Amália e Artena

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Afonso entrou no castelo correndo e não encontrou ninguém, tudo era poeira e fuligem, ele gritou por Rodolfo, por Cássio, e então lembrou de Catarina, o rosto dela veio em sua mente, ele continuou correndo, procurando pela esposa, mas não havia nada lá, nada além de sangue e destroços.

(...)

Afonso abriu os olhos, mas não conseguiu se mover. Mal conseguia distinguir entre as formas no ambiente ao seu redor, mas fechou os olhos novamente e focou no som, havia alguém falando.

-É uma péssima ideia manter um desconhecido aqui. - Uma voz feminina disse em tom ríspido.

-Diana, o que queria que eu fizesse, deixasse-o para morrer? Além disso, você viu a situação dele.

-Eu vi que ele é bonito, claro, e pelo jeito que o vela por dias deve ter notado também, mas é um estranho e não acho que Virgílio vá achar isso interessante quando souber.

-Ele não precisa achar nada, eu e Virgílio terminamos, ele e todo mundo precisa se acostumar com isso, não vamos voltar. Eu não pretendo casar com alguém que acha que pode ser meu dono. Agora, por favor, me deixe cuidar do pobre infeliz antes que a febre o consuma.

-Tudo bem, mas isso cheira a problema, estou avisando.

Quando Afonso abriu os olhos novamente ele encarou um par de olhos verdes, então achou que estava morto, até que os olhos verdes ganharam contorno e todo um rosto entrou em seu campo de visão, cabelos vermelhos longos se movimentavam, ela ofereceu um pouco de água e ele aceitou.

-Consegue me ouvir? - ela perguntou segurando o copo.

-Sim. Onde estou? -Afonso quis saber. A cabeça doía, todo o corpo parecia estar sendo lentamente destroçado.

-Em Artena. - A ruiva respondeu.

-O que aconteceu? Quem é você? - Ele perguntou forçando o corpo para se levantar. Percebeu rapidamente que mais uma vez a tentativa não resultaria em nada, mas não iria morrer captivo sem uma luta.

-Meu nome é Amália. Eu e meu irmão te achamos na floresta, ensanguentado. Você não lembra de nada? Qual é o seu nome? Há alguém que possamos chamar?

Afonso fechou os olhos e reviveu o ataque. Ele não sabia em quem podia confiar, muito menos se podia confiar naquela mulher.

-Cássio. -Ele mentiu. -Meu nome é Cássio. Que lugar é esse?

-Minha casa. -Ela respondeu parecendo impaciente. -Aqui, tente comer alguma coisa. -Falou entregando uma tigela com uma espécie de caldo verde. Afonso encarou o prato com desconfiança.

-Não estou tentando te matar. Se estivesse, bastava ter te deixar caído onde encontrei. - Ela afirmou parecendo ofendida.

-Me desculpe. Amália, não é isso? -Ele perguntou. A mulher acenou positivamente, e Afonso notou as pequenas sardas no rosto dela. - Sinto muito pelo meu comportamento, mas fui atacado na estrada, então não me sinto inclinado a confiar em estranhos no momento.

-Ah, então foi isso que aconteceu? Você foi assaltado? Te achamos machucado e não saibamos o que pensar, Tiago, meu irmão, supôs que fosse um assalto, mas não sei, havia algo em você que me deixou curiosa, talvez eu tivesse deixando a minha imaginação correr solta.

Afonso lembrou de que, pouco antes de perder a consciência num canto de estrada, ele havia tirado suas roupas reais e mantido apenas a camisa de linho e calça, não queria ser reconhecido.

-Há quantos dias estou abusando dos seus cuidados?

-Apenas três. Não se preocupe, não é abuso nenhum. Agora me tire uma dúvida, você obviamente não é de Artena, certo?

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