Capítulo 03 - 2010

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[Gael]

As comemorações do ano novo ocorreram tudo bem. Minha mãe, Estevão, minha tia e os filhos de Estevão estavam nos ajudando a embalar as coisas. Minha mãe havia doado alguns móveis e, em comum acordo comigo, venderíamos a casa mobiliada. Ainda não tinha tido a oportunidade de conversar com Marcello, mas ele aparentava ser legal. Miguel me olhava disfarçadamente e eu desviava o olhar. Sai de onde estava, dei a volta no sofá e, quando ia pegar uma caixa para embalar meus tênis, minha mão encostou na mão de Miguel. Nossos olhares se cruzaram, nossas respirações ficaram ofegantes.

― Desculpe. ― falei tirando minha mão.

De longe, percebo que Vicente percebeu o clima e ele sorri de canto. Subo as escadas rapidamente e adentro meu quarto. Logo em seguida, Vicente entra atrás.

― Tu está perdendo tempo. ― falou Vicente feliz.

― Do que você está falando? ― perguntei fazendo de desentendido.

― Fazer-se de idiota não combina com você, Gael. ― disse sentando na cama. ―  O Miguel está caidinho por você. ― falou.

― Eu não sei de onde tirou esse absurdo. ― falei.

― Não se faça de difícil por que tu também está caidinho pelo caçula dos Ivanovitch. ― sorriu.

― Você me conhece mais que minha própria mãe. ― pausei. ― Mas eu não vou ficar com o Miguel, ouviu bem? ― perguntei.

― Por enquanto, Gaelzinho. ― gargalhou Vicente.

― Vicente. ― chamei-o tentando manter a calma. ― O Miguel é filho do meu padrasto.― falei indignado.

― Ele é filho do seu padrasto, enteado da sua mãe, ou seja, Miguel não é seu irmão. ― retrucou abraçando-me.

― Você é louco, Vicente. ― sorri.

― Para de perder tempo e pega logo o boy magia. ― gargalhou. ― Tu é uma delicinha, Gael. ― disse sorrindo e passando a mão na minha bunda.

― Imbecil. ― sorri. Pulei em cima de Vicente e comecei a esfregar os dedos na sua cabeça. ― Mudando de assunto. ― falei sentando na cama. ― Quando tu volta para Milão? ― perguntei.

― Ah, não. ― resmungou Vicente. ― Por que você tem que me lembrar dessa parte, Gael? ― perguntou triste.

― Desculpe. ― falei.

― Mas respondendo sua pergunta, volto para Milão neste sábado. ―  revelou.

― Você vem para o casamento da minha mãe né? ― perguntei.

― Claro que venho. ― afirmou. ― Jamais que não vou ver minha mãe casando. ― disse Vicente sorrindo.

Desde que os pais de Vicente o expulsou da casa deles,  que ele vive conosco. Minha mãe considera-o como filho e eu como irmão. Aos 18 anos, Vicente conseguiu passar numa agência de modelos e tornou-se modelo internacional. Hoje, aos 23 anos, ele viaja o mundo todo representando marcas famosas. A semana passou rápido e, no sábado, levei Vicente até o aeroporto para ele embarcar. Chegamos um pouco em cima da hora. Nos despedimos, choramos e Vicente prometeu que estaria no próximo mês no Rio de Janeiro para o casamento de minha mãe. Chorei um pouco ao ver meu melhor amigo adentrar os corredores de embarque. Durante o caminho, comecei a me recordar das travessuras que fazia com Vicente na escola ou em casa. A tarde, já iriamos mudar para o Rio de Janeiro.  

Chegando em casa, percebo que não tem ninguém. Adentro a sala principal, observo para ver se escuto alguma movimentação e vou até a cozinha. Abro a geladeira, pego uma lata de cerveja, abro e, quando fecho a geladeira, dou de cara com Marcello.

Os Filhos do Meu Padrasto  (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora