Capitulo 33

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O dia mal amanheceu e ambas já estávamos apostas. Com um dia de trabalho à frente, eu precisei comunicar a Clark que chegaria com certo atraso, talvez de algumas horas, mas ela compreendeu — coisa que não faria em outros tempos.

A madruga decaiu rápido, pois não houve sono, a emoção estava aflorada até mesmo quando nos levantamos e eu senti que precisava. Que iria cuidar de Johanna Mitchel a partir de agora como se ela fosse uma frágil e delicada boneca de gelo. Mesmo que ela achasse isso chato e desnecessário. Uma mulher forte não precisava de outra, não?

Mas seriamos uma família a partir de então. Seriamos três a partir do momento em que descobrimos isso. Eu precisava agir como o homem da casa de alguma forma. Só que isso poderia ser apenas simbólico, ela sempre mandaria um pouco mais do que eu. Entretanto, ambas concordávamos que coisas precisavam ser explicadas antes.

Logo cedo, minhas energias estavam a mil. Eu me preparei em frente ao espelho, enquanto Johanna mantinha seus rituais matinais. Ela sempre acordava com mais disposição que eu, era normal que fosse direto para os seus banhos e demorasse dependendo do seu humor.

Hoje ela poderia estar radiante.

Eu ajusto minha calça até uma parte da cintura, só que o silencio serve para pensar e até mesmo fantasiar. Toco sobre meu ventre e suspiro, isso cria um pequeno volume por eu definitivamente estar engordando. Só que, o que desejo imaginar, é a sensação que Johanna sente. Ainda é muito cedo para sentir alterações no seu corpo, mas deve ser incrível sentir de alguma forma algo ganhando vida dentro do seu corpo. Fazendo parte do seu ser. Dividindo espaço com você.

Como eu deveria agir, meu deus? Vou ser mãe de um filho que eu mesma gerei. Como reagira a minha mãe? As pessoas que conheço? As pessoas que Johanna conhece?

Sei que depois daqui, o meu segredo não seria mais um segredo para ninguém que pertencesse ao nosso convívio. Não sinto temor. Não tenho medo do que vai vir daqui para frente.

Poucos minutos depois, Johanna desembarcou de seu quarto nua e molhada, secou-se com graça e parecia tão atraente aos meus olhos que a observavam de canto, tomando um chá quente. Ela traja uma camisa branca, saia média xadrez apertada e saltos. Depois disso, estávamos prontas. O dia frio me pedia para trajar calças e blusas quentes — coisa que ela, ao contrário de mim, não queria.

* * * * *

— Meu amor... o que vamos fazer?

Depois que o carro saiu da garagem, eu tomei uma caixinha de questionamentos sobre os braços e estava prestes a apresenta-los para Johanna.

— Relaxe, Cecilia, acredito que foi pega de surpresa com algo tão grandioso, certo?

— Por demais. Isso não estava sequer nos meus pensamentos. Tudo na minha vida se transformou numa caixinha de questionamentos a partir do instante em que olhei para aquela instrumento.

— Querida, veja, eu não temo mais nada. Muito pelo contrário, adoro ser surpreendida por acasos, é isso o que torna nossa vida mais divertida. Algo te preocupa?

— Um pouco. É que... não sei como agir. O que deveria te dizer. O que fazer a partir de agora que tudo mudou.

— Teremos 9 meses para preparar nossa vida futura, Cecilia. A única coisa que me importa agora é ter uma certeza maior do que aquele mero teste de farmácia.

— Acha que... ele pode falhar?

Droga, eu não queria ter que pensar nisso. Estou criando tantas expectativas em torno disso, imaginando tantas coisas, mesmo que não esteja, não consiga planejar nada. Mas agora quero acreditar que isso seja verdade! Que isso esteja mesmo acontecendo para mim... pelo menos uma vez na vida.

Meu Indomável Prazer (Livro 2) - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora