Lupus • ABO Mpreg

Surto

"Hm..." Olhava de um lado para o outro, coçando sua cabeça e esperando, entediado, alguém aparecer naquele cômodo.

A porta estalou e ele levou um susto quando a maçaneta girou, mas um certo alívio surgiu quando viu que era Leonardo e ele trazia comida. Sentiu seu estômago roncar e sua boca salivar.

"Trouxe algo pra você." Se aproximou do ômega e lhe entregou a bandeja e se sentou na cadeira que tinha no cômodo.

Rafael nem se importou com o lupus ali, ele só estava com fome.

"Hm... Ei." O alfa o chamou baixo e o o menor franziu o cenho, parando de comer e olhou para ele.

"Sim?"

"Eu tenho uma pergunta..." Sentiu seu coração palpitar. "O que aconteceu com você?" Sussurrou e Rafa perdeu a fome. O cômodo ficou silencioso por uns minutos.

"Como assim? Eu fui sequestrado por você e estou aqui agora nesse tédio." Revirou os olhos mas desviou o olhar, focando no chão.

"Não." Se levantou e se aproximou do ômega, que recuou um pouco assustado e rosnou. "Não vou fazer nada com você, confie em mim." Suspirou e se sentou no colchão na frente do outro, que estava muito confuso. "O que houve?" Suspirou. "Por que sumiu?" Suspirou.

"Eu sumi?" Franziu o cenho confuso. "A gente nunca se conheceu." O lupus olhou para o lado, quando querendo ver aquela cor verde de seus olhos que o deixavam inocente.

"Você disse que íamos ser amigos, mas depois daquilo nunca mais foi pra escola e eu sempre fiquei sozinho." Suspirou e voltou a olhar o ômega. "Até hoje." Cruzou os braços.

Rafael o olhava de olhos arregalados e sem entender nada, como assim? Na escola? Colocou sua cabeça para funcionar e ficou pasmo.

"C– hum... Como... Eu..." Olhou para seu coloco relembrando quando seu tio apagou as luzes depois da aula... "Eu não... Nunca quis..." Olhou para a parede e sentiu seus olhos encherem. "Você nunca entenderia." Fechou seus olhos e as lágrimas escorreram.

Leonardo não queria ser intrometido, então apenas observou o ômega a sua frente começando a chorar em silêncio. Olhou a parede acinzentada apenas ouvindo uns soluços baixos.

Surgiu um nó na garganta de Rafa, não adiantava o quarto ele tentava se esforçar não saia uma palavrinha.

Ok, ele não conseguia parar de chorar.

"Que merda, odeio ficar assim." Disse com a voz quebrada e limpava mais seus olhos. O alfa o olhou de canto de olho. "Odeio. Tenho raiva." Rosnou mas isso só fez mais lágrimas descerem em suas bochechas.

Levou um susto quando sentiu um aperto forte em volta de si em um abraço, arregalou os olhos e sentindo seu coração palpitar. Empurrou o alfa com força e ficou apavorado.

"Não toca em mim!" Rosnou e recuou até um ponto do quarto, ficando com seus pêlos arrepiados. Leonardo franziu o cenho e se levantou vendo a situação do ômega, como ele estava trêmulo e assustado, chorando rios desesperado espremido no canto da sala. "P-Por favor." Se ajoelhou no chão e abraçou suas pernas. "Não apaga as luzes." Abaixou suas orelhas e desta vez chorou pra valer igual um bebezinho.

"Como..." Sussurrou. Ele simplesmente surtou com uma simples pergunta. "Eu não vou apagar as luzes, por quê faria isso?" Suspirou e coçou suas têmporas. "Para de chorar, pelo amor de Deus!" Seu instinto lupus estava começando a agir por ele.

"Eu-u não con-sigo." Limpou mais os olhos mas sentiu novamente um abraço bem forte. O alfa correu até ele e o abraçou com força e deixou sua cabeça no vão do pescoço sentindo o cheiro de morangos, mas Rafael apenas se desesperou e gritou, tentando empurrar o maior. "ME LARGA! SOCORRO!" Berrou e fazia de tudo para afastar o lupus mas não conseguia de jeito nenhum por ele ser mais forte e querendo ou não, via o rosto de seu tio é aquele sorriso morto.

"Cala a boca! Sossega!" Apenas permaneceu abraçado até o ômega se cansar e respirava rapidamente para recuperar o fôlego, mas aos poucos se acalmou até parar de se mover. Engoliu em seco. Leo sentiu as pequenas mãos circulando sua cintura e o abraçando forte, e o menor tinha parado de chorar ou fazer qualquer outro barulho, se afastou e viu o olhar cabisbaixo. "Está melhor?" Perguntou sincero. "Parou de surtar?" Suas perguntas não tinham intenção de assustar, causar outro surto ou algo parecido.

"Sim." Sua voz ficou baixinha. "Faz tempo que ninguém me abraça." Apertou suas mãos em punhos deixando os nódulos brancos.

"Hm..." O alfa desviou o olhar.  "Eu confesso que me assustou." Cruzou os braços e ergueu as sobrancelhas.

"Assustou com o quê?" Olhou nos olhos vermelhos.

"Seu surto." Rafa apenas concordou compreendendo.

"Desculpa."

"Não se desculpe, você tem seus motivos." Suspirou. "Mas eu preciso ir, me desculpe te deixar preso aqui, mas é necessário." Apontou para a porta, dando meia volta já saindo do quarto, o trancando.

Rafa apenas suspirou, limpou seus olhos úmidos e olhou para a bandeja. Sorriu. Beleza, Leonardo e ele de uma certa forma se conheciam, mas apenas o alfa lembrava disso, o ômega não fazia muita questão de lembrar de seu passado.

•∆•

Estava tudo preto, escuro, as luzes estavam apagadas...

Sentiu mãos passando na sua perna e subiam em seu corpo, parando na sua cintura, mas ele não conseguia se mover tentava gritar mas não conseguia.

"NÃO!" Acordou assustado e chorando olhando em volta, vendo que estava num quarto diferente e com as luzes acesas.

"Qu-e!" Guilherme acordou assustado e se levantou, ele estava dormindo num colchão ao lado de Rafa no chão. "O que foi?" Olhou assustado para o garotinho.

"E-Ele! Ele... Eu não." Foi calado por um abraço.

"Calma... Ele nunca mais vai te fazer mal." Fechou os olhos e abraçou mais forte.

Rafael não conseguiu segurar e acabou molhando todo o pijama do garotinho com o choro.

Depois daquilo, ele nunca conseguiu dormir em paz, todos os dias era como se ele voltasse a presenciar os momentos com seu tio em sonhos.

Ele sempre tinha que dormir de luzes acesas e alguém junto, porque sempre dizia que o tio ia voltar pra pegar ele de volta e quase sempre se escondia pela casa e isso rendia muitas horas de procura por parte de Gui que tentava convencê-lo que já tinha passado, mas na cabeça do ômega, ainda estava no fuso-horario do homem, que sempre apagava as luzes perto da hora de dormir.

•∆•

•Desculpe os erros•