Dois meses após o casamento de Afonso e Catarina, foi a vez de Rodolfo e Lucrécia. No banquete de casamento, sentada em seu trono, Catarina assistia a festa que ela mesma organizou (ele achou que tal pedido seria um bom sinal de confiança para Catarina), embora Afonso tivesse certeza que a esposa estava mais interessada em imaginar a conversa que ele estava tendo há alguns metros de distância com o sogro, Rei Augusto.
— Otávio cortou, embora não oficialmente, os laços com Artena. Ele queria que Catarina casasse com o filho dele, embora também tenha tentado fazer com que eu aceitasse a proposta para casá-la com ele mesmo, depois que ficou viúvo.
— E o que Catarina achava disso? - Afonso quis saber, sentindo-se surpreso pela estranha sensação em seu peito, a ideia de outro homem desejando sua esposa pareceu simplesmente errada.
— Ela gostava da ideia de unir-se a um reino tão rico quanto a Latrilha. E acho que tinha certa afeição, talvez uma paixão juvenil, pelo jovem príncipe. Nunca contei a Catarina sobre as propostas do próprio Otávio, claro. Minha filha era só uma menina quando ele falou tal disparate. Quanto ao príncipe, embora aceitável, eu sabia que não era uma escolha adequada, então recusei o pedido. Agora, vejo o quão bem fiz, Catarina parece feliz. - O Rei de Artena afirmou com um sorriso. Afonso pensou em como Augusto realmente amava Catarina, embora, também claramente parecesse temer a capacidade da filha, aquela dualidade o intrigava, parecia que eles conheciam duas versões diferentes de Catarina.
— Eu espero que ela esteja. - Afonso afirmou. A verdade era que ele não tinha certeza, pois, embora sua esposa estivesse radiante na festa, nos últimos dias, Catarina parecia chateada com algo, mas ele não sabia com o que. — Me diga, Rei Augusto, Otávio oferece algum perigo real? Quais as demandas de Artena que não estão sendo atendidas? Podemos tentar resolver isso no Conselho da Cália?
— Como você sabe, nossa maior demanda é de minério, garantida pelo vosso reino, apesar do problema do roubo algumas semanas atrás, mas recebemos sim alguns produtos de Latrilha, mas nada que não possa ser suprido por outro reino, só precisaria estabelecer novos acordos, e o intermédio geraria pouca oferta, insatisfação do reino. De qualquer forma, Otávio é um homem ardiloso e de cuja capacidade não devemos duvidar. Ele teme o poder que Artena e Montemor podem ter juntos, quando eu me for.
— Tenho certeza de que ainda viverá muito meu sogro.
— Assim espero meu caro Afonso, assim espero. De qualquer forma, devo pedir que venha comigo para encorpar o pleito junto ao conselho da Cália.
-Claro, como desejar.
— Além disso, quero aproveitar para parabenizá-lo pelo modo como lidou com a questão da segurança da carga, baixar os preços e cortar as entregas foi uma ótima saída.
— Não posso levar o crédito, majestade, foi ideia de minha esposa.
— Catarina? Bem, não posso dizer que me surpreende saber que ela tenha tal tino, mas tenha cuidado, já lhe alertei sobre a ambição da minha filha. O que ela precisa é de um herdeiro para aninhar, não de mais ambições. - Rei Augusto disse firmemente.
— Esperamos ser abençoados em breve. - Afonso disse sem jeito. E tentando sair da situação ele usou a única desculpa que parecia eficaz em uma festa. — Agora, se o senhor me der licença, devo convidar a minha esposa para dançar.
-Sim, imagino que já teríamos sido transformados em pó se a curiosidade com a qual minha querida filha nos olha nesse momento fosse capaz de gerar calor.
Afonso riu junto com o sogro e caminhou em direção a Catarina, estendendo a mão para princesa, que sorriu e aceitou, rapidamente ficando de pé. Ela estava absolutamente linda, possivelmente roubando o foco da noiva. Seu vestido vermelho tinha um enorme decote e os cabelos estavam presos em uma trança, e por uma fração de segundo Otávio apareceu novamente na mente de Afonso, mas ele não permitiu que ficasse. Eles começaram a dançar e Afonso sentiu o olhar da esposa fixo no dele.
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Uma união política
FanfictionNada pode ser construído sem uma boa base e se manter de pé. Esse era um dos ensinamentos de seu pai, Afonso lembrava todos os dias do modo como o Rei se esforçava para ser firme e criar um sucessor justo e que pensasse no povo. Acalentava sua mente...