Mercenarios e Demônios

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Eu caminhava pela estrada deserta, não avistava ninguém, mas apesar da solidão e o perigo, eu estava armado e muito bem armado. No meio do trajeto eu avistava as placas de sinalização, todas sujas de sangue, como se tivesse ocorrido uma carnificina por ali. Parei embaixo de uma placa e peguei um sanduíche da minha mochila, faz tempo que não havia comido nada, eu tinha que repor as energias. Nesse período eu escutei um barulho de uma moto vindo ao longe, na mesma hora eu me escondi atrás de uns arbustos e saquei minha 9mm, esperando atacar o suposto bandido. Imaginei que devia ser um mercenário atrás de recompensas contra esses desavisados. Porém, ao ouvir melhor reparei que se tratava de uma moto estradeira, e eu reconheci aquele motor, por que era minha. Engatilhei minha pistola automática e assim que se aproximou, invadi a estrada apontando a arma para o motociclista. O misterioso homem estava de capacete e ergueu as mãos, onde eu falei:

- Tire o capacete e se identifique!
- Não atire em mim Ryan!
- Como sabe o meu nome? Diga ou será um homem a menos nesta estrada!

Ele tirou o capacete e fiquei surpreso por ver quem era, o meu amigo Arcanjo Gabriel, andando na minha moto. Nos abraçamos e eu perguntei o que ele estava fazendo aqui, e ele explicou:

- Mercenários irmão!
- O que aconteceu?! Machucaram minha família?
- Não! Mas eles apareceram em sua casa atrás de você, por sorte eu e Keyjah estávamos lá para proteger sua esposa e sua filha Sara!
- O que eles querem comigo?
- Eles estão te caçando Ryan! Jason Backer ofereceu a esses assassinos cem milhões de dólares pela sua cabeça, está obsecado em te matar! Então eu convenci os outros a te procurar pra te ajudar!
- Agradeço a intenção, mas eu não preciso da sua ajuda Gabriel!

Quando eu dei as costas para ele, o Arcanjo me pegou pela jaqueta e me pressionando sobre um tronco de árvore, olhou em meus olhos e disse com muita raiva:

- Escute aqui parceiro, eu também vim de longe, comi o pão que o diabo amassou, perdi meus poderes divinos por salvar sua filha, arrisquei minha vida vindo até você, mas apesar disso tudo, minha alma ainda é de um anjo, mas agora sinto a fúria de um mortal!

Empurrei Gabriel para trás, eu também estava nervoso mas entendi o que ele queria dizer...

- Você vai precisar de uma arma, não sabemos o que iremos encontrar na outra cidade!

O Arcanjo retirou sua espada nas costas e afirmou que aquilo era o suficiente e pra ajudar, avisou que ouviu relatos de pessoas sendo atacadas por demônios em plena luz do dia nas ruas do Brooklyn.

- Ok você pode me acompanhar, mas eu piloto!
- Ela é toda sua! - disse ele sorrindo

Seguimos viagem rumo ao Brooklyn, onde contei a ele sobre a bala de Deus que achei na cabana abandonada.
Gabriel também ficou surpreso com a informação, disse que provavelmente seria a última bala do mundo, já que as últimas nós usamos aquele dia em Londres. A única forma de criá-las novamente seria reunir os ingredientes sagrados que o próprio Arcanjo Miguel fez quando terminou a primeira guerra mundial. Ao perguntar onde achar esses itens, ele respondeu:

- Será uma tarefa difícil, mas eu sugiro que procuremos dentro de uma igreja católica!
- Por que?
- Precisamos de uma óstia consagrada por um padre, é o elemento principal para criar a munição que vai dizimar essas coisas para sempre!
- Já sei onde achar, segure-se! - Acelerei minha moto rumo ao próximo destino

Eu ia visitar o velho padre Michael, apesar de no passado ele estar contra mim quando pensou que minha filha era um demônio, imaginei que a essas horas ele deveria estar rezando com medo desses demônios do inferno. No entanto, quando chegamos na cidade, ficamos espantados com o que tinha acontecido. A neblina era intensa, quase não era possível avistar o outro lado da rua, mas o que chamava a atenção era a paisagem de caos e destruição naquele subúrbio. O bairro onde eu fui criado, tinha se transformado num campo de guerra, carros capotados, postes caídos no asfalto e gritos ao longe pedindo socorro. Saquei minha Calibre 12 e o Arcanjo retirou sua espada, andávamos cautelosamente pelas ruas obscuras, era difícil enxergar com aquela névoa gelada. Ouvia passos ao meu redor, mas eu não me atrevia a atirar e muito menos perguntar, onde o mal ficava a espreita, apenas esperando o momento certo de atacar. Inesperadamente, percebo que estava pisando no molhado e ao olhar para o chão, avisto um rastro de sangue que seguia até a igreja do padre Michael. Engatilhei minha arma e fiz sinal com os olhos para meu amigo, para que pudéssemos entrar no local sagrado. Abri a porta do templo bem devagar e tudo estava escuro, Gabriel tinha uma lanterna militar e iluminava o interior da igreja, até nos depararmos com algo terrível. Fiquei em estado de choque quando vi o corpo do padre crucificado de cabeça para baixo e a pele do seu rosto arrancado, onde um enorme corte na barriga, fazia o sangue escorrer pelo seu pescoço.

Obscuro final; Consumados (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora