sementes de desconfiança

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A reunião com os nobres de Montemor começou quase junto com o primeiro raio de sol. Afonso era sempre rígido quanto aos horários e mesmo depois de uma noite de celebração, todos os seus súditos da nobreza, um representante por casa, estavam lá, na sala do trono, ouvindo Afonso explicar os termos dos acordos realizados com os outros reinos.

Aquela era uma ótima oportunidade para Catarina conhecer alguns dos nobres que não estavam nas festas que tiveram desde o casamento, e Afonso fez questão de uma apresentação formal por entrada, para que a rainha tivesse a chance de ser apresentada aos nobres.

-Eu e rainha tomamos juntos a decisão de não expandir o exército de Montemor.

-Majestade, - Lorde Thomas Howard - isso não pode os deixar vulneráveis. A principal força de Montemor é bélica.

-Esses termos podem ser renegociados no próximo conselho anual, mas por enquanto vamos manter a promessa de não expandir nosso exército. Temos mais poder de batalha que vários outros reinos juntos, nossos soldados e soldadas são altamente bem treinados, e Artena acabou de fazer o recrutamento de quase 1000 homens, o que deve ser suficiente para que não precisemos descolar nenhum poder por enquanto. - Afonso explicou.

-Além disso, esse compromisso permite uma política mais rigorosa com relação ao tesouro. - Catarina pontuou.

-Desculpe, majestade. - A duquesa de Grey falou. -Mas os caixas de Montemor não estão exatamente cheios, devemos a Artena, como essas dívidas ficam?

-Isso é algo que ainda precisamos discutir. - Afonso respondeu.

-Mas nenhum de nossos súditos terá suas terras retiradas por falta de pagamento, não se estivermos falando de súditos leais. - Catarina acresceu. Ela olhou para Afonso que acenou a cabeça positivamente, era algo que eles não tinha conversado antes, mas ele sabia que era um bom plano e Catarina parecia feliz pela anuência.

Outros detalhes sobre os recursos do reino e planos futuros foram abordados e o último tópico era a coração de Catarina.

-Por fim, quero convidar a todos para a coroação da minha esposa, a Rainha de Artena, que a partir da próxima semana também será rainha de Montemor, de forma oficial.

-Você ia me contar? - Catarina perguntou sorrindo enquanto o banquete estava sendo servido aos nobres.

-Minha rainha é incrível, merece ser coroada - Afonso falou entre os cabelos da rainha. Em momentos como aquele ele queria deixar tudo de lado e levar a esposa para cama.

-Vossa graça também não é tão ruim. - Ela respondeu mordendo o lábio. -Fico feliz que finalmente tenha marcado a data da minha coroação, mas agora precisa me desculpar, os nobres parecem ter esquecido de tirar a lama das botas e eu não pretendo ficar mais um minuto sentido esse mau cheiro.

-Claro. - Ele respondeu sorrindo. - Catarina, a coração já deveria ter acontecido muito antes.- Afonso falou segurando-a.

-Ótima reunião. - Rodolfo disse se aproximando. Todos pareceram satisfeitos, o que é uma surpresa, considerando descontentamento de alguns nobres com relação a sua decisão de não governar Artena. Afinal de contas, era o desejo expresso do Rei Augusto e desconsiderá-lo obviamente causou uma ruptura com o Conselho.

-Não é um problema com o qual você deva se preocupar, meu irmão. Em vez disso, deveria estar supervisionando as minas, ou sua esposa.

-Ah, claro, e por falar na minha esposa. Acho que devo contar a boa notícia: Lucrécia está grávida, por isso não está aqui, acordou indisposta. Não é incrível? Tão pouco tempo de casamento e já fomos abençoados com o primeiro herdeiro. E se ele for o único descendente dos Monferrato, talvez eu deva sim me preocupar com tudo isso.

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