Abro a porta da humilde casa em que vivo, a qual divido com um homem cinco anos mais velho do que eu. A residência está silenciosa, o que significa que ele está dormindo ainda. Fecho a porta e sigo para o quarto passando pelo pequeno corredor, abro a porta e o vejo jogado na cama do mesmo jeito que adormeceu ontem: apenas com uma boxer. A peça é coberta por um lençol. As roupas e sapatos estão jogados no chão, há roupas jogadas até em cima do armário, as mesmas que dobrei e guardei ontem antes dele sair. Coloco a mala que trouxe da casa da minha sogra, sobre a cama e puxo o lençol do corpo dele. Abro a cortina do quarto, deixando que o sol anule a escuridão, assim eu não gasto minha voz
- Hmmm! Porra Minhyuk! - resmunga cobrindo o rosto
- Sua mãe mandou o endereço da pizzaria. - paro ao lado dele, mesmo sem querer, ele me olha por completo. Tiro o papel do bolso e estendo à ele
- Eu não mereço um beijo de bom dia, é isso mesmo?
- São 2h da tarde. - deixo o papel sobre o peitoral dele e saio do quarto, talvez mais tarde eu consiga arrumá-lo novamente. Sigo para cozinha encontrando uma pilha de louças na pia, restos de comida na mesa centralizada e o chão cheio de gordura.
Faxinei essa casa ontem.
É impressionante o jeito como as coisas seguem, ele não consegue se acostumar com o fato de não ter a porra de uma empregada em casa, imaginei desde o princípio que seria algo difícil para ele se acostumar. Mas ultrapassou os limites da dificuldades.
- O que foi fazer lá? - a voz grave e suave dele me desperta estando bem atrás de mim
- Pegar minhas roupas que ficaram lá. O que aconteceu com essa cozinha, Kim?
- Você não deixou comida pronta, tive que fritar um ovo
- Lasanha está na geladeira, era só ter colocado no microondas.
- Tenho mesmo que sair hoje? - muda de assunto, me abraçando por trás, o corpo morno e cheiroso, diferentemente da residência, que parece ter sofrido uma guerra de comida - Eu tô todo dolorido...
- O que aconteceu para você estar dolorido? Resolveu experimentar o modo passivo com alguém? - me viro de frente para o moreno com um rostinho muito fofo de sono
- Eu sou homem, Minhyuk, essas coisas não são pra mim. - os olhos escuros descem analisando meu corpo e retornam para os meus olhos - Fui ajudar um amigo ontem, peguei peso em excesso e me fodi. Podia rolar uma massagem hoje, né? Tipo, kama sutra
- Eu não canso de me impressionar com a sua facilidade em falar de sexo do nada. Você vai sair agora ou esperar entardecer? - ele me olha, talvez esteja decidindo qual resposta me dar. No curto tempo, os lábios carnudos deixam um selinho nos meus. Ele ainda não escovou os dentes, o cheiro ruim de nicotina invade meu olfato, assim como o gôsto de comida e uma outra coisa que não consigo decifrar o que é. Parto o beijo, abaixando a cabeça
- Está muito ruim?
- Está desagradável. - afirmo
- Vou escovar os dentes... Você tem dinheiro aí?
- Eu vou te dar o dinheiro da passagem, vai se arrumar enquanto... - respiro fundo e olho ao redor - faço algo para você comer...
- Ok. - ele se retira da cozinha voltando para o lugar de onde saiu.
A bagunça é tanta que eu não sei por onde começar, talvez eu deva começar pelas louças. Caminho até a pia e recolho metade das louças sujas e coloco na mesa, obtendo um espaço maior na pia pequena para lavar o que está sujo. Começo pelas panelas, seguindo para os pratos e finalizo com os talheres. Coloco as louças lavadas na mesa, sobre um pano, vou até a geladeira e pego a lasanha instantanea, e a levo para o microondas, deixando que esquente. Junto as garrafas e latas de cerveja, as colocando em um canto próximo à máquina de lavar. Me viro dando de cara com o moreno, que se aproxima
- Eu tô bem assim? - ajeito a blusa azul dentro da bermuda marron
- Agora está
- Eu tô sentindo um gosto estranho na boca, pode sentir o que? - questiona com seriedade, e eu não tenho tempo de reagir ou responder, ele apenas segura meu rosto, me beijando em seguida. Não impenso que um sorriso saia entre o beijo, e nem dispenho o ser manhoso e carente que me beija.
Até o porque, esses cinco dias estão sendo extremamente cansativos para nós dois, mudanças me de causam estresse excessivo e, quando ele está de cabeça virada, é difícil aguentar tudo estando só com ele. Por que esta é a pura verdade, estou só, agora.
Fico na ponta do pé para aproveitar melhor nosso pequeno momento, já que sou menor do que ele, consideravelmente menor, mas não tanto ao ponto dele ter que curvar o corpo. Ele me ergue com facilidade, me sentando sobre a máquina de lavar. Já sei o que pretende, mas é apenas por isso que o impeço de continuar
- Não...
- Min...
- Você tem que sair, e eu tenho que arrumar essa casa
- A gente pode deixar essas coisas pra amanhã - tenta, apenas tenta voltar a me beijar - por favor. Você está me negando a uma semana, Minhyuk
- Eu não estou te negando, Namjoon, eu também sou um ser humano como você e me canso também. Fui conversar com o dono da casa ontem, com a sua mãe, e quando eu cheguei nem ví sua sombra. Meio injusto você me cobrar atenção justo quando eu estou resolvendo coisas para nós dois.
- Tá, Minhyuk, tabom.
- Para, não fica putinho. Vem cá. - puxo a blusa dele, trazendo o corpo para perto de mim novamente - Promete que vai se esforçar?
- Tá
- Amor...
- Prometo. - me olha firme
- Se você conseguir o trabalho, te darei direito de escolha mais tarde... hm? O que acha? - sorrio tentando animá-lo ao menos um pouco
- Direito de escolha, é? Eu gosto disso... - ele sorri de lado, o sorriso safado que sempre brota em seus lábios quando o assunto é sexo. - Não vai poder reclamar quando eu chegar. Tem certeza dessa proposta?
- Até parece que você não quer...
- Você sabe que eu quero, eu tô faminto há dias, tô enferrujado, já - dramatiza me fazendo rir
- Namjoon! - rimos - Vai logo, sr. Dramático. Ah não, senta pra comer antes - o moreno se afasta e me ajuda a descer da máquina.
Sirvo lasanha pra ele, e um pouco dagua, ainda não tenho condições de bancar o vício dele em refrigerantes. Enquanto almoça, guardo as louças lavadas e passo pano com desinfetante no chão. Não sendo o suficiente, tenho que lavar a cozinha de novo
- Tô indo. - avisa indo pra porta. Sigo ele tirando notas necessárias para passagem
- Toma. - ele se vira, pega o dinheiro e confere
- Tô sem cigarro, Minhyuk.
- Resolvo isso depois. Boa sorte. - inclino o rosto para receber outro selinho, demorado e estalado
- Eu te amo, Min.
- Eu também te amo, ursinho.
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Save Me { Primeira Temporada / Reescrevendo }
RomansaUm amor obsessivo, um casamento abusivo. Ela só queria ser amada e tratada como merecia, não queria mais se sentir humilhada, ela só queria ser amada por quem amava. Mas outro a deu o que ela realmente precisava... "No momento em que mais precisei...