TEMPORAL

21 · Ele

Levei minha mãe para um restaurante afastado da confusão que ela armou.
— Você não deveria ter descontando seus problemas na garota.
— Filho, volte para casa.
— Não quero que a trate daquela forma.
— Mas, ela é uma ladra. – levanto a deixando sozinha. – Tudo bem, não irá se repetir. – volto a sentar.
— Seu pai, está me traindo. Uma amiga minha que trabalha na empresa pela manhã disse que ele está tendo um caso com a secretária pessoal.
— Secretária pessoal?
— Sim.

Sem dúvida aquela história não estava se encaixando, meu pai nunca mentiu para mim. Ele mesmo me disse que não tinha uma secretária mulher e sim um homem, um senhor atrapalhado.
— Como é o nome da sua amiga?
— Carol.
— Como ela sabe dessas informações?
— Eu não sei, eu não perguntei sobre isso, deve ser que ela viu na empresa eles dois juntos.
— Em que turno ela falou que viu eles juntos?
— A noite, é claro. Por que essas perguntas?

Sem dúvida a tal da Carol estava mentindo ou meu pai estava.
— Eu vou descobrir sobre isso, não se precipite.
— Você vai voltar pra casa?
— Por agora não.

Ao anoitecer fui a empresa do meu pai, o seu secretário era justamente quem ele tinha dito, um senhor não muito idoso chamado Domingos.
— Boa noite senhor.
— Boa noite filho, geralmente o Mauro não atende a esse horário, volte amanhã por favor.
— Está tudo bem sou o filho dele.
— Filho do Mauro? É verdade estou reconhecendo da foto, bem mais bonito do que eu imaginava. Por favor entre, já comuniquei que você está aqui.
— Só uma coisa, há quanto tempo trabalha de secretário para meu pai?
— Há muito tempo. Já estou aposentado, mas sabe como ele é não quer me deixar.
— Entendo. Muito obrigado, vou entrar.

Na empresa meu pai se encontrava totalmente centrado, na sua sala tinha várias fotos nossas em família.
— A que devo essa honra de te ter na empresa?
— As coisas estão bem em casa? – pergunto
— Conhece a Elise, quando põe algo na cabeça é difícil tirar. Ela tem até falado sobre divórcio.
— A mãe está confusa, uma amiga tem inventado sobre um caso seu com sua secretária pessoal.
— Secretária pessoal? Só tenho o Domingos, isso significa que agora sou gay? – ele rir
— Ela não está acreditando.
— Qual o nome dessa amiga?
— Carol.
— Mas filho, Carol não é aquela mulher que queria namorar comigo?
— Eu não sei, como vou saber?
— É ela, eu lembro que ela continuou sendo amiga da Elise. Só pode ser brincadeira, vou dar um jeito nisso.
— Tá certo, vou ficar um tempo fora até que tudo se ajeite entre vocês.
— Faça como achar melhor filho.

O abraço e sigo para casa.