Antissocial

Capítulo 24: A festa na praia, a praia da festa

Eu realmente queria me enfiar dentro de um buraco. De preferência um buraco de concreto, sem nem um grão de areia.

Não sei como fui me deixar levar pela chantagem do Vitor. Mas bem, ele conseguiu me fazer vir nessa festa ridícula, mas não vai me fazer gostar disso.

Olhei em volta e vi aquele bando de meninas com biquínis minúsculos, e eu, claro, com uma calça jeans preta, uma blusa de frio enorme do superman, e all-star preto.

Tinha uma fogueira e uma cabine de fotos na areia. Como conseguiram trazer uma cabine fotográfica para uma praia? Sem contar nas muitas bebidas.

Mas como tudo que é ruim pode piorar, a Izabella veio caminhando até eu e o Vitor como uma sereia com pernas longas e biquíni pequeno vermelho. E quando digo pequeno, quero dizer que compensava mais ela vir pelada, daria no mesmo.

Eu deixei os dois lá, e fui me isolar em um canto. A lua estava bonita, eu nunca tinha reparado na lua, ou até mesmo no céu. A verdade é que eu passo mais tempo em lugares fechados e isolados. Eu gosto de solidão.

Acabei dormindo na areia. Eu que detesto areia, acabei achando ela macia e confortante. Mas qualquer sonho que eu pudesse ter foi ferozmente dilacerado quando Vitor me acordou.

- Ei! aí está você! eu estava te procurando.

- Quando eu finalmente começo a me socializar você vem me encher o saco?

- Socializar com quem? -pergunta Vitor confuso

- Com a areia! não é obvio?

Vitor começa a rir mostrando os dentes brancos, que ficam mais brancos ainda na luz da lua. Na verdade a pele dele ficou ainda mais pálida a luz da lua, e o cabelo ainda mais preto, e os olhos ainda mais azuis, e a boca... e a boca ainda mais desejável.

- Cadê sua namorada?

- Não sei, eu me perdi dela a um tempo. - diz Vitor preocupado - Se você quiser a gente vai embora, mas você pode ficar ai se socializando com a areia um pouco mais se você quiser.

- Vamos logo. - digo puxando ele.

- Calminha aí, berinjelinha, antes a gente vai ter que passar pela cabine de fotos, e tipo um ritual. Precisamos guardar lembranças do dia em que você dormiu na areia.

- Qualquer coisa para ir para casa.

E então a gente foi, mas se eu soubesse o que a gente veria, o que o Vitor veria, eu nunca teria ido. A Izabella estava na cabine de fotos sentada no colo de um cara que ela estava beijando, e estava sem a parte de cima do biquíni.