Me Conte suas Dores

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Rafael não parava de tremer.

Estava encolhido sentado no sofá coberto até a cabeça com um cobertor grosso e pesado.

Seus olhos estavam mortos e úmidos, sem emoção alguma.

Leonardo vasculhava a cozinha a procura de açúcar mas quase quebrou o copo quando ficou com raiva por não ter achado. Achou o saquinho branco e sorriu de leve, aliviado, o pegando e enchendo um copo com água mineral colocando uma colher de açúcar, mexendo bem.

Caminhou lentamente para o ômega e se sentou a sua frente, lhe dando o copo, mas o ômega recusou.

"Você tem que beber para se acalmar." Disse e lhe deu novamente o copo, mas levou outra esquiva. "Vamos Rafael... É docinho..." Disse simples mas o menos arregalou seus olhos e se afastou dele o mais rápido que conseguia, e Leo franziu o cenho. "O que foi?"

"Você quer me dar doce?" Sussurrou e quase que Leo não ouviu.

"Eu quero te dar água com açúcar, e isso tem um gosto doce." Ofereceu novamente e o outro pareceu analizar, pegando o copo de sua mão, começando a beber pequenos goles.

Se passaram uns minutos e aos poucos o menos se acalmava sentindo um carinho em sua cabeça, ele não sabe de onde deu tanta intimidade para o lupus, mas ele precisava daquilo.

"Eu vou matar aquele merda." Sussurrou para si mesmo e rosnou, chamando a atenção do ômega.

"Por que você mataria ele?" Perguntou e virou um pouco sua cabeça para o lado.

"Porque..." Sentiu um bolo em sua garganta, ok, ele foi pego nessa. "Porque... Ninguém deveria dar as caras com esse monstro, fazer o que ele iria fazer com você é desumano." Respondeu e Rafa apenas concordou.

"Hm..." Encostou sua cabeça no sofá, ficando deitado enquanto o lupus estava ao seu lado. Por incrível que pareça, ele se sentia protegido perto que Leonardo, uma coisa que a última vez que sentiu estava com seus pais.

Inconscientemente se aproximou e apoiou sua cabeça na lateral do corpo alheio.

"Não tem noção do quão agradecido estou." Sussurrou e fechou seus olhos. "Obrigado." Leo não disse nada, apenas sentiu o cheiro de morangos bem pertinho...

Se passou uns segundo até tomar coragem e perguntar: "Como ele entrou aqui?" Recebeu um aceno negativo, compreendendo.

"E-Eu... Nem sei como ele sabia que eu morava aqui." Limpou suas lágrimas.

"Como assim? Você o conhecia?" Rafa olhou para o seu colo e novamente sentiu sua visão ficando embaçada. Concordou de leve. "Quem era ele?!"

"M-Meu... Meu... Tio." Se encolheu e Leo ficou em alerta.

"Seu tio tentou te estuprar!?" Sentiu sua respiração acelerar e Rafa não disse nada. "Eu vou matar aquele puto, como é o rosto dele?!" Se levantou só sofá rosnando mas o menor apenas ficou encolhido sem dizer nada, mas negou em seguida. "O quê? O que foi?" Perguntou já sentindo ser consumido pela raiva.

"Se você quisesse me salvar dele teria que ter vindo antes..." Sorriu e olhou para cima, deixando suas lágrimas escorrerem pelas bochechas. "Quando meus pais morreram ele me adotou." Sussurrou e Leo voltou a se sentar, olhando atentamente para ele. "Ele é pedofilo." Riu sem voz. "Ele me adotou quando eu tinha cinco anos." Limpou seus olhos e o lupus apertou tão forte seu punho que seus dedos estalaram. "Uma semana depois de eu ter ficado na casa dele, ele me abusou e me estuprou." Suspirou e desviou o olhar, sentindo vergonha. "Ele sempre me estuprava quando queria, e eu, com cinco anos, não podia fazer nada..." Se encolheu mais no sofá.

Lupus • ABO MpregOnde histórias criam vida. Descubra agora