Pressentimento

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Afonso detestava carruagens, e sempre quando se deslocava pelo reino fazia questão de cavalgar, mas estava acompanhado do sogro, e a etiqueta dizia que os monarcas deveriam seguir viagem juntos, então ele estava trancafiado na carruagem do Rei de Artena por uma viagem de três dias devido a lentidão da comitiva. No total eram mais de 20 homens, entre lanceiros e o guarda pessoal do Rei de Artena, além de duas carruagens e ainda um carregamento de minério. Afonso mesmo só estava sendo acompanhado por um batedor e quatros soldados, o suficiente para voltar para casa.

Cássio havia se mostrado contrário a ideia de uma comitiva tão reduzida, mas Afonso não queria desviar forças do foco do reino: a reconstrução de Montemor. Apesar do fato de que a maioria das questões físicas da cidade já estavam resolvidas, e a única obra corrente era a de finalização do aquífero, que estava prevista para ser entregue em poucos dias, havia muito trabalho pequeno na imediações, nas vilas, e todos os moradores de Montemor mereciam e precisavam de ajuda.

-Minha filha não parecia nada satisfeita por ter ficado em Montemor.

-Acho que Catarina sente falta de casa. -Afonso disse. - Ela ainda não sente como se Montemor fosse seu lar, mas não se preocupe, vou fazer de tudo para que ela se sinta mais acolhida. - Ele estava sendo o mais honesto possível, queria que a esposa se sentisse em casa, queria coroá-la rainha, queria construir algo entre eles.

-Fico contente de ver que esse casamento pode ser uma união que vá além da política.

-Espero que seja. - Afonso afirmou. -Minha esposa é sem dúvidas um mulher ímpar.

-Tempestuosa como a mãe. -O Rei de Artena afirmou - Mas eu sabia que você era a escolha certa para ela, um homem capaz de mantê-la no chão. Quero que assuma Artena quando eu me for Afonso, é seu direito como marido de Catarina, não deixe que ela ache que pode governar, Catarina levaria aquele lugar a ruína com seus sonhos de expansão.

-Ela tem boas ideias, talvez com o tempo...

-Rédeas firmes Afonso. Rédeas sempre firme.

Desconfortável com as afirmações do sogro sobre o estabelecimento de uma relação de submissão com Catarina, Afonso começou a falar sobre Otávio e como resolver as tensões entre os reinos. O plano era simples, Afonso queria avaliar as defesas de Artena para ter noção de quantos homens precisaria deslocar de um reino para o outro, em seguida, eles iriam até o conselho negociar um acordo com Otávio, algo que o impedisse de tomar qualquer tipo de ação contra Artena ou Montemor.

Quando chegaram próximo à fronteira entre os dois reinos A carruagem parou. Afonso rapidamente levou a mão até a espada e abriu a porta do veículo, dizendo ao Rei de Artena para não sair. Do lado de fora, os soldados de Artena pareciam nervosos, Afonso pensou que a falta de experiência combate fosse a razão naquele momento. Um de seus homens fez sinal para que o Rei se preparasse e ele se descolou da carruagem, ganhado espaço para lutar se fosse preciso. Um grito ecoou do meio dos matos, seguido de uma flecha que passou perto de um dos soldados de Montemor, acertando um cavalo.

-Em guarda! -Afonso gritou, e então os homens começaram a surgir da floresta e a atacá-los.

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​Catarina girou a manivela e água começou a jorrar, rapidamente ela fechou o equipamento, sentindo o peito apertar, tentou se convencer de que estava apenas impactada pelo funcionamento da engenhoca dos inventores de Montemor, Afonso era um rei dedicado à ciência, ao avanço do conhecimento, havia destinado uma parte da verba do reino para a pesquisa referente a questão da água no reino. Finalmente estava tudo estava pronto para a inauguração, que deveria acontecer assim que Afonso voltasse, junto com a coroação da rainha. Afonso havia partido há quatro dias, o que significava que levaria pelo menos mais uma semana para voltar.

Uma união políticaOnde histórias criam vida. Descubra agora