudo que importa. Caso não esteja interessado na consumação, como seu irmão, posso fazer isso. Caso eu a engravide, será meu presente de casamento.

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