Capítulo 2: Doido/drogado/gostoso

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   Morro de medo de altura.  Sério, eu tenho pavor. Não subo elevador,  não ando em montanha russa, e nem nada que fique a mais de um metro do chão.  Já pode imaginar como  essa viajem de avião,  para a casa da minha tia  foi horrível. Eu fiquei me segurando no assento o tempo todo, não consegui dormir e não conseguia parar de tremer. ainda bem que não teve turbulência.

   Quando cheguei no aeroporto minha tia me esperava com uma Plaquinha escrito meu nome, e ainda bem. Não a reconheceria nem se isso fosse salvar minha vida.

   Post scriptum - Sobre minha tia: ela é hippe,  vive se metendo em causas ecológicas e já foi presa. Agora eu te pergunto,  como essa pessoa pode ser uma boa influência para mim?

   Nossa ida até o apartamento dela mais do filho doido/drogado dela, foi cheia de pontos de exclamação dos tipo "nossa Alex como você cresceu! " "você está tão bonita! " , "Deus!  esse trânsito esta horrível! ", etc e tals. Não prestei muita atenção no que ela dizia, coloquei meu foninho e aumentei a Territorial Pissings do Nirvana no último.

   Não sei porque a gente tem essa mania de quando está triste fazer a coisa mais cliché do mundo. Mas não importa,  olhei pela janela do carro e fiquei observando os outros carros passarem. Um carro passou bem ao nosso lado e fiquei observando a família feliz dentro dele. Parecia com a minha antes de meu pai se separar da minha mãe. O casal dentro do carro tinha uma menina e um menino.

   Logo lembrei de Benjamin. Apesar dele ser filho do meu padrasto com a minha mãe, se meu pai tivesse ficado com ela, Benjamin seria seu filho.

   O menino de dentro do carro abriu a janela. Ótimo, minha primeira socialização com alguém desconhecido no Canadá.

   Quando o menino abre a boca em um sorriso penso que ele vai me dizer um oi, sei lá,  mas ao contrário disso ele estende a mão e me mostra o dedo do meio.

   Bem, se aquela fosse a minha família,  aquele menino com certeza seria eu.

   Quando chegamos no apartamento dela fiquei enjoada. A decoração era toda no estilo hippe zem, aliás não combinava nada com a música do Slipknot que estava tocando na maior altura, e que por sinal, eu estava adorando.

   - Viiitoooooor, vem ajudar sua prima com as malas!- disse minha tia tentando soar mais alta que a música- e, por Jesus,  desliga essa música!

   Fiquei esperando o doido/drogado do meu primo vim me ajudar a levar as malas para o meu quarto, mas ele não desligou a música e também não veio. Talvez não tivesse ouvido.

  Perdi a paciência e resolvi arrastar eu mesma minhas malas para o quarto, mas como eu sou baixinha e magra, as malas pareciam ter chumbo dentro. Minha tia deve ter percebido minha dificuldade, porque gritou pelo doido/drogado do filho dela de novo.

   Eu estava esperando um garoto magrelo, com aspecto de mendigo, barba igual a do gordoel, e cabelo grande cheio de dreggae. Mas, o garoto que saiu resmungando do quarto era tipo um deus grego. Ele estava usando só uma calça larga de moletom preta, deixando a barriga de tanquinho a mostra pela falta da camisa, e os pés descalços . Os cabelos pretos encaracolados estavam bagunçados e davam profundidade aos seus olhos azuis,  ele tinha uma tatuagem na costela e sua boca, (Deus! que boca!) era perfeita. Então me processem por achar meu primo gostoso.

    Segui ele até o quarto de paredes pretas, que tinha um beliche e muitos pôsteres de mulheres peladas. Esse quarto devia ter sido  dele, acho que agora ele está dormindo com a tia Saula, mas foda-se,  e  ele bem que podia ter levado os pôsteres junto com ele.

    Meu primo doido/drogado/gostoso jogou minhas malas na cama de baixo do beliche, e subiu com um pulo treinado na beliche de cima.

   - Você poderia ir para o seu quarto, por favor? tô querendo dormir - digo áspera porque conserteza ele não tem desconfiomêtro

   - Como assim?  a sua titia não te falou? este é o MEU quarto. Você vai dividir ele comigo. Você e quem devia sair, você e a intrusa.

   - Escuta aqui seu idiota,  eu não sou uma intrusa, e eu não vou dividir este quarto com você.

   - Ótimo sua anã, dirija - se ao sofá.

   Isso só pode ser brincadeira, eu não posso dividir um quarto com alguém.  Ainda mais com esse ser irritante.

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