Prólogo.

548 26 16
                                    

Nota inicial:  Save Me não tem quaisquer ligação ou intençao de denegrir a imagem de quaisquer nome aqui citado. É uma história que, em muitas vezes, infelizmente, aborda a realidade de muitas pessoas, mas sem qualquer envolvimento dos nomes aqui citados ou envolvendo suas realidades. Abuso e agressão domiciliar é crime! Transfobia, homofobia ou qualquer preconceito direcionado a qualquer pessoa de cor, LGBTQI+, estrangeira…. É crime! Pedofilia é crime! Se souberem de quaisquer situação envolvendo esses temas, denunciem, mas certifiquem-se do seu anonimato.

Boa leitura.








                               ~°~





Lembro-me que, certa vez questionei minha mãe sobre o que era amor. Estavamos só nós dois em casa, na cozinha para ser mais específico. Mamãe provava um pouco da sopa de galinha que fazia, ela sorriu, mas eu não sei dizer se pelo bom gosto que tinha ou se era pela pergunta

— Ah meu filho, o amor é algo lindo, é belo, é delicado, carinhoso… O amor faz bem. Mas por que a pergunta? Conheceu alguma princesinha escola?

Como eu poderia explicar a minha mãe que a princesa havia se transformado em um belo principe, e o principe se transformado em nem tão bela princesa?

Eu sentia que havia encontrado meu Peter Pan… Sim, eu era apaixonado pelo Peter Pan, eu tinha feito planos de criança, em deixar o trinco da janela do meu quarto destrancado para que ele pudesse entrar… Mas nunca aconteceu... Talvez até tenha acontecido, mas meu Peter Pan se transformou em um sapo…

Até hoje não tive uma resposta exata de minha mãe, dúvido muito obtê-la de alguém… Talvez nem ela mesma tenha sido sábia suficiente para me responder. Mas me lembro da sensação perfeita que senti, eu ânsiava ir para escola todos os dias apenas para estar com ele, o primeiro namorado a gente nunca esquece, mas com ele foi especial pelo simples fato de ter sido ele.

Óbvio que era tudo muito sigiloso, mas os selinhos que demos eram deliciosos, eu apenas sentia minha face quente a cada beijo na bochecha ou selinho nos lábios que ele me dava. Eu amava ficar em seus braços, ou passear de mãos dadas com ele pela praia. As vezes ficávamos horas e horas conversando sobre várias coisas… Inclusive sobre minha sexualidade.

Temos diferenças de idade, ele é um ano mais velho do que eu, mas sabia de coisa mais avançadas que eu não fazia idéia que existia. Tínhamos diversos tipos de assuntos e as vezes comentávamos alguns filmes pornô que ele assistia, mas nunca me chamou para assistir ou pediu para fazer algo comigo, tínhamos respeito um pelo outro. Mas foi com ele que eu aprendi o que significava a palavra gay, ou viado, como a sociedade nomeava.

Por não ter tantas informações na época e ter sido privado de procurar no mundo virtual, de 11 pra 12 anos me considerei ser uma menino gay. Mas eu sabia muito bem que isso não satisfazia o que eu sentia. Não era uma simples atração pelo mesmo sexo que eu, não era a falta de atração pelo sexo oposto, o problema não era exatamente atração por alguém, o problema era eu.

Eu não me encaixava nos padrões héterossexuais ou homossexuais, mas sempre me senti mais atraído por homens. Eu sabia exatamente como eu me sentia bem, quando meus pais me deixavam sozinhos em casa por pura insistencia minha e iam para qualquer canto que fosse, até mesmo trabalhar, eu pouco me importava, eu só queria estar só e vestir as roupas da minha mãe. Meu universo mudava completamente, minha realidade mudava e eu me sentia capaz de me expressar do jeito que eu queria, o jeito certo. Era como se minha vida ganhasse um sentido, por um tempo curto mas ainda sim, maravilhoso. A sensação de me sentir bem com meu próprio jeito era algo indescrítivel.

Mas isso só se aplicava quando eu estava sozinho, com meus pais, eu era obrigado a interpretar meu papél, eu não queria saber na época o que eles achariam do meu gosto ou do meu jeito. Mamãe sempre me disse o quão orgulhosa era por ter um lindo príncipe como filho e que estava ansiosa para ver a princesa que eu iria apresentar a ela…

Meu pai... Este sempre foi um caso perdido, não vale a pena citá-lo. No entanto, sua presença em minha vida me serviu de lição para valores importantes que aprendi ao longo do tempo em que guardei profunda mágoa do ser que um dia chamei de pai. Fui obrigado a namorar uma bela menina da mesma sala que eu, no alto dos meus 14 anos. Lembro-me até hoje da reação espantada que ela, a menina, teve ao descobrir meu relacionamento com outro homem. Levou um tempo para que ela pudesse assimilar e me perdoar por ter escondido dela, por fim ela me ajudou a mentir para meus pais.

Não posso dizer que depois dos 14 minha vida se ternou um mar de rosas, mas não posso reclamar do que já passei. Serviu pra cair e aprender com a queda, mas nunca imaginei decair tão fundo pra aprender o real significado do amor…

No fundo, me questiono se minha mãe realmente sabia o significado dele, talvez para uns seja diferente do que para outros, talvez ela não tenha passado pela metade do que eu passei, talvez não tivesse conselhos bons para me dar sabendo da vida que eu levo, e mesmo que tivesse, se sentiria horrorizada em me dar.

Eu sinto muito por não ser o filho exemplar que você queria que eu fosse, mãe, mas eu te amo tanto que chega a doer, com todos os meus defeitos, meu coração bate de saudade dos seus beijos e carinhos, do seu colo protetor… Mas não posso dizer que sinto algum tipo de arrependimento, eu não teria aprendido o que sei hoje se ainda estivesse atrás da sua barreira protetiva.

Eu gostaria de ter sido um filho melhor, mas faltaram-me oportunidades. Nada vai curar a decepção que lhes causei, assim como nada me fará voltar atrás, é meio tarde demais pra isso, e eu não posso abandonar o barco que me salvou, no meio de uma tempestade.

Afinal, eu escolhi essa vida.

N/A: e aí, Saviors. Belezinha? Bom, Save Me entrará em precesso de reedição ( não faço ideia se essa palavra existe, mas o que vale é a intenção. ), ou seja, minha bebezinha será reescrita. Tem muitas partes soltas aqui que não condizem com Protect Me (segunda temporada). Porém, Save Me não vai falar sobre transsexulidade como PM fala, SM vai continuar abordando o assunto inicial: abuso domiciliar. Então só vou mudar a escrita e, adicionar detalhes a mais e melhorar essa bosta. Não sei se o wattpad vai notificar os capítulos modificados, assim como eu tambem não vou poder modificar todo dia. Mas vai ter capítulos a mais. Por enquanto é isso. Beijinhos amores, obrigado a quem se interessou a ler esse capítulo, e um obrigado ainda maior à quem for acompanhar as mudanças em SM.

Save Me { Primeira Temporada / Reescrevendo }Onde histórias criam vida. Descubra agora