O ritual da Morte

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A viagem até o vilarejo era tranquila apesar de tensa. O velho ao meu lado, era muito sinistro, ele tinha um olho cego, dentes faltando e amarelados e uma enorme cicatriz no pescoço. Quando eu perguntei sobre a marca, ele olhou pra mim e disse com um sorriso estranho:

- Você não vai querer saber!
- O que você fazia naquela região do Brooklyn? - decidi mudar de assunto
- Eu também conhecia o padre Michael, eu o visitava sempre, mas desde que isso tudo começou, deixei de ir as missas!
- Por que?
- Por que eu encontrei a verdade! Quando nosso Messias apareceu em nosso vilarejo, as coisas mudaram, o mal não nos ataca como antes!
- Quer dizer que vocês acham que esse ser é o novo Cristo?
- Sim, talvez mais! Ele sempre pede por mais almas, então nosso dever é recrutar novos escolhidos para ele!
- Imagino que tentou convencer o padre a se unir a vocês!
- Sim! Nós tentamos, mas ele não me escutou e agora veja como ele acabou no final, coitado!

Naquele momento eu pensei comigo mesmo que o que houve com o senhor Michael não foi um assassinato qualquer, certamente aquele velho e sua seita satânica estavam por trás disso. Eu só queria dar o fora dali o mais rápido possível e continuar juntando os ingredientes para fazer as preciosas balas de Deus, que destruiria Lúcifer para sempre. Eu olhei para trás e avistei Gabriel ainda dormindo profundamente, não ia despertar tão cedo.

Inesperadamente, avistamos um dos mercenários sentado na beira da estrada, gravemente ferido, onde teve seu braço esquerdo arrancado, perdendo muito sangue. O velho camponês parou o veículo e descemos para vê-lo. O bandido começou a suplicar para que não o matasse, mas eu pedi calma e perguntei:

- Eu não vou te matar, apesar de você merecer! O que foi que aconteceu?!
- Aquelas pessoas... São piores que demônios...
- De quem você está falando?!
- Cuidado Ryan! Eles vão te pegar se você deixar... Não se aproxime daquele lugar...
- Que lugar?! Responda! - Eu já estava ficando impaciente

No entanto, o mais bizarro aconteceu diante dos meus olhos, o misterioso velho cravou um tridente de carpir no crânio do rapaz, matando ele na hora, onde o ferro atravessou seus olhos. Eu fiquei sem reação, nunca imaginei que aquele senhor de idade seria capaz de cometer um ato tão cruel e comentei:

- Por que você fez isso?!
- Ele era um mercenário, tentou te matar na igreja ou você esqueceu?!
- Claro que não esqueci, mas...
- Em nossa terra é assim que a lei funciona, saiu da linha uma vez, será condenado a morte!

Entramos no automóvel novamente e continuamos o trajeto, o clima estava pesado, e ele apenas resmungava sozinho, limpando seu rosto com um pano encardido para tirar as manchas de sangue. A minha vontade era de dar um tiro com minha 12 na cabeça dele e prosseguir a minha missão, mas eu tinha que saber onde era esse lugar e dar um fim nessa história de Messias.

Não demorou muito para chegarmos ao local. O vilarejo parecia mais uma aldeia indígena, onde apenas um templo ficava no alto da colina. Uma mulher e duas crianças apareceram, dizendo ser da família do senhor Jeff, esse era o nome do estranho homem.

- Querida esse é o Ryan! Finalmente eu o encontrei! - disse ele me apresentando
- Prazer em te conhecer Ryan! Nosso mestre ficará contente ao saber que está aqui!
- Estou ansioso para conhecê-lo!
- Mais tarde nós iremos juntos ao templo sagrado e você o verá com seus próprios olhos! - Falou o velho com um sorriso sarcástico

Aparentemente a mulher dele foi bem generosa, me fez um café, enquanto Gabriel terminava seu sono deitado numa rede. A casa era bem simples, mas estranhei ao ver as crianças brincando com a cabeça de um bode.
Quando eu perguntei o motivo dos filhos dela com a cabeça do animal, a resposta me assustou:

- Foi um presente do nosso mestre por ter nos comportado bem!

Eu não sabia o que era mais intrigante, ser comandado por alguém desconhecido naquelas situações ou receber de presente a cabeça de um bode por bom comportamento. Aquilo era só mais um sinal de que o mundo estava perdido e Lúcifer dominava a humanidade.

Obscuro final; Consumados (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora