Capítulo 27: Passeio no Parque / outra chuva

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Vitor para o carro (Que graças aos céus, voltou do conserto), na entrada do Parque São Louis. O dia estava estranho, nublado, o céu cinza com um sol pálido.

- Então sua idéia era matar aula e vir para um parque de diversões?

- Era - diz Vitor segurando minha mão e rindo de um jeito distraído sensual.

Vejo a montanha russa com o sol fraco batendo nos seus trilhos. O brilho me faz por a mão nos olhos.

- Quer dar uma voltinha? - pergunta Vitor apontando para a monstruosa montanha de ferro.

- De jeito nenhum. Só de olhar já me dá vertigem, e me faz lembrar daquela maldita aposta.

Vitor abaixa a cabeça e por um instante vejo tristeza em seus olhos quando menciono a aposta. Eu não quero que ele fique triste, mas também não quero que ele esqueça do que me fez.

- A gente devia chamar o Jared para vim pra cá.

- Não não não, hoje o dia é só nosso - diz Vitor virando de frente pra mim e me puxando pela mão.

Vimos uma barraca de tiro ao alvo e o Vitor teimou em consiguir um ursinho para mim, mesmo eu dizendo que detesto esses bichinhos do demônio.

Mas Vitor era muito ruim. Péssimo. Ele não acertava um tiro, e ainda ficava bravo, o que me fez rir, porque era muito engraçado ver ele brigando com as pelúcias.

- Espera, deixa eu tentar.

Seguro a espingarda da mão do Vitor e miro bem no número quatro. Mas eu tenho uma mira péssima, então acabo acertando o número três. Melhor que nada.

O cara da barraca trás um ursinho enorme roxo. Vitor começa a rir muito da minha cara, e eu dou o ursinho para ele.

- Meu presente para você, e presentes a gente não recusa.

Vitor pegou o ursinho e o ergueu para cima, e então começou a rir de um jeito leve que deixa ele com mais cara de anjo ainda.

- Acho que vou chama - la de Alexia. Vocês até parecem, na cor e na fofura.

- Eu não sou fofa.

- E sim.

- Isso parece fofo para você? - digo chutando a canela dele.

- AAAAU! isso doeu! louca!

Foi então que começou a chover. Primeiro um leve chuvisco, depois, uma camada grossa de água caiu do céu nós deixando molhados em segundos. As poucas pessoas que estavam no parque correram para se esconder, mas Vitor não me deixou fugir da chuva. Ele me puxou pela cintura até junto dele me prendendo colada ao seu corpo.

- Fica. Fica aqui comigo.

Vitor colou sua testa na minha e riu quando me deu um selinho rápido. Ele olhou para o céu e riu mais ainda, uma risada com toda leveza e felicidade que eu já vi. Então puxou meu queixo e me beijou lentamente. A chuva caia cada vez mais forte, e a minha boca ficou cada vez mais viciada na de Vitor.

Eu nunca senti aquilo antes. Foi como aquela vez no carro. Um beijo macio, doce, uma chuva agressiva, distante e fria.

- Fica comigo até não conseguir mais me deixar, fica comigo até não sermos mais dois, mas um só, fica comigo até você perder o controle e dizer que pertence a mim. Fica comigo até dizer que me quer, que está completamente apaixonada por mim, como eu estou por você.

Não tive reação. Na verdade eu tive, fiquei parada de baixo da chuva beijando aquele carneiro negro gostoso e perfeitamente perfeito. Não estava nem aí se estávamos parecendo dois malucos, ou para qualquer outra coisa que não fosse a boca do Vitor. Eu ficaria, eu queria ficar.

- Isso foi uma declaração? - pergunto rindo

- Pode ter certeza que sim, a mais pura e verdadeira, eu estou completamente apaixonado por você... berinjelinha.

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