Sentimental

2.4K 285 7
                                    

Depois daquela conversa com o diretor, voltamos para a escola e agimos naturalmente. Ele foi para seu escritório cuidar dos assuntos do baile e do Conselho, enquanto que eu me dirigia para meu quarto aproveitando a tarde que havia chegado.

Estava fugindo dos médicos que estavam loucos a minha procura.

Bom, a minha cabeça nem doía mais e o sorvete e aquela conversa até que me ajudou a me sentir melhor, só me sentia um tanto cansada. Iria capotar assim que chegasse no quarto.

— Rebecca! — Chamou uma voz feminina e apressada. Olhei para trás para dar de cara com a feição um tanto felizarda de Laura Hollis usando um longo macacão de estampa floral seguida por Carmilla que usava suas tradicionais roupas de couro preto.

— Ei Laura! — Respondi. — Alguma novidade sobre as pesquisas?

— Hã... Não exatamente. — Ela sorriu um tanto envergonhada. — Sei que prometi pesquisar mais por você, porém acabei descobrindo uma forma de como poderíamos retirar Lilith de dentro da Rachel.

— Como? — Perguntei e ela travou antes de responder.

Lá vem coisa...

— Bom, de acordo com meus estudos, acredito que o mais viável era você repetir exatamente o mesmo com o que fez com as bruxas.

— Não mesmo... Rachel não está mais conectada a Elizabeth, se eu usar minha magia para tirar Lilith dela, obviamente Rachel irá morrer.

Laura juntou as sobrancelhas confusa.

— Mas... Rebecca isso é o que ela iria preferir. Rachel prefere encarar a morte mil vezes do que viver e pior... viver possuída!

— Não vou matar a Rachel. — Respondi com um tom meio incompreensível. Sentia que aquilo já era óbvio pra ela, por que estava me pedindo aquilo?

— Isso não é justo. — Disse Laura. — Quando Dany foi aprisionada vocês saíram correndo atrás dela para salvá-la, mas ninguém se importa com o que acontece com Rachel! Ela é minha amiga e a da Carmilla também!

— Laura não precisa ficar nervosa. — Disse Carmilla segurando o ombro da bruxa iluminada que me encarava com desprezo no olhar.

— Rachel, é imortal Laura. E ela sabe se cuidar ao contrário de Danyelle. E pra sua informação tentei salvar Rachel e quase morri por isso! A questão não é se me importo ou não com ela. É justamente pelo fato de me importar que não vou virar uma assassina.

— Você é a única que pode fazer isso Rebecca!

— E eu já dei minha resposta. — Respondi dando as costas para dirigir-me para meu quarto quando ela gritou lá de trás.

— Você não faz ideia do que Rachel passou ou do que ela já fez em toda essa vida! Ela merece paz! E você está tirando isso dela. — gritou.

— Laura! — Repreendeu Carmilla e abri a porta do meu quarto batendo com tudo e respirando fundo.

***

— Dia difícil? — Perguntou uma voz e ao olhar pra direção da cama, percebi que Alison estava jogada na cama com uma expressão nada animadora.

— Laura... Ela me culpa pela Rachel estar sofrendo... — Respondi me sentando na minha cama e Alison se levantou da dela para buscar água na geladeira.

— E você tem culpa? — Ela perguntou.

— Essa é a questão. Eu não faço a mínima ideia...

Alison respirou fundo e me deu um sorriso de canto.

— Sabe o que eu acho? Acho que ter duas garota do século passado presas no século XXI cercada de novas informações e especialmente sobre a amiga delas é bem puxado e difícil não culpar alguém. Dê um tempo a elas.

— Elas querem que eu mate a Rachel... — Falei e Alison arregalou os olhos.

— Uau, essa foi pesada. — Disse ela.

— Rachel anseia a morte faz tempo. E só eu posso ajudá-la agora que ela está livre de Elizabeth.

— Mas você não quer carregar esse fardo.

— Você iria querer?

— Deus me livre. Matar minha colega de quarto? Não. Seria assombroso demais. — Sorriu Alison. — Relaxa. No fim tudo dá certo.

Fiz que sim cabeça e estralei o pescoço antes de me espreguiçar na cama.

— E você ? Soube que esteve o dia inteiro com sua mãe. Já estava preocupada dela ter te tirado daqui.

— Ah, nem me fale. Foi um puta de um dia infernal. Nunca ouvi minha mãe xingar tanto quanto ela fez hoje. A maior das barras foi ter de ouvir as ameaças dela. E sobre como tudo isso foi arriscado.

— Sinto muito por ter te colocado nessa.

— Ah não esquenta. Você é tão louca quanto eu. Digo, invadir a casa do diabo? Mano ficamos literalmente muito loucos para fazer isso. — Ela começou a rir. — Foi a missão mais louca que eu tive na minha vida inteira.

— E depois eu sou a doida. — Sorri negando com a cabeça.

Alison sorriu, mas logo seu sorriso se esvaiu e uma feição séria e preocupada.

— Você sabe o que está por vir não sabe? — Disse ela e eu a encarei. — Espero que esteja se preparando Becca. As coisas vão ficar bem pesadas por esse lugar daqui pra frente. — Concluiu por fim.

Eu sabia disso. Mas.... Não eu não estava preparada, e muito menos pensando em me preparar.



Renegados do Inferno - Destinada - vol 3 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora