Pego

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"Rafa." Guilherme entrou na casa de seu amigo e se jogou no sofá. "Seguinte, eu tenho medo de acontecer alguma coisa com você." Suspirou e relaxou. Ambos tinham uma amizade desse nível.

"Não seja superprotetor." Revirou os olhos. "Se eu não soubesse me cuidar sozinho não seria Marechal, concorda comigo?" Franziu o cenho e se sentou a poltrona ao lado do sofá que o grande alfa estava esticado, ocupando por completo.

"Não dá. Você é meu irmãozinho adotivo e do Isaac também." Suspirou e olhou em volta. "Tô com fome, tem alguma coisa aí?"

Rafael revirou os olhos novamente e suspirou. "Tem sim, já pego, mas antes eu quero saber se já encontraram a sede deles." Se levantou e caminhou até a geladeira, trazendo um pouco com um bolo de fubá.

"Oba, fubá." Sorriu e abocanhou com vontade o pedaço que ganhou de Rafa. "Bem, nós descobrimos, ficamos toda a madrugada procurando sem parar até que enfim achamos." Disse de boca cheia.

"Isso é ótimo! Mas onde é?" Se sentou ao lado do amigo.

"Calma, você vai entrar lá com a ajuda do outro infiltrado." Semicerrou os olhos para o menor, que fez cara feia. "Não vem que não tem, você tem que ter alguém junto." Suspirou. "E também precisamos correr, não temos nenhuma informação sobre o Isaac ou os outros soldados." Olhou para a parede, pensativo.

Rafael ficou em silêncio encarando o chão.

"Vou tentar me apressar." Encostou as costas no encosto do sofá, preocupado com sua missão e o futuro dela. "Mas por favor, coloca uma pessoa boa com isso, não estou com vontade de ser pego ou algo parecido." Cruzou os braços, exigente.

"Não se preocupe com isso, temos pessoas profissionais na área."

"Assim espero..."

•∆•

"Ok... Então é ali?" Era uma casa simples porém muito reservada com um quintal frontal grande e os vidros de suas janelas eram escuras e foscas, impedindo de ver qualquer coisa lá dentro. Estava de noite e tinha apenas um poste iluminando a rua inteira, sua luz era fraca porém permitia ver onde pisava.

"Sim, e eu tenho que dar um jeito de entrar com eles." Gabriel, um beta, seria o reforço de Rafa. Ambos tinham um treinamento muito puxado, e isso facilitava muito em questão de sincronia. "Eu vou tentar fazer uma entrega de armas ou drogas, você vem comigo?" Recebeu um aceno negativo.

"Não posso, tenho que entrar e ficar lá. Se eu fizer a entrega eles vão suspeitar, já não basta aquele lugar." Ficou pensativo se referindo ao clube.

"Sei." Riu. "Deve ter sido terrível." Esse comentário chamou sua atenção.

"Bem..." Voltou a olhar para Gabe. "Na verdade não foi tão ruim tirando o fato de ter que me expor daquela maneira, eles te respeitavam de uma certa forma..." Suspirou. "Mas vamos voltar ao foco." Voltou a olhar a casinha. Ambos estavam escondidos bem longe e olhavam com a visão noturna de um binóculo proficional.

"Olha!" Sussurrou e apontou para duas pessoas estranhas de capuz preto caminhando até a casa, tocaram a campainha de depois de uns segundos o portão foi aberto. "Devem ser capangas."

"Ei Gabe." O beta o olhou. "Tem certeza que esse lugar é bom? Estou com um pressentimento ruim." Olhou em volta e Gabe apenas concordou.

"Claro que é, eu escolhi milimetricamente para ninguém nos encontrar." Sorriu passando segurança ao ômega.

"Estou confiando em você." Sussurrou e voltou a olhar pelo binóculo.

Depois de mais umas horas parados no mesmo lugar, estavam começando a ser alcançados pelo sono, fazendo assim o beta estar quase molengo encostado na árvore e Rafa caindo naquela grama confortável.

Sem perceberem, o sol surgiu no horizonte e aqueles dois homens saíram da casa.

"Você viu alguma coisa?" Rafael sussurrou com os olhos semicerrados pela dificuldade de deixá-los abertos.

"Huuum... Eu não... Hm." Caiu no sono encostado na árvore. O ômega revirou os olhos e se levantou, espreguiçou fazendo os pêlos da cauda e orelhas se ouriçarem e voltarem aos lugares em seguida.

Olhou em volta, mas não tinha ninguém até aparecer uma camionete estacionando na frente da casa, com algumas caixas em sua caçamba.

Seu sono foi embora num piscar de olhos ficando vidrado em cada movimento que as pessoas ali perto faziam. Saíram três caras do veículo e mais cinco de dentro da casa.

"Tem quantos caras nessa casinha?" Sussurrou e franziu o cenho. De dentro da casa, saiu mais uma pessoa que era muito familiar para o ômega, que abaixou as orelhas e sentiu seu coração palpitar.

Leonardo estava ali escoltando o carregamento olhando para todos os cantos cuidadoso, mas ele olhava especificamente para onde eles estavam.

Quando seu olhar se focou na árvore com os arbustos, Rafael paralisou. Beleza, é uma desgraça se esconder de um lupus.

Ele começou a caminhar rápida e firmemente em passos largos e se desesperou.

"Gabe!" Sussurrou chocoalhando o beta, que estava desmaiado de tanto sono. "Droga!" O puxou pela blusa, o dando um tapa forte que o fez acordar na hora.

"AÍ!" Fez uma cara feia mas logo a desfez quando viu o rosto desesperado do castanho. "O que foi?"

"CORRE!" Colocou seu gorro preto da blusa e correu, e Gabe apenas o seguiu nem querendo saber quem estava vindo.

Ambos corriam pela mata a toda velocidade possível. Rafa olhou para trás e se desesperou quando viu o lupus quase os alcançando, é bem atrás alguns outros capangas tentando acompanhar o chefe.

Ele tomaria a decisão mais idiota de sua vida, se sacrificando pelo Gabe.

Começou a correr para a direita enquanto Gabriel corria para a esquerda, e é claro que Leonardo seguiu o mais lerdo dos dois, Rafael poderia ser o Marechal, mas ele tinha muita resistência, mas na velocidade ele era meio decaído.

Por ser lupus, conseguia correr mais rápido que todos ali.

Não conseguiu correr por muito tempo e sentiu duas mãos na sua cintura e logo em sua barriga, o puxando para trás.

"Volta aqui!" Leonardo sorriu mostrando seus dentes pontiagudos, tirando o gorro alheio e franziu seu cenho. "Rafael?"

"Um." Arregalou os olhos.

"O quê está tramando?!" Com toda a força, o ômega o empurrou, conseguindo sair do aperto firme na cintura, voltando a correr e novamente foi alcançado rapidamente, não dando nem cinco segundos de corrida.

"De mim você não foge." Segurou as pequenas mãos mas Rafael não parava quieto. "Se acalma." Colocou mais força mas o ômega não parava. "Que porra!" O forçou para baixo fazendo ambos caírem.

Ficaram numa posição muito constrangedora, pelo menos para Rafael, que caiu e Leonardo se encaixou certinho no meio de suas pernas enquanto tinha seus pulsos segurados com muita força em cima de sua cabeça, respirando pesado tentando recuperar o fôlego e provavelmente estaria vermelho pelo calor que a corrida causou no seu corpo, com a cauda entre as pernas e orelhas em alerta.

"Me solta!" Tentou tirá-lo do meio de suas pernas o chutando mas não deu certo, o sentindo se aproximar mais para não levar mais chutes. "O que está fazendo?!"

"Tentando fazer você sossegar esse facho." Fez uma carranca nada boa e o ômega parou imediatamente. "Melhor." Disse mas ainda estava com o rosto furioso e segurava os pulsos de Rafa. "Você vai me dizer tudo, o que está tramando, rapaz?!"

Rafael entrou numa enrrascada pior ainda, estava realmente frito.

Maldito lupus e seus instintos apurados!

•∆•

Desculpe os erros•

Lupus • ABO MpregOnde histórias criam vida. Descubra agora