Capítulo 10: A festa - Parte 3: Pancadaria

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   Eu tinha certeza de duas coisas aquele momento. Primeiro: eu estava bêbada. Segunda: eu não ligava.

   Entrei no meio daqueles bêbados dançantes e comecei a imitá - los. Um cara chegou perto de mim e começou a me cerca.

   - Sai fora palhaço.

   - Que foi gatinha? relaxa - disse o cara me segurando pela cintura.

   - Relaxa o caralho! tira essa mão de mim ou então...

   - Ou então o que? vai chamar a mamãe?

   Lembrei que ainda estava com a garrafa de vodka na mão e acertei ela na cabeça do cara. Ele caiu mas se levantou rápido e veio atrás de mim. Eu estava pronta para acertar um murro na cara dele, quando  Vitor apareceu e derrubou o cara no chão de novo.

   Eu estava com a visão um pouco embassada, só vi que Vitor levou um soco na boca. Depois disso, não vi mais nada, só senti  Vitor me puxando para fora da casa da vaca.

   O apartamento estava escuro, acho que tia Saula já estava dormindo. Eu e Vitor viemos o caminho inteiro sem dizer uma palavra. A boca dele ainda estava sangrando,  isso porque ele quis me ajudar. Normalmente eu deixaria ele com a boca sangrando até morrer, até porque,  ninguém pediu a ajuda dele, mas eu estava tão bêbada, que resolvi ajudar.

   Puxei ele para dentro do banheiro e o sentei na beira da banheira.

    - Aí! mais devagar!

    - Cala a boca ou eu esfrego mais forte ainda - digo pressionando o algodão no canto da boca dele.

    Quando eu acabei, fique olhando a boca dele. Tão linda. Passei meus dedos em seus lábios e senti sua maciez. Tão perfeita.

   Vitor fechou os olhos e segurou minha mão em sua boca. Ele me puxou para mais perto e encostou sua testa na minha. Senti seu alito doce e quente. Respirei seu ar. Nosso ar.

   Estávamos quase nos beijando, quando tia Saula entrou no banheiro de roupão azul.

   - Eu ouvi vocês baterem a porta e vi que a luz do quarto tava acesa e a porta aberta, vocês querem alguma coisa?

     Tia Saula nos olha com um sorriso meio tonto de quem acabou de acordar, e eu e Vitor nos afastamos.

     - Oh! me desculpem,  eu só pensei que fossem querer alguma coisa, a porta do quarto estava aberta e eu entrei,  mas já estou saindo,  podem continuar!

     Vitor se levanta da borda da banheira o mais rápido possível,  e saiu andando.

      - Não vamos continuar nada,  porque não está acontecendo nada! agora se as duas não se importam,  eu quero dormir.

     Tia Saula me olha confusa e eu dou de ombros. Ela sai do quarto e fecha a porta. Vitor fica deitado lá no beliche de cima olhando para o teto. Retiro o vestido e  coloco meu moletom, tá na hora de dormir mesmo.

     - Apaga a luz.

     - Apaga você - digo cobrindo a cabeça  com o edredom.

     - Você tá mais perto, eu estou aqui em cima- diz Vitor incrédulo.

     - Foda-se.

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