Ele não está mais aqui...

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Meus cabelos são agarrados a medida em que continuo o vai e vem com sucção, vez ou outra ele praticamente fode minha boca, em outras, apenas tenta controlar o tesão que sente até que o líquido viscoso e sem gosto espirre na minha boca. Se tornou algo normal essa atitude dele, normal no período seguinte ao que saímos da casa dos pais dele. Assim como muitas outras coisas mudaram…

Tiro a boca dele e tento engolir, mas tenho ânsia de vômito com toda a gosma

— Engole. — meus cabelos são puxados com fôrça, levando minha cabeça pra trás — Engole, porra!

Dou um tapa na mão dele e recebo outro mais forte no rosto, me fazendo cair no chão. Engulo a porra em minha boca sem querer

— A próxima vez que você tentar dar uma de valente, vou te comer na porrada.

— Vai se foder, Namjoon!

— Eu quero te foder, mas a gazela tá cansada.

Me levanto do chão e dou a volta na cama, me deitando novamente.

— Minhyuk…

— Vai descansar Namjoon. Por favor, amanhã eu faço o que você quer

— Não promete o que você não pode cumprir…

— Você sabe melhor do que ninguém que eu posso cumprir até com o que você não aguenta, mas por hora, estou cansada…

Cansada é amor? Casei com um travesti e não sabia.

Suspiro, ele não está em sí, mas conseguiu camuflar o efeito dos tóxicos por algum motivo. Eu não deveria ter provocado ele.

Eu podia estar com uma mulher, comendo boceta, podia tá bem... Mas não, tô casado com um viado. Um travesti ridículo que nem mulher saber ser. PORRA!

Estremeço ouvindo Namjoon socar e destruir algumas coisas no quarto

— Por que eu fui largar a Jessi por um viado?! Por que?! Que saudade daquele corpo… tsc já fico de pau duro só de lembrar daquela boceta gostosa — chia

Meu coração se aperta com as palavras, eu sei que Namjoon tá chapado, mas dói. Tampo os ouvidos as vezes escutando ele xingar ou quebrar alguma coisa, definitivamente essa não é a vida que planejei pra mim. Pra começar, eu ainda queria ter meus pais comigo, gostaria de estar numa faculdade e ter uma vida decente. Eu não sei até quando ele pretende continuar com isso, até quando ele vai continuar alimentando a ilusão de que ainda vai poder recorrer para os pais e pedir ajuda. Eu tenho um pensamento completamente diferente do dele a respeito de casamento. Me casei para ter uma vida com ele e não com os pais dele. Mas meu marido resolveu sair da casa dos pais para viver foragido da polícia, depois que a gente se envolveu em um roubo de bancos. Sim, nos livramos da prisão, mas nossas vidas apenas piorou…

Do que adiantar morar de aluguel e não poder pagar a casa?

Quase consigo cochilar se não fosse por minha bexiga dando sinal de que está cheia, odeio quando isso acontece. Me levanto devagar da cama, ainda estou com dor, caminho até o banheiro. Namjoon está fumando na janela, mas sei que ainda não voltou a sí. Talvez tenha conseguido comprar o cigarro e os tóxicos.

Me alivío sentada no vaso e quando acabo levanto, sacodindo, lavo minhas mãos. A porta do banheiro bate contra parede me fazendo pular pelo susto, posso vê-lo atrás de mim através do espelho. Abaixo a cabeça, não quero ter que confrontar ele, ou que ele pense que estou fazendo tal ato, só quero dormir. Namjoon cola o corpo ao meu, me abraçando por trás, passando as mãos por meu peitoral e cheirando meu pescoço.

— Por que você não me quer mais, hm?

— Eu quero você — me viro para sí, tomando seu rosto em minhas mãos — eu quero você amor. Mas no momento, eu só quero dormir um pouco, é só o que eu quero

— Porque está mentindo pra mim? — acaricia meu pulso e desce para meu antebraço — Está com saudade de sentir minha mão?

— Não estou mentindo, ursinho

Onde está o dinheiro?

— Que dinheiro? — Namjoon acaricia meu ombro e segue com a mão para meu pescoço, devagar, quase caio no chão, tamanho foi o baque que levei ao ser enforcado. — Nam-joon!!!

Eu vou contar até 3, pra você me dizer onde está a porra do dinheiro

S-so-solta!! — meu oxigênio se esgota aos poucos, me deixando com uma leve pontada na cabeça. E a contagem começa.

O que fazer quando você tem que escolher entre viver ou entregar a única coisa que tem para se mantêr viva? Não é raro atitudes como essa vinda dele, não quando está chapado desse jeito e precisa de mais. Mas nunca vou conseguir me acostumar com esse jeito dele. Assim como nunca vou deixá-lo

— Um…

Me debato, mas tenho ciência que ele é mais forte do que eu, por mais que nós dois tenhamos corpo masculinos. Isso não quer dizer nada.

— Dois…

Eu sinto tanta falta de quando éramos mais novos, sinto falta de ser tratada como realmente me sinto, sinto falta daquele Namjoon apaixonado. Onde será que ele está?

— Três.

E como um passe de mágica, tudo é desligado. É como se estivéssemos em uma casa, com uma festa bombástica e, de repente, tudo parasse. A paz que me preenche é bem-vinda, por meu corpo, meu psicológico e meu íntimo. Está tudo interligado por mais que eu tente não misturar as coisas.

Eu sei que Namjoon não é esse monstro que se mostra para as pessoas, assim como fazia na favela, ele é uma pessoa boa, só se misturou com pessoas erradas. E, eu não desistir dele só por suas escolhas de amizades. Prometi amá-lo e ser fiel à ele enquanto vida eu tiver, e eu realmente desejo continuar amando ele…

*— E como fica? — pergunto

— Eu não sei… — passa a mão no cabelo escuro — eu tô me sentindo meio perdido

Suspiro desarmando totalmente, me aproximo dele, que está sentado na própria cama e o abraço. Namjoon acaricia minhas pernas e sobe as mãos até que possa abraçar minha cintura, um abraço apertado com um pedido de ajuda. Eu não vou negá-lo, não com tanta gente já negando, ele só precisa organizar as coisas dentro de sí mesmo, e não ser julgado como errado. Isso ele já sabe que está. *

Save Me { Primeira Temporada / Reescrevendo }Onde histórias criam vida. Descubra agora