Vingança

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⚠️Esse capítulo contém ⚠️

→Tortura psicologia

⚠️Estão avisados ⚠️

•∆•

O lupus saiu do cômodo e admitiu ficar um pouco nervoso. Não sabia se tinha ou não feito a decisão certa.

Rafa apenas olhava para Ed com pena, nunca em toda sua vida viu alguém tão maltratado como ele. Engoliu em seco e se sentou na frente dele, estalando seus dedos e logo colocou sua mão no queixo do mais velho, levantando seu rosto para olha-lo dentro de seus olhos. Nunca viu olhos tão sofridos.

"Vejo que meu namorado se divertiu por um tempo hm?" Seu rosto não expressava reação alguma. Percebeu que Ed não conseguiria conversar com ele, então um diálogo estava fora de questão. "Cadê seus dentes?" Franziu o cenho e agarrou o lábio todo rachado do alfa e o puxou, revelando sua boa. "Hm... Estão faltando alguns, está parecendo um bebê, praticamente só com a gengiva." Sorriu minimamente achando seu comentário estranho digno de uma risada debochada. Apenas ouviu um choramingo baixinho mas não sentiu nenhum sinal de luta vindo dele.

"Sabe... Eu rezava todos os dias para que você nunca me encontrasse quando me resgataram." Afastou sua mão e deixou a cabeça dele cair para baixo. "Por que voltou?" Se levantou e ficou de pé. "Voltou pra estragar mais vidas? Acho que sim né. Quantas outras vidas você quebrou enquanto estava fora? Anos e anos, impossível não ter aprontado nada." Sentiu um aperto no coração só de imaginar as atrocidades que ele pode ter feito.

"Eu te odeio." Rosnou e olhava de forma dura para o alfa, que fazia muito esforço para olhar para cima. "Por que nasceu?" Parou de rosnar e sua pergunta foi séria. "Por que sua mãe não te abortou?" Voltou a se ajoelhar na frente do alfa.

"Quantas mais crianças estuprou enquanto estava longe de mim?" Segurou os fios castanhos levemente grisalhos do mais velho e puxou com força, ouvindo um grunido dolorido. "Gostou de ser estuprado? Fodido contra sua vontade?" Ed ficou receoso em dizer algo.  "Acho que não né. Nem eu." Cruzou os braços. "Acho que você já sofreu o bastante... Já está até sem olho... Meu deus, graças a Deus, não tenho mais os olhos de um monstro como você." Sorriu satisfeito.

"Quando você morrer, ninguém nunca vai se lembrar de você, vai sumir com o vento." Fez carinho nos cabelos castanhos. "Que pena não é?"

Ed olhou suplicante para o mais novo, mas não queria causar mais discórdia.

"Não está se sentindo tão bem quanto se sentia quando estuprava inocentes?" Fez um beiço e o alfa estremeceu. Logo Rafa começou a se afastar, olhando em volta no cômodo mofado. "Está a quanto tempo aqui?" Perguntou mas não obteve resposta. "Bastante pelo que vejo, olha seu estado." Fez uma careta. "Tem sangue pra toda parte." Ficou pensativo. "Não foi só ele." Concluiu sozinho e voltou a olhar para o corpo, que tremia e tinha seus olhos fixos no chão. "Não... Ele chamou ajuda, certeza! Não sei se conseguiria fazer tudo isso sozinho." Observou mais os machucados horríveis por todo o corpo e por um instante sentiu dó.

Voltou a se aproximar e segurou a mão do alfa, que fez uma careta e gruniu dolorido, não tinha nenhuma unha em seus dedos e alguns deles estavam possivelmente quebrados.

"Hm... Admito que o que fizeram com você foi crueldade." Cruzou os braços e respirou fundo, tentando se manter calmo. "Muita crueldade, mas duvido que tenha pensado isso enquanto me empalava quando e como queria." Coçou sua têmpora. "Sabe, morro de nojo só de lembrar das coisas que você fazia comigo, mas fazer o que né? É a vida." Deu de ombros. "Alguns nascem em tronos, outros com pais amorosos que dão todo o amor do mundo, alguns nascem na pobreza e alguns fazem de tudo para ter a riqueza com todo seu suor. E teve eu." Viu que Ed o olhava atentamente. "Eu e como muitas outras crianças pelo mundo, sendo estupradas sem dó nem piedade por familiares ou desconhecidos."

"Você me ameaçava com qualquer coisa, sabia que eu era um ômega e ainda por cima criança, tinha medo de tudo, tudo tudo. Até medo de sair da porta eu tinha. Você me batia quando eu dizia um 'a' contra você ou quando resistia. Você me matou por dentro." Parou de falar por alguns instantes. "Você me destruiu. E pra quê? Só pra ter um minutinho de prazer ao ver as pessoas morrendo aos poucos? Olha o que me fez fazer." Levantou as mangas de seu suéter, mostrando a quantidade assustadora de cicatrizes e algumas novas, ainda com casca. "Eu te odeio tanto." Cobriu seus braços.

"Meu filho..." Se sentiu destruindo aos poucos. "Você me fez o perder... Ele escapou por entre meus dedos... Olhou dolorido para outro canto que não fosse para Ed. "Eu tinha encontrado minha felicidade, finamente encontrei o amor da minha vida, a pessoa que me ajudou a juntar todos os meus pedaços jogados no chão, ele tinha quase me completado, se não fosse por você." Rosnou sentindo uma raiva surgir. "Você me destruiu de novo. Seu filho da puta."

"Essa é sua recompensa por tudo que fez na sua miserável vida." Apontou para Ed, com desgosto. "Parabéns, conquistou o troféu, feliz?" Ed ficou pensativo e sentiu lágrimas em seus olhos e apenas olhou para um ponto aleatório, querendo que tudo acabe de uma vez. "Eu... Não aguento mais." Deu meia volta e começou a subir as escadas rapidamente de dois em dois degraus.

Quando chegou no térreo, viu Leo distraído num canto da sala mexendo no celular de forma serena, mas logo guardou o aparelho, olhando preocupado para o ômega.

"Como está?" Leo perguntou vendo o menor estar levemente perturbado e foi naquele momento que soube que fez a escolha errada. "Me desculpe, queria que-" Foi interrompido por um tapa e olhou assustado e Desacreditado para o ômega.

"Como ousa me trazer aqui de novo?!" Estava visivelmente irritado.

"A-Ah, me desculpe! Eu... Eu... Fiz a escolha sem pensar." Desviou o olhar e massageou o local onde recebeu o tapa, sentindo estar vermelho.

"Desculpe? Apenas isso que tem a me dizer?! Você me trouxe onde ele me estuprou, onde eu... Eu... Perdi meu filho." Sentiu seus olhos encherem de lágrimas. "Onde ele matou uma menininha inocente e torturou psicologicamente as duas... Isso é um cemitério." Engoliu em seco e abraçou a si mesmo. "Por favor, me leva pra longe daqui." Começou a chorar e Leo queria se bater com toda a força do mundo.

"Me perdoe, achei que fosse necessário."

"Eu quero saber porquê ele está vivo até hoje!" Apontou para baixo sentindo suas pernas tremerem.

Ouviu um estalo e levou um susto quando viu Leo carregando uma pistola, logo caminhou até o porão e desceu os degraus e Rafa apenas ficou olhando assustado para a porta. Tudo ficou em silêncio por alguns segundos até ouvir um barulho de tiro e dar um pequeno sobressalto. Viu o lupus subindo a escada guardando a pistola em seu cinturão.

"Vamos." Se aproximou do ômega e segurou a mão dele, o levando para fora daquela casa. Rafa olhou para trás e parecia uma daquelas cenas de terror no final do filme, quando o mocinho vence o vilão mas está completamente machucado e não sabe como continuar a vida. Engoliu em seco e tirou aqueles pensamentos da cabeça, apenas focando no lupus ao seu lado.

Depois de entrarem no carro e dar partida, Rafa encostou seu rosto no vidro, vendo toda a paisagem passar rapidamente e agradeceu a Deus por começar a chover, gostava muito pois os pingos o acalmavam e nada como um chocolate quente para ajudar.

Enquanto relembrava tudo o que aconteceu, sentiu um peso tremendo sair de suas costas, como se livrasse de um fantasma ou algo que o assombrava desde que tinha três anos. Ele agradeceria seu namorado, fez aquele monstro pagar por tudo o que fez, mas simplesmente não tinha energia alguma e se sentia sujo, queria tomar um banho pra se livrar de todo o aroma de si.

Ele só queria poder voltar para a sua cama quentinha e dormir.

π

Leo carregava o adormecido em seu colo para dentro da casa, e comum pouco de esforço, conseguiu colocá-lo confortavelmente na cama.

Respirou fundo e deu meia volta, saindo do quarto. Depois de conferir tudo, fechando a casa e se mantendo seguros, voltou para o quarto e abriu uma frente da cortina, subiu na cama e deitou atrás do menor, se aconchegando e fechando os olhos.

A chuva estava forte e ouvia apenas os pingos batendo contra as telhas e a grama, fazendo um barulho extremamente agradável por toda parte e não demorou muito para ele adormecer junto com o pequeno.

Ambos estavam exaustos. Emocionante como fisicamente.

•∆•

•Desculpe os erros•

Lupus • ABO MpregOnde histórias criam vida. Descubra agora