Epílogo

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   Entro em casa e Lúcifer pula em cima de mim me banhando em sua baba. Confesso que senti sua falta,  ele era meu único amigo. Benjamin larga seu vídeo game e vem correndo me abraçar.

   - E bom ter você de volta! Tem um pedaço de pizza grandão te esperando, sem contar na variedade de doce, e um saco de Doritos - diz meu padrasto

   - Valeu, mas, humm... eu não estou com fome. Eu vou me deitar, com licença.

   Subo para o meu antigo quarto e caio na minha cama. E estranho estar de volta. Fico horas olhando o teto branco e sem graça. Não me movo, não falo, me limito a apenas respirar. As lágrimas vem rápidas e pesadas, deslizando pela pele quente do meu rosto. Começo a me sentir sufocada, e meu nariz fica entupido de tanto muco.

   Me levanto com dificuldade,  e vou até o banheiro do quarto lavar meu rosto. Olho no espelho e meus olhos me acusam de ter tragado um pouco da "erva da felicidade". Bom, não seria tão ruim agora, viajar com um pouco de erva, elas nós deixam leves e rindo a toa. Mas são apenas minhas lágrimas fazendo efeito. Assou o nariz, este também vermelho como os olhos, e vejo uma criaturinha entrar pela porta do banheiro.

   - Hey Lúcifer, somos só nós dois de novo - digo sentando no chão de ladrilhos, agarrando o cachorro babão no colo.

   Acordei ainda sentada no chão frio do banheiro. Meu estômago faz um barulho assustador,  como se eu estivesse com o Godzila dentro da barriga. Desço as escadas e vou até a cozinha fazer um lanchinho.A casa está tão escura e silenciosa, todos estão dormindo.

   - Ótimo - digo analisando a geladeira.

   Pego um saco de pão de forma e faço um super sanduíche de três camadas. Já disse que eu tenho problemas com o sono?

   - Alex... Alex... ALEX! - alguém me cutuca gritando

   - O que foi? - pergunto me virando para minha mãe e vendo que já amanheceu

   - Você não pode dormir em cima do balcão da cozinha - diz ela

   Percebo que havia dormido sentada e com o rosto em cima do meu sanduíche no balcão da cozinha. Tiro alguns pedaços de pão e molho do rosto.

  - E você não poderia ter me trazido de volta contra a minha vontade,  nem por isso eu fico te acordando aos berros. - digo indo embora para o meu quarto.

   - Espera... - me viro com a esperança de que ela vai dizer que eu posso voltar para o Canadá, mas ela morde o lábio e fecha os olhos - suas aulas começam amanhã.

   Dou um grito de raiva fazendo meu irmão e meu padrasto descerem as escadas correndo.

   - O que está acontecendo aqui? - pergunta Jhoseff preocupado

   Minha mãe pisca os dois olhos assustada e eu não digo nada, apenas subo para o meu quarto.

   Não saio do meu pequeno cubículo o resto do dia. Minha única companhia e Lúcifer e Bob Esponja.

   - Alex, seu p... - começa minha mãe abrindo a porta do meu quarto

   - Não sabe bater não? - pergunto áspera

   - Seu pai está lá em baixo,  ele quer te ver.

    - E mesmo? Então diz para ele que eu estou ocupada tentando me mumificar, e que ele pode voltar depois,  tipo, daqui uns 200.000 mil anos, ah e claro, se a vaca da esposa dele não o comer e depois regurgitar seus restos mortais.

   - E sério, se arrume decentemente e desça.

   Se arrume decentemente. Oh, e claro. Visto uma calça de moletom preta e uma blusa de mangas também preta escrito "anti - social", faço um coque no cabelo e coloco uma toca tampando toda a cabeça. E no rosto, uma máscara da morte, igual da daquele filme, Pânico.

AntissocialOnde histórias criam vida. Descubra agora